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Estados Unidos

Tarifaços de Trump aceleram inflação nos EUA e pesam no bolso do consumidor americano

O índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 2,7% em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado — a maior alta desde fevereiro

16 jul 2025 - 06h44
(atualizado às 08h10)
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Resumo
A inflação nos EUA atingiu 2,7% em junho, impulsionada por tarifas comerciais de Trump, enquanto demissões em massa em agências federais e ameaças tarifárias ao Brasil aumentam as incertezas econômicas.

Dados recentes divulgados nos Estados Unidos indicam que a inflação acelerou em junho, mostrando que os efeitos das tarifas impostas pelo governo Donald Trump já começam a ser sentidos no bolso do consumidor americano. Enquanto isso, a administração enfrenta a pressão crescente para controlar o avanço dos preços e, paralelamente, anuncia demissões em massa em agências federais — um cenário que aumenta a apreensão sobre o futuro econômico do país.

Com a tarifa de 50% para produtos brasileiros, o preço do café deve ficar ainda mais caro para o consumidor americano. Foto de ilustração no Rio de Janeiro, em 10/7/25.
Com a tarifa de 50% para produtos brasileiros, o preço do café deve ficar ainda mais caro para o consumidor americano. Foto de ilustração no Rio de Janeiro, em 10/7/25.
Foto: REUTERS - Pilar Olivares / RFI

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

Os primeiros sinais concretos da chamada "guerra comercial" iniciada por Trump já aparecem nos dados econômicos dos EUA. Segundo o Departamento de Estatísticas do Trabalho, o índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 2,7% em junho, na comparação com o mesmo mês do ano passado — a maior alta desde fevereiro. Esse aumento ficou acima do esperado e representa um avanço em relação aos 2,4% registrados em maio.

Os setores mais afetados são justamente aqueles expostos às tarifas aplicadas pelo governo americano contra seus principais parceiros comerciais. Produtos como eletrodomésticos, roupas e móveis registraram aumentos expressivos: os eletrodomésticos, por exemplo, subiram 1,9% só em junho, ante 0,8% no mês anterior. Já móveis tiveram alta de 1%, e roupas aumentaram 0,4%, revertendo meses seguidos de queda nos preços.

A inflação "núcleo" — que exclui alimentos e energia por sua volatilidade — também subiu 2,9% em relação ao ano anterior, com alta de 0,2% só no mês de junho. Esses dados indicam que a guerra tarifária já está pressionando diretamente o custo de vida dos americanos, com impactos que podem se espalhar para outros setores e influenciar o ritmo da economia.

O impacto das tarifas sobre produtos brasileiros

Um dos capítulos mais recentes dessa guerra comercial envolve o Brasil. O governo Trump ameaçou impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir do próximo mês, incluindo itens que são pilares da pauta exportadora brasileira, como café, carne bovina e suco de laranja.

No caso do café, o impacto pode ser ainda mais severo. Além da tarifa, o produto já enfrenta uma alta global devido a condições climáticas desfavoráveis — como as secas recentes que reduziram a produção no Brasil e no Vietnã, dois dos maiores exportadores para os EUA. Segundo dados do Bureau of Labor Statistics, o preço médio de 450 gramas de café moído nos supermercados americanos já subiu de US$ 5,99 no ano passado para US$ 7,93 em maio deste ano.

Com a tarifa de 50%, o preço do café deve ficar ainda mais caro para o consumidor americano, o que deve afetar também o consumo em cafeterias e restaurantes. Para o Brasil, essa medida pode significar queda nas exportações e prejuízos para o agronegócio, num momento em que o setor já enfrenta desafios climáticos e econômicos.

Economistas alertam que, se Trump mantiver as novas tarifas previstas para entrar em vigor no dia 1º de agosto — que também atingirão União Europeia, Canadá, México, Japão, Coreia do Sul e Tailândia — a alta dos preços poderá se generalizar ainda mais, reduzindo o consumo e elevando o risco de recessão nos Estados Unidos.

Demissões em massa: enxugamento da máquina estatal preocupa

Além dos efeitos da inflação, os americanos terão que lidar com as consequências do enxugamento dos departamentos federais de saúde e educação. Nesta semana, o Departamento de Saúde dos EUA formalizou a demissão de milhares de funcionários, após a Suprema Corte suspender uma liminar que impedia esses cortes.

A agência havia anunciado anteriormente o desligamento de 10 mil servidores, com outros 10 mil saindo voluntariamente. Com a decisão judicial, as demissões foram efetivadas, representando cerca de 25% da força de trabalho do setor. No Departamento de Educação, a Suprema Corte também autorizou a demissão de aproximadamente 1.400 funcionários, derrubando uma decisão de um tribunal inferior que bloqueava os cortes.

Essas demissões fazem parte de uma estratégia mais ampla do governo para reduzir o tamanho da máquina pública, alinhada à agenda de descentralização do controle federal, especialmente sobre a educação.

Embora o principal objetivo dessas demissões seja reduzir os gastos federais, elas podem afetar negativamente a capacidade do governo de prestar serviços essenciais em áreas fundamentais, justamente num momento em que o país enfrenta alta do custo de vida e incertezas econômicas.

Além disso, a redução do quadro de funcionários públicos pode diminuir a renda disponível dessas famílias, reduzindo o consumo e contribuindo para a desaceleração da economia americana.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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