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Morte de holandesa abusada reacende debate sobre eutanásia

Noa Pothoven desistiu de viver e faleceu em sua casa no domingo

5 jun 2019 - 12h55
(atualizado às 13h55)
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Uma jovem holandesa, de 17 anos, afligida por depressão, anorexia e transtorno do estresse pós-traumático após ser vítima de abusos sexuais, morreu no último domingo (2), em Arnhem, leste da Holanda.

Morte de holandesa abusada reacende debate sobre eutanásia
Morte de holandesa abusada reacende debate sobre eutanásia
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

    A morte de Noa Pothoven foi confirmada por sua irmã à publicação holandesa AD. Embora alguns veículos tenham confirmado que ela faleceu por meio de eutanásia, as circunstâncias da morte ainda não estão claras. Vítima de abusos sexuais aos 11 e aos 12 anos de idade, e de estupro aos 14 anos, a menina havia solicitado a eutanásia porque não aguentava mais viver com este sofrimento. No entanto, de acordo com o site Dutch News, um parlamentar holandês afirmou que "ela morreu porque não comia mais". Em sua última publicação no Instagram, Pothoven chegou a pedir aos seus seguidores para não tentarem fazer ela mudar de ideia sobre tirar sua vida e afirmou que, neste caso, "o amor é deixar ir embora".

    "Não vou fazer rodeios: vou star morta no máximo em 10 dias.

    Após anos de batalha, minha luta acabou. Finalmente vou me libertar do meu sofrimento, que é insuportável. Não tentem me convencer de que isso não é bom. É uma decisão bem ponderada e definitiva", escreveu ela em sua conta na rede social, que já não está mais disponível.

    Segundo a imprensa local, a sua decisão de tirar a própria vida se tornou realidade depois de uma longa batalha legal na justiça holandesa. No país, a eutanásia pode ser concedida a partir dos 12 anos de idade, mas somente após um médico certificar que o sofrimento do paciente é insuportável e sem expectativa de melhora. Em 2017, cerca de 6.585 pessoas solicitaram e obtiveram o direito a eutanásia na Holanda, o equivalente a cerca de 4,4% do total de mortes no país, segundo um comitê responsável por monitorar o fenômeno. Noa já havia expressado seu desconforto em várias ocasiões, inclusive ficou conhecida após escrever um livro autobiográfico, em que relata os casos de abusos e agressões sexuais, além da sua constante luta para superar o trauma. A primeira agressão sexual contra a menina aconteceu aos 11 anos, durante uma festa escolar. Já o caso de estupro ocorreu aos 14. Na ocasião, ela foi estuprada por dois homens em um beco da sua cidade. "A história da jovem Noa é uma grande derrota de toda a sociedade, particularmente da sociedade europeia", ressaltou o monsenhor Vincenzo Paglia, presidente da Academia Pontifícia para a Vida.

    O caso ganhou repercussão no mundo inteiro e reacendeu o debate sobre a prática da eutanásia. Nesta quarta-feira (5), o papa Francisco afirmou, em uma mensagem no Twitter, que usar esse tipo de procedimento para tirar a vida é uma "derrota".

    "A eutanásia e o suicídio assistido são uma derrota para todos.

    A resposta a que somos chamado é nunca abandonar aqueles que sofrem, não desistir, mas cuidar e amar para restaurar a esperança", escreveu o Pontífice. O Ministério da Saúde da Holanda iniciou uma "inspeção de saúde" para analisar se existe a necessidade de abrir uma investigação sobre o caso. Um porta-voz do departamento disse à ANSA que este procedimento não é sobre a eutanásia, mas a pretensão é verificar o tipo de atendimento recebido por Noa e se houve algum erro "nos tratamentos administrativos". Somente depois desta primeira verificação, o ministério decidirá se um inquérito oficial será aberto.

Ansa - Brasil   
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