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Netanyahu chega aos EUA sob protestos após desviar de espaço aéreo francês com avião oficial

A chegada de Benjamin Netanyahu a Nova York, onde discursa na Assembleia Geral da ONU nesta sexta-feira (26), ocorre sob tensão. Alvo de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional por crimes em Gaza, o primeiro-ministro israelense enfrenta protestos organizados por manifestantes nos Estados Unidos. A tensão diplomática também se refletiu na rota do avião do premiê, o "Asa de Sião", que evitou o espaço aéreo francês - apesar da autorização formal.

26 set 2025 - 09h19
(atualizado às 09h31)
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A chegada de Benjamin Netanyahu a Nova York, onde discursa na Assembleia Geral da ONU nesta sexta-feira (26), ocorre sob tensão. Alvo de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional por crimes em Gaza, o primeiro-ministro israelense enfrenta protestos organizados por manifestantes nos Estados Unidos. A tensão diplomática também se refletiu na rota do avião do premiê, o "Asa de Sião", que evitou o espaço aéreo francês - apesar da autorização formal.

O avião do primeiro-ministro israelense, Benyamin Netanyahu, conhecido como "Asa de Sião", é visto na pista do Aeroporto Internacional Liszt Ferenc, em Budapeste, em 3 de abril de 2025.
O avião do primeiro-ministro israelense, Benyamin Netanyahu, conhecido como "Asa de Sião", é visto na pista do Aeroporto Internacional Liszt Ferenc, em Budapeste, em 3 de abril de 2025.
Foto: AFP - GERGELY BESENYEI / RFI

Frédérique Misslin, correspondente da RFI em Jerusalém, e agências

O avião "Asa de Sião" sobrevoou Chipre, Grécia, Itália e Gibraltar antes de cruzar o Atlântico, em uma rota que surpreendeu autoridades francesas. O nome da aeronave oficial israelense faz referência a Jerusalém, considerada o centro espiritual e político do Estado de Israel, e carrega forte simbolismo religioso e histórico. A escolha reforça a narrativa de soberania e continuidade nacional promovida pelo governo Netanyahu. O termo "Sião" também está na origem do sionismo, movimento político que defende o direito do povo judeu a um Estado próprio, e que tem sido interpretado e aplicado de diferentes formas ao longo da história - inclusive por ministros ultranacionalistas no atual governo israelense.

O desvio do "Asa de Sião" é um gesto mais que simbólico, e expõe o impasse diplomático entre Paris e Tel Aviv. Para o jornal Le Monde, a escolha do trajeto "gera dúvidas". "Seria uma tentativa de evitar o território francês, mesmo com a permissão concedida? Provavelmente", diz o vespertino francês. Desde novembro de 2024, Netanyahu é alvo de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), acusado de crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza. A medida o torna persona non grata em diversos países europeus.

Apesar disso, o governo francês confirmou que autorizou o sobrevoo. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a decisão de evitar a França partiu exclusivamente das autoridades israelenses. A declaração veio dias após o presidente Emmanuel Macron reconhecer oficialmente o Estado da Palestina em discurso na ONU, no qual criticou duramente a ofensiva israelense em Gaza.

Para Macron, a operação perdeu qualquer justificativa militar e passou a representar uma "negação da humanidade do outro", ao atingir civis deliberadamente. Mesmo com críticas públicas, Macron tentou manter um equilíbrio diplomático.

Em entrevista à RFI e à France 24, o presidente francês declarou que ainda "respeita Benjamin Netanyahu". A tentativa de conciliação, no entanto, não parece ter surtido efeito.

Desde que foi indiciado pelo TPI, Netanyahu já sobrevoou a França em outras ocasiões - nos dias 2 e 9 de fevereiro, 6 e 8 de abril, e 7 de julho -, em viagens rumo a Washington. A permissão francesa gerou protestos entre juristas e parlamentares da esquerda radical. O deputado Christophe Bex, da sigla França Insubmissa, questionou o governo sobre a legalidade dessas autorizações, lembrando que o Estatuto de Roma, do qual a França é signatária, obriga os países a cooperarem com o TPI e a prenderem indivíduos sob mandado internacional quando presentes em seu território.

Em abril, Irlanda, Islândia e Holanda, comprometidos com o cumprimento das decisões do TPI, obrigaram o avião de Netanyahu a desviar sua rota em 400 quilômetros para evitar seus espaços aéreos - o que acabou levando a aeronave a sobrevoar a França.

Se a França não impôs restrições, por que o desvio?

Fontes israelenses evitam comentar, mas sugerem que a mudança de rota visou reforçar a segurança do primeiro-ministro. Ainda assim, a medida pode ser interpretada como uma demonstração de descontentamento com Macron. Netanyahu estaria irritado com o reconhecimento do Estado palestino, que classificou como uma "recompensa ao Hamas".

A decisão francesa, no entanto, não foi isolada. No dia 21 de setembro, Reino Unido, Austrália, Canadá e Portugal também reconheceram o Estado da Palestina. No dia seguinte, Bélgica, Luxemburgo, Malta e Andorra seguiram o mesmo caminho. Segundo um diplomata israelense, foi a França que liderou esse movimento diplomático, o que teria provocado a ira de Tel Aviv. Isolado internacionalmente e tratado como pária por parte da comunidade internacional, Netanyahu estaria considerando medidas de retaliação contra Paris, que, segundo uma fonte israelense, "perdeu a confiança" de Israel.

Netanyahu e a onda de protestos em NY

Manifestantes se organizam para protestar na chegada do líder israelense em Nova York. Pela primeira vez, Donald Trump, principal aliado de Netanyahu, se distanciou publicamente dos planos israelenses. Em declaração contundente, o presidente norte-americano afirmou: "Não permitirei que Israel anexe a Cisjordânia. Isso não vai acontecer. Basta. É hora de parar."

A ameaça de anexação vinha sendo considerada por Netanyahu como uma resposta direta ao reconhecimento do Estado palestino por parte de países ocidentais, incluindo a França. Antes de embarcar para os Estados Unidos, o líder israelense reafirmou que "a colonização vai continuar" e que "não haverá Estado palestino", em clara oposição à decisão francesa.

O encontro entre Netanyahu e Trump está previsto para segunda-feira, em reunião privada. A expectativa é de que o tom da conversa reflita a crescente fricção entre os dois aliados, em um momento em que Israel se vê cada vez mais isolado no cenário internacional.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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