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Jornais europeus veem Macron isolado em 'caos político' e falam em 'fim de era' e 'comédia de mau gosto'

A recondução de Sébastien Lecornu ao cargo de primeiro-ministro francês, dias após sua renúncia, ampliou a crise política que atinge o governo de Emmanuel Macron. A decisão, tomada em meio à pressão por um novo gabinete e à iminência da apresentação do orçamento de 2026, foi duramente criticada por aliados e pela imprensa europeia, que alertou para os riscos institucionais e econômicos de uma instabilidade prolongada na segunda maior economia da zona do euro.

11 out 2025 - 11h57
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A recondução de Sébastien Lecornu ao cargo de primeiro-ministro francês, dias após sua renúncia, ampliou a crise política que atinge o governo de Emmanuel Macron. A decisão, tomada em meio à pressão por um novo gabinete e à iminência da apresentação do orçamento de 2026, foi duramente criticada por aliados e pela imprensa europeia, que alertou para os riscos institucionais e econômicos de uma instabilidade prolongada na segunda maior economia da zona do euro.

O presidente da França, Emmanuel Macron.
O presidente da França, Emmanuel Macron.
Foto: REUTERS - Gonzalo Fuentes / RFI

A decisão altamente controversa de Emmanuel Macron de reconduzir Sébastien Lecornu ao cargo de primeiro-ministro, poucos dias após sua renúncia, provocou perplexidade na imprensa europeia neste sábado. O temor é que a crise política interminável na França tenha impactos econômicos e financeiros ainda mais profundos.

Ignorando críticas generalizadas — inclusive dentro de sua própria base —, Macron anunciou na noite de sexta-feira a volta de seu fiel escudeiro a Matignon, sede do governo francês. Lecornu, que havia deixado o cargo apenas 14 horas depois de formar um governo que desagradou a direita, retorna agora sob risco de enfrentar uma moção de censura antes mesmo de anunciar sua nova equipe ministerial.

Fim do "macronismo"

Para o Financial Times, esse novo capítulo marca o fim do "macronismo". "Após uma semana de caos, está cada vez mais claro que a experiência quase decenal da França com a política centrista e rebelde de Macron está chegando ao fim", escreveu o jornal britânico. A popularidade do presidente francês está em queda livre.

O espanhol El País fala em "clima de fim de era" e descreve Macron como "um líder completamente isolado, rejeitado por parte do próprio partido, preso em uma espiral delirante de decadência". O jornal acrescenta: "O brilhante tecnocrata, o reformista sem partido, o filósofo e banqueiro que virou presidente está ultrapassado. Ele resiste, se agarra ao poder. Nada mais."

Esse novo episódio é mais uma réplica do "terremoto político" iniciado com a dissolução da Assembleia Nacional em 2024, que resultou em um parlamento sem maioria clara, dividido entre três blocos: esquerda, centro-direita e extrema direita. Desde então, a França já teve quatro primeiros-ministros em apenas um ano e meio.

Aos 39 anos, Lecornu, ex-ministro da Defesa, justificou seu retorno dizendo que o faz "por dever". Mas a tarefa é ingrata: dois nomes fortes da direita, que integraram o governo anterior, já recusaram participar da nova equipe.

"Comédia de mau gosto"

A crise política se agrava em um momento crítico. O orçamento de 2026 precisa ser apresentado já na segunda-feira (13), para que o Parlamento tenha os 70 dias exigidos pela Constituição para analisá-lo antes do fim do ano. Antes disso, o texto ainda precisa passar pelo Conselho de Ministros.

O jornal britânico The Guardian lamenta o "cenário sem precedentes" e destaca a pressão sobre Lecornu para formar um governo em tempo recorde. Já o alemão Der Spiegel ironiza a situação como uma "comédia de mau gosto", comparando-a a uma peça de teatro em que "o amante expulso pela porta volta pela janela do quarto". Mas o tom é de alerta: "A França parece ingovernável, a dívida pública cresce sem controle e a economia sofre."

A dívida francesa já ultrapassa os € 3,4 trilhões — o equivalente a 115,6% do PIB — e os investimentos estão em queda. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, afirmou na terça-feira que acompanha de perto a situação e espera que a França consiga cumprir seus compromissos orçamentários internacionais.

Enquanto isso, Lecornu já avisou que o orçamento "não será perfeito". E, diante da falta de apoio político, o novo governo pode nascer com prazo de validade curto.

Com AFP

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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