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'É uma batalha de narrativas, mas não somente', diz especialista sobre ofensiva de Trump pela Groenlândia

O presidente francês, Emmanuel Macron, declarou nesta terça-feira (23) que a Groenlândia "pertence ao seu povo" e que a Dinamarca é responsável pelo território, em resposta às reiteradas tentativas do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de anexar a ilha ártica. Para Cécile Pelaudeix, especialista entrevistada pela RFI, embora essa ambição americana não seja novidade, ela deve ser "levada a sério". Segundo a pesquisadora, não se trata apenas de "uma batalha de narrativas".

23 dez 2025 - 12h09
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A Groenlândia "pertence ao seu povo" e a Dinamarca é responsável pelo território, foi a fala de Emmanuel Macron ao reagir às repetidas tentativas de Donald Trump de anexar a ilha, que integra o Reino da Dinamarca. "Uno a minha voz à dos europeus para expressar a nossa total solidariedade", escreveu o presidente francês nas redes sociais. Em junho, Macron havia viajado a Nuuk para reafirmar "o apoio da França à soberania e à integridade territorial da Dinamarca e da Groenlândia".

O primeiro-ministro da Groenlândia, Jens-Frederik Nielsen (à direita), e a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, chegam ao centro cultural Katuaq em Nuuk, Groenlândia, em 24 de setembro de 2025. (Ilustração)
O primeiro-ministro da Groenlândia, Jens-Frederik Nielsen (à direita), e a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, chegam ao centro cultural Katuaq em Nuuk, Groenlândia, em 24 de setembro de 2025. (Ilustração)
Foto: © Mads Claus Rasmussen / AFP / RFI

O primeiro-ministro da Groenlândia também recorreu às redes sociais para defender o território autônomo diante das sucessivas investidas de Trump.

"A Groenlândia é o nosso país. Nossas decisões são tomadas aqui", escreveu Jens-Frederik Nielsen no Facebook. Ele afirmou estar "triste" após ouvir Trump reiterar seu desejo de assumir o controle do território.

Na segunda-feira (22), o ex-presidente americano voltou a declarar que os Estados Unidos "precisam" da Groenlândia para garantir sua segurança frente à China e à Rússia.

"Tais palavras reduzem nosso país a uma questão de segurança e poder. Não é assim que nos vemos, e não é assim que nós, na Groenlândia, podemos ou devemos ser descritos", acrescentou Nielsen. O premiê também agradeceu à população groenlandesa por reagir com "calma e dignidade" e expressou gratidão pelo apoio manifestado por diversos países.

No domingo (21), Trump anunciou a nomeação do governador da Louisiana, Jeff Landry, republicano, como enviado especial dos Estados Unidos para a Groenlândia. A decisão provocou forte reação de Copenhague e da União Europeia, que, na segunda-feira, declarou "total solidariedade com a Dinamarca".

O governo dinamarquês convocou o embaixador dos EUA. "Traçamos uma linha vermelha muito clara", afirmou o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen.

Batalha de narrativas

Autoridades dinamarquesas e groenlandesas têm reiterado que a vasta ilha ártica, com cerca de 57 mil habitantes e rica em metais raros, não está à venda.

A doutora em Ciências Políticas e pesquisadora afiliada à Sciences Po Grenoble, Cécile Pelaudeix, lembra que a ambição de Trump de anexar a Groenlândia não é nova. Em 2019, ele já havia tentado comprar o território da Dinamarca. As iniciativas mais recentes, contudo, "devem ser levadas a sério", sobretudo após a nomeação de um novo enviado especial.

"Trata-se de uma batalha de narrativas, mas não apenas disso", afirma a pesquisadora. Segundo ela, o discurso também se apoia em ameaças de retaliação econômica contra empresas dinamarquesas e na possibilidade de investimentos americanos na Groenlândia, sobretudo em terras raras, além da tentativa de monetizar a presença de segurança dos Estados Unidos no território.

"Pela primeira vez, os serviços de inteligência dinamarqueses mencionaram os Estados Unidos, em seu relatório anual, como alvo de observações preocupantes", observa. Para Pelaudeix, trata-se de algo "bastante surpreendente", vindo de um país historicamente alinhado ao atlantismo dentro da União Europeia.

A pesquisadora explica que o cargo de enviado especial para a Groenlândia é temporário e voltado a uma missão específica. "Por ora, o objetivo parece ser aumentar a pressão política sobre o governo dinamarquês e fazer uma declaração contundente antes das eleições de meio de mandato", analisa.

Fatores políticos

Embora destaque que o subsolo da Groenlândia é rico em hidrocarbonetos e terras raras, Pelaudeix afirma que as ambições de Trump devem ser analisadas a partir de múltiplos fatores.

Para ela, o elemento político é central, como forma de reafirmar a autoridade americana no hemisfério. "Trata-se de um projeto de expansionismo. Esse discurso também aparece nas declarações sobre o Canadá, o Panamá e outros territórios", afirma.

A especialista lembra ainda que as rivalidades com China e Rússia pesam em uma região considerada estratégica do ponto de vista militar.

"Há uma área entre a Groenlândia, a Islândia e o Reino Unido que constitui um ponto de estrangulamento naval. Esse é um foco de atenção particular para a União Europeia", explica. Ela menciona ainda a interferência russa no Mar Báltico e as preocupações com possíveis danos à infraestrutura submarina próxima à Groenlândia.

Apesar disso, Pelaudeix conclui que essas preocupações de segurança não justificariam a anexação internacional.

RFI e AFP

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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