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Mundo

Ministros do G20 pedem à Rússia fim da guerra na Ucrânia

Lavrov deixou encontro em Bali de forma antecipada após pressão

8 jul 2022 - 09h34
(atualizado às 09h37)
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O segundo dia de reuniões dos ministros das Relações Exteriores do G20 nesta sexta-feira (8) foi marcado por uma série de apelos internacionais para que a Rússia ponha fim à guerra na Ucrânia.

Lavrov deixou reuniões do G20 antes do previsto após pressão internacional
Lavrov deixou reuniões do G20 antes do previsto após pressão internacional
Foto: EPA / Ansa - Brasil

Os representantes, que estão reunidos em Bali, na Indonésia, também tiveram um intenso debate sobre a crise alimentar, especialmente, no que tange a exportação dos grãos produzidos em território ucraniano.

A anfitriã do evento, Retno Marsudi, deu o tom do que seriam as discussões do dia. "É nossa responsabilidade colocar fim à guerra mais cedo ou mais tarde e resolver nossas divergências nas mesas de negociações, não no campo de batalha", disse Marsudi aos presentes.

Por sua vez, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, afirmou que as reuniões dessa sexta "fizeram sentir um forte coro de todo o mundo, não só dos Estados Unidos, mas de todo o mundo sobre a necessidade de por fim à agressão na Ucrânia".

Durante a reunião a portas fechadas sobre a crise alimentar, Blinken ainda teria se dirigido diretamente ao seu homólogo russo, Sergei Lavrov, e questionado sobre o bloqueio nos portos dos grãos ucranianos.

"Aos nossos colegas russos: a Ucrânia não está no país de vocês, os grãos deles não são de vocês. Então, por que vocês estão bloqueando isso nos portos? Vocês têm que deixar os grãos saírem", disse a Lavrov segundo um funcionário do governo dos EUA. Não houve resposta do russo.

Ainda conforme fontes diplomáticas, durante essa reunião, o representante do Kremlin se ausentou em falas de dois países: de Annalena Baerbock, ministra da Alemanha, e de Dmytro Kuleba, chanceler ucraniano convidado ao evento.

O enviado de Kiev acusou Moscou de estar fazendo os "jogos da fome" com todos os países. "A Rússia está essencialmente jogando os 'jogos da fome' com o mundo ao bloquear os portos ucranianos com uma mão e culpar a Ucrânia pela crise com a outra. A Rússia vê a dependência de outros países em qualquer tipo de recurso como fraqueza e um convite para usar essa dependência como uma arma para ganhar", pontuou.

Baerbock seguiu o mesmo discurso dos aliados ocidentais e culpou a Rússia pela crise global de alimentos. No entanto, Lavrov não ouviu as acusações por ter se retirado da sala.

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, adotou a mesma linha e disse que a invasão russa na Ucrânia "destruiu a nossa confiança" em Moscou em um momento que o mundo precisa enfrentar diversas crises, como a alimentar e das mudanças climáticas.

"Diferentemente de outras organizações dedicadas a um único tema, o G20 cobre todas as principais questões do nosso tempo e é ainda mais precioso porque se tornou uma câmara do multilateralismo. Esse é o único modo da comunidade internacional enfrentar de maneira eficiente uma vasta gama de desafios. E é por isso que não podemos ignorar a invasão russa", pontuou ainda.

"O preço dos alimentos, combustíveis e muitos outros bens está subindo em uma velocidade assustadora. Milhões de pessoas estão enfrentando a fome porque a Rússia não permite que os grãos ucranianos saiam de sua costa. A mediação da ONU para liberar os grãos está dando alguma esperança e agradecemos a Turquia por sua ajuda. Pedimos ainda à Rússia para não obstaculizar um possível acordo", acrescentou Di Maio.

Pouco depois da série de reuniões, Lavrov anunciou que estava indo embora de Bali porque afirmou que a Rússia não é responsável pela crise de alimentos que atinge o mundo.

"Se o Ocidente não quer que haja diálogo aqui, mas quer que a Ucrânia derrote a Rússia no campo de batalha, porque essas foram as opiniões emitidas, então talvez não haja nada sobre o que falar com o Ocidente", disse aos jornalistas.

Questionada por jornalistas, Baerbock, por sua vez, respondeu exatamente o oposto sobre a saída antecipada do chanceler russo.

"A saída mostra ainda mais claramente que [a Rússia] não está interessada na cooperação internacional e ao debate com outros parceiros. Essa não é a nossa guerra, uma guerra desejada por nós", acrescentou. .

Ansa - Brasil   
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