Polícia sul-africana atira em mineiros em greve; há vários mortos
16 ago2012 - 12h56
(atualizado às 16h04)
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A polícia de choque da África do Sul abriu fogo contra mineiros grevistas armados com facões e paus na mina de platina da Lonmin em Marikana nesta quinta-feira, matando pelo menos uma dúzia de homens no episódio mais fatal de uma semana de violência sindical.
Policiais fortemente armados com o apoio de veículos blindados estavam montando barricadas de arame farpado quando foram flanqueados por alguns dos cerca de 3.000 mineiros concentrados em um afloramento rochoso perto da mina, a 100 quilômetros a noroeste de Joanesburgo.
A polícia abriu fogo com armas automáticas sobre um grupo de homens que surgiu detrás de um veículo. A saraivada de balas levantou nuvens de poeira, que depois revelaram pelo menos sete corpos estendidos no chão, mostraram imagens de televisão da Reuters.
Não ficou claro se a polícia tinha sido alvejada. O grupo parecia estar prestes a agir e com fuzis apontando para a frente imediatamente antes do incidente. Fotografias da Reuters mostraram lanças e porretes no chão perto dos corpos.
A agência sul-africana de notícias Sapa disse que um de seus repórteres tinha contado 18 corpos perto de um acampamento de invasores nas imediações da mina, a usina de platina da Lonmin, que foi forçada a fechar na terça-feira por causa da agitação sindical.
Não houve confirmação do número de mortes.
Os preços mundiais da platina saltaram mais de 2 por cento para o maior nível em seis dias à medida que a extensão da violência ficou mais evidente no país, que detém 80 por cento das reservas conhecidas.
Líderes da Associação dos Sindicatos de Mineiros e da Construção (AMCU), que estava representando a maioria dos grevistas, acusaram a polícia de um massacre.
"DIA D"
Antes do início da operação de centenas de policiais, autoridades disseram que vários dias de negociações com líderes sindicais haviam fracassado, não deixando nenhuma opção além de dispersar os operadores de perfuração em greve à força.
"Hoje é, infelizmente, o dia D", disse o porta-voz da polícia Dennis Adriao.
Antes desta quinta-feira, dez pessoas, incluindo dois policiais, morreram em quase uma semana de combates entre facções rivais de trabalhadores na mina.
A agitação obrigou a Lonmin a parar a produção em todas as suas operações sul-africanas, que representam 12 por cento da produção de platina global.
A Lonmin disse que tinha perdido o equivalente a 15.000 onças de platina com a interrupção de seis dias, e provavelmente não cumpriria a sua meta de produção para o ano inteiro, de 750.000 onças.
A polícia sul-africana abriu fogo nesta quinta-feira contra milhares de mineiros grevistas em Marikana, na periferia de Pretória. Os disparos mataram vários trabalhadores, que estariam armados com facões e lanças. Foi a ação mais letal em uma semana de greve marcada por episódios de violência
Foto: AP
Policiais cercam corpos após os confrontons no entorno da mina Lonmin Platinum
Foto: AP
A polícia ainda não confirmou as mortes no confronto com os operários grevistas
Foto: AP
Um repórter da agência sul-africana Sapa contou 18 mortos em Marikana
Foto: AFP
Policial se protege de nuvem de gás lacrimogêneo: momento crítico de uma semana de tensão na mina sul-africana
Foto: AP
Milhares de mineiros participam da greve, que viveu nesta terça seu pior episódio
Foto: AFP
Não se sabe se os mineiros abriram fogo contra os policiais
Foto: AFP
Policial observa corpos atirados no chão após os confrontos
Foto: AFP
Grevista dança antes dos confrontos, observado por milhares de companheiros
Foto: AFP
Mobilizados há cerca de uma semana, os mineiros pedem a triplicação do salários
Foto: AFP
