Nesta terça-feira, 12 de março de 2013, tem início no Vaticano o segundo conclave do terceiro milênio da Era Cristã, durante o qual 115 cardeais representantes da Igreja Católica dos cinco continentes se isolarão na Capela Sistina pelo tempo que for necessário para eleger o 266º Sumo Pontífice e sucessor do Papa Bento XVI no Ministério de São Pedro.
No início da manhã, por volta das 7h (3h de Brasília) os cardeais se transferem à residência de Santa Marta, onde se alojarão durante o Conclave. Em seguida, eles assistem, às 10h (6h), à missa Pro eligendo pontifice na Basílica de São Pedro. Esta missa, celebrada pelo cardeal decano, Angelo Sodano, é aberta ao público e tem duração aproximada de 90 minutos. Depois da missa, os cardeais almoçam e têm um breve período de repouso.
Às 15h45 locais (11h45 de Brasília) eles iniciam uma procissão na Capela Paulina sob o canto de Veni creator spiritus. Também haverá um momento de meditação guiado pelo cardeal maltês Prosper Grech. Não há uma duração exata para esta meditação; no Conclave de 2005, ela durou 57 minutos.
É depois deste momento de meditação que os cardeais adentram a Capela Sistina. Espera-se que isso ocorra por volta das 16h30. A partir deste momento, os cardeais ficam isolados do mundo exterior para começar a escolher o futuro papa sob as pinturas de Michelangelo retratando os capítulos-chave da mitologia cristã.
Espera-se que ainda amanhã seja realizada uma votação. A fumaça indicando o resultado (preta no caso de ausência de consenso, branca casa já se tenha um eleito) deverá ser emitida até as 19h (15h). Depois disso, às 19h15 (15h15), os cardeais realizam a oração de fim de dia (conhecida como Oração das Vésperas) e jantam às 20h (16h).
Rotina a partir de quarta-feira
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse haver a esperança de um Conclave rápido, mas é improvável que já no primeiro dia se tenha um eleito. Assim, a partir de quarta-feira feira devem começar as jornadas normais de votação, nas quais ocorrem duas votações pela manhã e duas pela tarde.
Sessão matutina
Sessão vespertina
Início
9h30
16h50
1a votação
10h30-11h
17h30-18h
2a votação
12h
19h
Término
12h30
19h30
A cada dia, os cardeais desjejuam entre 6h30 e 7h30 (2h30 e 3h30). Às 7h45 (3h45) eles transferem-se à Capela Paulina, onde celebram uma missa entre 8h15 e 9h15 (4h15 e 5h15). Às 9h30 começam as deliberações sobre a escolha do novo papa. A partir daí até o final da sessão matinal, sempre por volta do meio-dia (8h), ocorrem duas votações. As fumaças indicando seus resultados devem ser vistas entre 10h30 e 11h (6h30 e 7h), no caso da primeira votação, e perto das 12h (8h), no caso da segunda. Às 12h30, eles transferem-se ao Domus Santa Marthae.
Ao almoço marcado para as 13h (9h) segue-se um período de descanso. Os cardeais retornam ao Palácio Apostólico às 16h (12h) e retomam os debates na Capela Sistina às 16h50 (12h50). Durante a tarde ocorrem novamente duas votações, e seus resultados devem ser vistos entre 17h30 e 18h (11h30 e 12h) e por volta das 19h (15h). Às 19h15 (15h15), ainda na Capela, eles oram as Vésperas e, às 19h30 (15h30), transferem-se ao Domus Santa Marthae. Às 20h (16h), o dia se encerra com uma janta.
Esta rotina segue diariamente, mas foi determinado que os cardeais tirem um recesso de 24h no sábado, quinto dia de Conclave, caso não se tenha obtido um consenso até lá.
No conclave que elegeu Joseph Ratzinger, o consenso foi obtido na primeira votação da tarde. A fumaça branca indicando sua escolha apareceu pouco depois das 17h do dia 19 de abril de 2005.
Entre os papáveis europeus, o cardeal italiano Angelo Scola, 71 anos, é visto como o preferido do papa Bento XVI. O sinal teria sido dado em 2011, quando Joseph Ratzinger promoveu Scola para o comando da diocese de Milão, uma das mais influentes da igreja católica o cargo já alçou a papa dois arcebispos no século XX, Paulo VI e Pio XI.
Foto: Reuters
Odilo Pedro Scherer, 63 anos, indicou que, para a imprensa estrangeira, ele está entre os mais cotados para suceder o papa Bento XVI. Dom Odilo nasceu em uma família de 13 filhos, de pais descendentes de alemães radicados no interior do Rio Grande do Sul.
Foto: AFP
O cardeal nigeriano Francis Arinze, 80 anos, é prefeito regional emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Também visto como um conservador em assuntos como a homossexualidade, Arinze já entrou nas apostas dos "papáveis" no Conclave de 2005, quando Bento XVI foi escolhido como papa. O clérigo nigeriano, que se converteu ao catolicismo aos nove anos, se formou doutor em Teologia em Roma, foi ordenado sacerdote em 1958 e bispo em 1965, sendo que, em 1985, João Paulo II lhe designou como cardeal.
Foto: AFP
Jorge Bergoglio, cardeal da Argentina, tem 77 anos. Sua idade, um pouco mais velho que seus adversários, pesa contra no momento em que a Igreja busca por um papa mais jovem. Bergoglio tem origem jesuíta e ficou conhecido por haver sido responsável na América Latina pela redação do documento sobre o segredo de Aparecida.
