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Europa

Partido de Berlusconi retira apoio ao governo de coalizão na Itália

Apesar da decisão do líder de centro-direita, a coalização governista deve manter a maioria no Congresso

26 nov 2013 - 14h44
(atualizado às 16h02)
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O partido fundado por Silvio Berlusconi, Força Itália, anunciou nesta terça-feira que retira seu apoio ao governo de coalizão centro-esquerda da Itália, um dia antes de o Senado votar a expulsão do magnata das comunicações do parlamento italiano. "Deixaram de existir as condições para seguir cooperando com o governo", anunciou no Twitter Paolo Romani, porta-voz da Força Itália no Senado.

A decisão foi comunicada ao chefe de governo, Enrico Letta, e ao presidente da República, Giorgio Napolitano, e ratificada durante uma coletiva de imprensa poucas horas antes que o parlamento submeta ao voto de confiança a lei de orçamentos para 2014 com suas emendas. "Essa lei de orçamentos é inaceitável, defende apenas os privilégios", assegurou Berlusconi, anunciando que seu partido passa para a oposição e não votará a lei.

O Força Itália renasceu na semana passada das cinzas do partido Povo da Liberdade, mas dividido depois de perder cerca de 50 parlamentares, entre eles 30 senadores.

A votação dos orçamentos, chave para o futuro da economia na península, servirá para "verificar a relação de confiança entre o governo e o parlamento", explicou o ministro das relações com o Congresso, Dario Franceschini.

Tudo parece indicar que o governo liderado por Letta, dirigente do Partido Democrático (esquerda), dispõe da maioria e superará a moção de confiança, graças aos senadores que abandonaram Berlusconi e que se negam a fazer cair o governo neste momento de crise social e econômica. Na Câmara de Deputados, a esquerda dispõe da maioria absoluta.

Em 16 de novembro, um setor da centro-direita, liderado pelo ex-herdeiro de Berlusconi, Angelino Alfano, atual vice-primeiro-ministro, decidiu que não apoia o magnata na nova edição do Força Itália. O Senado deverá se pronunciar nesta quarta-feira sobre a expulsão de Berlusconi do parlamento depois de sua condenação definitiva por fraude fiscal no caso Mediaset.

Na segunda-feira, Berlusconi declarou que pedirá a revisão de seu julgamento. "Nós temos a nossa disposição documentos que nos permitem requerer a revisão perante o Tribunal de Apelação de Brescia" (norte), anunciou durante uma coletiva de imprensa.

"Peço que votem com consciência, não tanto por mim, mas em respeito à democracia", afirmou Berlusconi, com a voz cansada e um tom menos agressivo, falando diretamente a seus adversários políticos do Partido Democrático (esquerda) e do Movimento Cinco Estrelas, em coletiva de imprensa.

Berlusconi foi condenado em última instância em 1º de agosto a quatro anos de prisão - três já perdoados - neste julgamento por evasão fiscal, conhecido como o "julgamento Mediaset", o nome do seu grupo de mídia.

Uma lei aprovada em 2012 para limpar a política italiana prevê a expulsão por seis anos e a inelegibilidade do parlamentar condenado à prisão após votação do Conselho a qual o acusado pertence.

Advogados e simpatizantes do Cavaliere, 77 anos, fizeram de tudo para atrasar a votação, mas, a não ser por uma surpresa, o voto deve ocorrer nesta quarta. A esquerda e o Movimento 5 Estrelas do ex-comediante Beppe Grillo - ou, pelo menos, 165 dos 321 senadores - devem votar a favor de sua expulsão.

Berlusconi, que alega inocência, chamou de "golpe de Estado" o seu processo, dizendo que "o Senado vai votar para livrar-se do líder da centro-direita, depois de tentar, em vão, vencê-lo por 20 anos". "Sou inocente. Para mim, se trata de um golpe de Estado promovido pela esquerda, não tenho outras palavras para definir isso", declarou.

O magnata tenta dar a volta por cima em um dos momentos mais difíceis de seus 20 anos de carreira política, marcada por sua enorme popularidade e escândalos sexuais e judiciários. A votação, que será pública e não secreta como pedia Berlusconi.

Berlusconi, muito irritado porque o presidente da República, Giorgio Napolitano, não concedeu perdão a ele, apesar de não querer pedir isso oficialmente, está enfraquecido tanto física quanto politicamente.

"Para mim, ele vai renunciar à cadeira antes de humilhar-se ante a uma expulsão", comentou o democrata-cristão Lorenzo Cesa. "Um voto dramático, um fato histórico", resumiu, por sua vez, o jornal Il Corriere della Sera.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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