Mãe brasileira e filho aguardam decisão sobre deportação em aeroporto de Portugal
Mãe afirmou que pretendia morar com o marido português, mas foi barrada por falta de autorização de residência
A brasileira Yarissa Pacheco e seu filho de quatro anos foram detidos ao desembarcar no aeroporto de Lisboa e aguardam uma decisão sobre possível deportação para o Brasil. Mãe e filho estão retidos desde quinta-feira, 31, e, segundo Yarissa, receberam a informação de que poderiam ser enviados de volta no próximo voo.
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Ela desembarcou em Portugal sem visto, apresentando apenas uma manifestação de interesse para regularização, segundo relatou ao Portugal Giro. O mecanismo, que foi suspenso em junho de 2024, permitia que estrangeiros já residentes no país pudessem se legalizar. Sem autorização de residência, Yarissa afirma que precisaria ter pago um Documento Único de Cobrança (DUC) para dar seguimento ao processo, mas não conseguiu por meio virtual.
"Foi quando apareceu que tinha que estar em Portugal, na loja AIMA, para fazer o pagamento. Tinha passagem comprada e não tinha como voltar atrás", disse
Yarissa recebeu apoio da Associação de Apoio e Integração de Estrangeiros e Familiares (AAEIF). Ao Terra, a diretora da AAEIF, Sônia Gomes, afirmou que a mãe teve seu celular confiscado pela polícia, dificultando o contato.
"E ainda com uma criança pequena. Tudo por causa de uma falta de pagamento de um documento", criticou Gomes.
Yarissa afirmou às autoridades que pretende viver em Portugal com o marido, pai da criança, que é português. "Fizeram perguntas, o que vinha fazer aqui. Disse que vim para viver, porque já vivi e tinha entrevista na AIMA. Quero construir minha vida aqui, trabalhar e contribuir", relatou.
Apesar disso, ela diz que um policial barrou sua entrada e exigiu que fosse comprada uma passagem de volta ao Brasil.
"Não tenho nada ilícito, mas a minha manifestação aparece como arquivada. Ele pediu que comprasse passagem de volta para 4 de setembro", disse Yarissa. A reportagem buscou a representação jurídica da brasileira para atualizações sobre o caso, mas não obteve retorno.
A situação ocorre em meio ao endurecimento das regras de imigração em Portugal. Em 16 de julho, o Parlamento de Portugal aprovou um pacote anti-migração que impõe restrições a quem busca morar no país e também para quem já está no território.
As mudanças principais na legislação portuguesa incluem a criação de um visto específico para a procura de trabalho qualificado - excluindo os processos de manifestação de interesse, limitação do direito de reagrupamento familiar e a criação de uma "Polícia de Estrangeiros".