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Oceania

Austrália ordena investigação abrangente após mortes em café de Sydney

17 dez 2014 - 15h50
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O primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, ordenou nesta quarta-feira uma investigação abrangente a respeito das mortes em um café de Sydney, já que nem as novas e rígidas leis de segurança nem os tribunais conseguiram impedir um criminoso condenado de entrar no local com uma espingarda escondida.

Café em Sydney (Austrália), onde clientes foram feitos reféns. 17/12/2014
Café em Sydney (Austrália), onde clientes foram feitos reféns. 17/12/2014
Foto: Jason Reed / Reuters

Três pessoas foram mortas, incluindo o sequestrador, Man Haron Monis, quando a polícia invadiu o café no início da terça-feira para libertar os reféns aterrorizados e mantidos sob a mira de uma arma durante 16 horas. A polícia investiga se os dois reféns mortos foram vitimados por Monis ou se pereceram no fogo cruzado.

Monis, um xeique autodenominado que recebeu asilo político do Irã em 2001, era conhecido das autoridades australianas, tendo sido acusado de cumplicidade em um assassinato e de dezenas de agressões sexuais e atentados ao pudor. Ele estava solto sob fiança.

A Austrália aprovou amplas leis de segurança em outubro com o objetivo de impedir que indivíduos se radicalizassem e fossem lutar em conflitos como os do Iraque e da Síria, onde dezenas de australianos se uniram a grupos militantes, assim como evitar ataques em seu território.

Apesar dos novos poderes, Abbott disse que Monis não estava sendo monitorado por nenhuma autoridade de segurança e que conseguiu chegar sem ser percebido ao Lindt Chocolate Café com uma espingarda obtida legalmente na manhã de um dia de semana movimentado. Mais tarde a polícia estadual de Nova Gales do Sul contradisse a colocação de Abbott, afirmando à Reuters em um comunicado que não há registro de que Monis tivesse um porte de armas.

Em 2012 Moni foi considerado culpado de enviar cartas ofensivas e ameaçadoras a famílias de soldados australianos mortos no Afeganistão.

Abbott disse que os governos nacional e estadual irão conduzir uma análise urgente para identificar onde o sistema falhou de forma a entender como evitar atentados no futuro.

“Precisamos realmente saber como o perpetrador deste ultraje horrível obteve a residência permanente. Precisamos realmente saber como ele conseguiu usufruir do bem-estar social durante tantos anos. Precisamos realmente saber o que este indivíduo estava fazendo com um porte de armas”, declarou o premiê aos repórteres na capital Camberra.

FIANÇA QUESTIONADA

O sistema judiciário de Nova Gales do Sul, o Estado mais populoso do país, também está sob fogo cerrado.

“Estávamos preocupados com o fato de este homem ter saído sob fiança desde o começo”, disse o comissário da polícia estadual, Andrew Scipione.

A polícia havia pedido aos tribunais que recusassem a fiança a Monis, mas não estava prestando atenção a ele em especial por suas condenações não estarem ligadas à violência política e por ele não estar em nenhuma lista de vigilância, declarou ele.

Nesta quarta-feira a polícia disse que um homem foi acusado de fazer telefonemas ameaçadores a uma mesquita no oeste de Sydney, um dos poucos relatos confirmados do que se teme ser uma onda de sentimento antimuçulmano na esteira do cerco mortal de segunda-feira ao café.

O Ministério das Relações Exteriores iraniano afirmou ter alertado a Austrália repetidamente sobre Monis, que fugiu do Irã alegando perseguição.

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