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Repórteres da Reuters "revelam a verdade", diz ex-professor a tribunal de Mianmar

6 ago 2018 - 12h09
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Um tribunal de Mianmar ouviu nesta segunda-feira testemunhas de defesa que atestaram a integridade de dois jornalistas da Reuters acusados de obter documentos secretos de Estado, e ouvirá os argumentos finais dentro de duas semanas, quando o julgamento considerado um teste para a liberdade de imprensa do país for retomado.

Jornalista da Reuters Wa Lone concede entrevista ao deixar tribunal de Yangon 06/08/2018 REUTERS/Ann Wang
Jornalista da Reuters Wa Lone concede entrevista ao deixar tribunal de Yangon 06/08/2018 REUTERS/Ann Wang
Foto: Reuters

Kyaw Soe Oo, de 28 anos, e Wa Lone, de 32 anos, podem receber uma pena máxima de 14 anos de prisão por supostamente violarem a Lei de Segredos Oficiais da era colonial de Mianmar. Os dois se declararam inocentes das acusações e disseram ao tribunal que foram "incriminados" por policiais que plantaram documentos.

Durante a sessão desta segunda-feira, seu ex-professor Ye Naing Moe, diretor da Escola de Jornalismo de Yangon, elogiou os dois repórteres, dizendo terem sido estudantes curiosos e excelentes que receberam diversos prêmios por reportagens dedicadas aos desfavorecidos e a temas sociais.

"Não vimos nenhuma reportagem escrita por eles que tenha violado a ética da mídia", disse ele, explicando que a instituição monitora o trabalho de seus ex-alunos.

"Acredito que Wa Lone e Kyaw Soe Oo desempenharam o papel mais importante dos jornalistas, que é revelar a verdade", disse Ye Naing Moe. "Encontrar defeitos e problemas e revelá-los de uma maneira positiva cria a chance de se consertar as coisas, e isso beneficia a sociedade e o país".

Uma segunda testemunha, Thant Zin Soe, trabalhou com Wa Lone em uma instituição de caridade que distribui ajuda humanitária a vítimas de desastres naturais, e o descreveu como sempre ético e "enojado pela corrupção".

Na época em que foram presos, em dezembro, os jornalistas investigavam os assassinatos de 10 homens e meninos muçulmanos rohingyas em um vilarejo de Rakhine, Estado do oeste de Mianmar.

Os assassinatos ocorreram durante uma operação repressiva do Exército que agências da Organização das Nações Unidas (ONU) disseram ter levado quase 700 mil pessoas a fugirem para Bangladesh.

O procurador Moe Thu Aung perguntou às testemunhas se teriam como conhecer as intenções dos réus enquanto estavam trabalhando e se acreditam que eles poderiam ter se comportado de maneira antiética. Ele não quis falar após os procedimentos.

O julgamento vem atraindo a atenção de todo o mundo e passou a ser visto como um teste da liberdade de imprensa e das reformas na democracia emergente de Mianmar, onde os militares ainda têm uma influência considerável.

O porta-voz do governo, Zaw Htay, disse à Reuters que as cortes do país são independentes e que o caso será conduzido de acordo com a lei. Ele ainda disse que "eles terão a proteção total de seus direitos como cidadãos".

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