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Oriente Médio

Vizinhos da Síria oferecem manter fronteiras abertas para refugiados

Dois milhões de sírios já fugiram para Jordânia, Iraque, Turquia e Líbano

4 set 2013 - 15h04
(atualizado às 15h22)
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Mohammed Abdullah entra em sua tenda, que divide com sua família, em campo de refugiados na Jordânia
Mohammed Abdullah entra em sua tenda, que divide com sua família, em campo de refugiados na Jordânia
Foto: AP

Jordânia, Iraque, Turquia e o Líbano, países que em conjunto já receberam dois milhões de refugiados sírios, expressaram nesta quarta-feira sua vontade de manter suas fronteiras abertas mas disseram que não têm mais infraestrutura para receber a população em fuga.

Os ministros das Relações Exteriores da Jordânia, Iraque e Turquia e o ministro de Assuntos Sociais do Líbano se reuniram hoje com o alto comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, para tentar estabelecer uma política comum em relação ao conflito sírio.

Os quatro países, no entanto, alertaram que sua capacidade para receber refugiados já se esgotou e não sabem até quando poderão suportar.

Apesar da fuga da população síria ter começado em 2011, quando começou o conflito armado neste país, e ter continuado em 2012, o aumento do fenômeno foi enorme nos últimos seis meses, quando um milhão de sírios abandonaram seu país, a mesma quantidade registrada nos dois anos anteriores.

Em entrevista coletiva, o ministro jordaniano de Relações Exteriores, Nasser Judeh, disse que seu país, que abriga 620.000 refugiados, há muito tempo superou o teto do que seria suportável.

"Se alguém me pergunta qual é o limite que podemos suportar, eu diria que estamos muito acima dele. É uma questão de alojamento e infraestrutura, e nós fomos além de nossa capacidade", assegurou. Os refugiados sírios já representam 11% da população jordaniana, com 140 mil alojados em acampamentos e 480 mil em povoados e cidades.

Judeh confessou que, apesar das dificuldades atuais, há um cenário ainda pior, classificado por ele como "pesadelo", que ocorreria com um maior êxodo de sírios devido a um agravamento do conflito.

"Por exemplo, se em um dia cruzam 50 mil pessoas, seria questão de onde alojá-los, e por isso é importante que se encontre uma solução política" à guerra civil síria, argumentou.

Uma linha similar de pensamento foi expressada pelo ministro libanês de Assuntos Sociais, Wael Abu Faur, para quem a política de portas abertas para o povo sírio "não é questão de vontade, mas de capacidade".

"Nossa posição é que não fecharemos as fronteiras, mas o que está se passando não só é muito alarmante e está sendo insuportável em termos de hospitais e escolas, mas também para as comunidades, porque em algumas delas há mais sírios que libaneses", acrescentou.

O ministro afirmou que "as coisas no Líbano sempre têm a ver com a demografia, e este tema preocupa a todos". Neste país, vivem um milhão de sírios, dos quais 720 mil são refugiados registrados, o que representa 18% da população nacional.

Para a Turquia, com 464 mil refugiados, uma das maiores preocupações é que, com sua política de portas abertas, "estamos ajudando a uma limpeza étnica", já que agora há mais habitantes de certas zonas da Síria vivendo em acampamentos turcos ou jordanianos que em suas áreas de origem, explicou o ministro das Relações Exteriores do país, Ahmet Davutoglu.

O chanceler afirmou que para seu país o "pior cenário" seria um no qual nos próximos dois ou três meses, como consequência de ataques químicos ou pelo temor deles, houvesse meio milhão de refugiados a mais. "Qual seria nossa capacidade então?", perguntou.

Por sua parte, o Iraque acolhe 160 mil refugiados, após um repentino aumento da chegada de sírios nas últimas duas semanas, durante as quais entraram na região autônoma de Curdistão mais de 40 mil pessoas.

Como forma de minimizar o problema, o ministro das Relações Exteriores iraquiano, Hoshyar Zebari, pediu que os países doadores forneçam mais ajuda aos países que estão recebendo refugiados e aos organismos humanitários da ONU que trabalham com este tema.

EFE   
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