Não se sabe o que fez com que os policiais disparassem contra os mineiros, aparentemente desprovidos de armas de fogo
Foto: AFP
Foto mostra corpos estirados no chão. Uma fonte policial citada pela Al Jazeera descreveu a situação como "estável, mas tensa"
Foto: AP
Foto: Terra
Peritos voltaram ao local do massacre nesta sexta-feira. A polícia confirmou a morte de 34 mineiros
Foto: AP
Mulher se emociona durante a manifestação desta sexta-feira
Foto: AP
Mulher segura cartaz condenando a polícia pelo derramamento de sangue
Foto: AP
Mães e mulheres dos 34 mineiros mortos participaram do protesto
Foto: AP
Mulheres carregam cartazes contra a polícia e cantam canções de protesto em manifestação para condenar a matança em Rustenburg. A polícia sul-africana afirmou nesta sexta-feira que agiu em legítima defesa ao abrir fogo contra uma manifestação de mineiros. As autoridades alegaram que eles estavam fortemente armados. Trinta e quatro mortes foram confirmadas
Foto: Reuters
Foto: Terra
Mfaneleko Hlungulwana mostra seus ferimentos enquanto relata o massacre ocorrido na última quinta-feira
Foto: AFP
O mineiro Patrick Mpiko também está entre os feridos internados no hospital Andrew Saffy
Foto: AFP
O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, visitou neste sábado os feridos no massacre ocorrido em uma mina na localidade de Marikana, a cerca de 100 km de Johanesburgo. O episódio aconteceu na última quinta-feira, quando a polícia abriu fogo contra mineiros que reivindicavam melhores salários e condições de trabalho. Na foto, o mineiro Mohlalefi Monamolela conversa com o líder sul-africano
Foto: AFP
Mineiros ouvem líder do Congresso Nacional Africano (CNA), Julius Malena, em uma mina perto de Rustenburg, na África do Sul
Foto: AP
Mineiros ouvem líder do Congresso Nacional Africano (CNA), Julius Malena, em uma mina perto de Rustenburg, na África do Sul
Foto: AP
Mineiros ouvem líder do Congresso Nacional Africano (CNA), Julius Malena, em uma mina perto de Rustenburg, na África do Sul
Foto: AP
Armados com pedaços de madeira, mineiros em greve cantam canções de protestam em frente á mina Lonmin, na localidade de Rustenburg, onde 34 mineiros foram mortos pela polícia no dia 16 de agosto. Dez pessoas morreram durante confrontos uma semana antes. O incidente traumatizou a nação e fez emergir ranços remanescentes do período da segregação racial, o apartheid
Foto: AP
Os mineiros se reuniram no local para protestar contra o massacre e exigir melhores salários. A matança ocorreu quando os trabalhadores já estavam em greve. Apesar de um contingente ter retornado ao trabalho, a paralização ainda persiste
Foto: AP
Mineiros dançam durante o protesto desta segunda-feira
Foto: AP
Mineiros estão em greve desde meados de agosto
Foto: AP
Foto: Terra
Foto: Terra
Mineiros em greve carregam paus e protestam contra a morte de 34 colegas por policiais
Foto: AFP
Mineiro mostra um cartaz enquanto outros grevistas preparam o protesto, em Marikana
Foto: AFP
Polícia guarda a entrada da sede da empresa Lonmin, em Karee, para onde os mineiros marcharam
Foto: AP
A nova manifestação dos mineiros de Marikana ocorreu depois da direção da companhia denunciar ontem vários de seus trabalhadores por intimidação
Foto: AP
Veículo da polícia tenta impedir o avanço de mineiros em greve durante um protesto, perto de Rustenburg
Foto: AP
Mineiros em greve demonstram fúria em marcha de protesto em Marikana, na África do Sul, local onde ocorreu o massacre de 16 de agosto. Cerca de dois mil homens armados com paus e lanças foram até a sede da empresa britânica Lonmin, em Karee, para tentar interromper suas operações. Há três semanas, 34 mineiros foram mortos pela polícia, que abriu fogo durante uma manifestação
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