Protesto contra concerto de orquestra israelense em Paris termina em tumulto; 4 pessoas são detidas
Os incidentes na noite de quinta-feira (6) causaram a interrupção, por três vezes, do concerto da Orquestra Filarmônica de Israel, cuja presença na França gerava polêmica. O governo francês e a Filarmônica de Paris condenaram os atos. Quatro pessoas foram detidas e estão sob custódia.
Os incidentes na noite de quinta-feira (6) causaram a interrupção, por três vezes, do concerto da Orquestra Filarmônica de Israel, cuja presença na França gerava polêmica. O governo francês e a Filarmônica de Paris condenaram os atos. Quatro pessoas foram detidas e estão sob custódia.
"A violência não tem lugar em uma sala de concerto", declarou a ministra francesa da Cultura, Rachida Dati. Ela ressaltou que "a liberdade de programação e de criação é um direito fundamental" da República Francesa.
A Cité de la Musique-Philharmonie de Paris também "condenou com firmeza os graves incidentes" e anunciou que entrou com uma queixa contra os responsáveis pelos incidentes.
"Os franceses estão cansados" da instrumentalização do conflito israelo-palestino para fins políticos, afirmou à imprensa nesta sexta-feira o embaixador de Israel na França, Joshua Zarka.
Vídeos postados nas redes sociais mostram a confusão na sala Pierre-Boulez, da Filarmônica de Paris. Nas imagens, uma pessoa aparece erguendo um rojão na plateia. Outros espectadores tentam intervir para acabar com o protesto e ocorrem atos de violência.
O concerto chegou a ser interrompido três vezes. Os protestos foram feitos por pessoas que tinham ingressos, mas conseguiram entrar na sala com os rojões, apesar do dispositivo de segurança reforçado especialmente para a apresentação.
"Os agitadores foram retirados e o concerto, que havia sido interrompido, foi retomado e terminou sem outros incidentes", informou a Filarmônica. A Orquestra israelense é dirigida pelo maestro Lahav Shani, de 36 anos. Segundo os organizadores, o concerto contou com a participação do pianista britânico, de origem húngara, Sir András Schiff.
Detenções
Os policiais detiveram rapidamente "vários autores dos graves distúrbios dentro da sala e contiveram os manifestantes" que estavam do lado de fora da Filarmônica de Paris, informou o ministro do Interior, Laurent Nuñez.
Os detidos são três mulheres e um homem. Eles são acusados de participação em associação com intenção de cometer violência ou depredação e por organização de manifestação não declarada, detalhou o Ministério Público de Paris.
Manon Aubry, deputada europeia do partido de esquerda radical A França Insubmissa (LFI), se recusou a condenar as violências. A parlamentar afirmou que a orquestra "representa o Estado israelense". Segundo ela, "a melhor maneira de evitar que esse tipo de incidente se repita é o governo israelense parar de massacrar" o povo palestino.
Por sua vez, Marine Le Pen, líder do partido Reagrupamento Nacional, de extrema direita, denunciou atos "intoleráveis" provocados por "ativistas antissemitas de extrema esquerda" e pediu "uma resposta judicial exemplar".
Pressões contra as apresentações israelenses
Nos últimos dias, a polêmica era grande em torno da apresentação da Orquestra Filarmônica de Israel na França. Como em outros países, militantes pró-palestinos pediram o cancelamento do concerto em Paris. O sindicato CGT-Spectacle exigiu que a Filarmônica "lembrasse ao público as acusações gravíssimas que pesam contra os dirigentes" de Israel, especialmente no contexto da guerra em Gaza.
Na segunda-feira (3), a Filarmônica de Paris afirmou esperar que o concerto "ocorresse nas melhores condições possíveis" e lembrou que recebe "tanto artistas israelenses quanto palestinos", sem "jamais" exigir posicionamento político dos artistas sobre questões sensíveis. "A violência não é um debate. E trazê-la para dentro de uma sala de concerto é muito grave", reafirmou na sexta-feira.
Ao contrário da posição da sala parisiense, em setembro, um festival belga decidiu anular um concerto da Orquestra Filarmônica de Munique, que seria regido por Lahav Shani. O maestro israelense acusou a direção do festival de ceder a "pressões políticas". Shani detalhou que o evento havia exigido que ele "fizesse uma declaração política, apesar do compromisso dele, de longa data e expresso publicamente, em favor da paz e da reconciliação".