Foto: AFP
O cardeal Tarcisio Pietro Bertone, secretário de Estado do Vaticano, é o atual camerlengo, como se denomina o administrador de bens e direitos temporários da Santa Sé até a escolha do sucessor de Bento XVI. Bertone nasceu na cidade turinesa de Romano Canavese, em 2 de dezembro de 1934. Membro da Sociedade de São Francisco de Sales São João Bosco (salesianos), estudou no Oratório di Valdocco e no noviciado salesiano de Monte Oliveto, em Pinerolo (Itália).
Foto: AFP
João Braz de Aviz, atual prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, mora em Roma, e será um dos cinco cardeais brasileiros que vão participar do Conclave que elegerá o sucessor do papa Bento XVI.
Foto: AFP
O cardeal Timothy Dolan, 63 anos, arcebispo de Nova York, está na lista dos mais cotados. Entre os 117 cardeais que votam no Conclave, Dolan se destaca pelo bom humor: está sempre sorrindo e não perde a oportunidade de fazer piadas. Caso seja eleito, sua personalidade pode ajudar a Igreja Católica a reconstruir uma imagem danificada por escândalos sexuais e divisões internas.
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Aos 61 anos, o arcebispo de Budapeste, Peter Ergö, 60 anos, é um dos mais jovens cardeais do Vaticano, mas isso não o impede de defender um catolicismo mais conservador. Como presidente da Conferência Episcopal da Europa, Erdö prega que, apesar das pressões, a Igreja revitalize e dissemine os seus dogmas tradicionais.
Foto: AFP
O cardeal dom Cláudio Hummes, de 78 anos, é um dos brasileiros com maior trânsito na burocracia vaticana. Ex-arcebispo de São Paulo, foi prefeito para a Congregação para o Clero (espécie de ministro papal) até 2011. Desde então, é membro da Pontifícia Comissão para a América Latina.
Foto: AFP
John Onaiyekan, cardeal da Nigéria, foi ordenado em 3 de agosto de 1969. Professor de Sagrada Escritura e francês no Colégio São Kizito, Isanlu em 1969, reitor do Seminário Menor São Clemente de Lokoja, em 1971, e estudou em Roma a partir desse ano.
Foto: AFP
O cardeal canadense Marc Ouellet já chegou a afirmar que virar Papa "seria um pesadelo", mas este defensor ferrenho da ortodoxia, que viveu muitos anos na Colômbia e comanda a Pontifícia Comissão para a América Latina, é considerado um dos favoritos para suceder Bento XVI. Ouellet, um teólogo de prestígio, de 68 anos, provocou fortes polêmicas em Quebec, a província francófona do Canadá, ao defender nos anos 2000 as posições do Vaticano contra o casamento gay e contra o aborto, inclusive nos casos de estupro, e criticar a "decadência" de uma sociedade na qual duas em cada três crianças nascem fora do matrimônio.
Foto: AFP
Oscar Andres Rodriguez, cardeal-arcebispo de Tegucigalpa desde 8 de janeiro de 1993, recebeu a ordenação presbiteral no dia 28 de junho de 1970, pelas mãos de Dom Girolamo Prigione. Foi ordenado bispo no dia 8 de dezembro de 1978 e se tornou cardeal no consistório de 21 de fevereiro de 2001, presidido por João Paulo II, recebendo o título de Cardeal-presbítero de Santa Maria da Esperança. Apoiou o Golpe de Estado em Honduras em 28 de junho de 2009. Desde 2007 é Presidente da Cáritas Internacional, sendo reeleito em maio de 2011 para o período que se concluirá em 2015.
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O cardeal-arcebispo austríaco Christoph Schönborn, ao contrário, tem uma idade considerada ideal: 67 anos, que lhe conferem ao mesmo tempo experiência e longos anos de pontificado pela frente. A dedicação profunda aos estudos também o aproxima do atual papa, chamado de "pai intelectual" do austríaco.
Foto: AFP
O cardeal filipino Luis Antonio Tagle, de 55 anos, o mais jovem dos cardeais cotados para suceder Bento XVI, é considerado um progressista por sua pregação por uma Igreja humilde, em um país de grande fervor religioso e de muita pobreza. Especialista do Concílio Vaticano II e teólogo brilhante formado nas Filipinas e nos Estados Unidos, Luis Antonio "Chito" Tagle tem trinta anos a menos que Bento XVI, o Papa que renunciou aos 85 anos por falta de forças.
Foto: AFP
Peter Kodwao Appiah Turkson, cardeal de Gana, talvez o mais preparado dos papáveis africanos, foi designado arcebispo de Cape Coast em 1992 pelo papa João Paulo II, quem lhe ordenou cardeal em 2003. Turkson é um especialista na Bíblia, já que estudou as Sagradas Escrituras no Instituto Pontifício Bíblico de Roma, onde se formou em 1980 e se tornou doutor nessa mesma matéria em 1992.
Foto: AFP
O cardeal americano Sean O'Malley, com muita fama na internet, cumpriu uma importante tarefa há dez anos ao limpar a diocese de Boston, atingida por um escândalo de padres pedófilos. Conhecido por sua simplicidade, de acordo com a pregada por sua ordem - do padre Pierre da França -, este erudito de 68 anos e língua hispânica, de óculos e barba branca, retomou em 2003 a diocese onde eclodiu o primeiro escândalo com impacto internacional sobre abusos sexuais na Igreja Católica.
Foto: AFP
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Com informações das agências internacionais e do Vaticano.