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Estados Unidos

Snowden deve seguir para a Venezuela, diz jornalista dos EUA no Brasil

Jornalista do The Guradian, Glenn Greenwald diz ter conversado com Snowden por meio de bate-papo na internet

10 jul 2013 - 12h04
(atualizado às 12h47)
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Eric Snowden em hotel de Hong Kong em imagem divulgada pelo jornal The Guardian
Eric Snowden em hotel de Hong Kong em imagem divulgada pelo jornal The Guardian
Foto: AP

O norte-americano Edward Snowden, responsável por denunciar os programas secretos de espionagem telefônica e digital dos EUA, provavelmente aceitará asilo na Venezuela para escapar à perseguição judicial em seu país de origem, segundo Glenn Greenwald, jornalista norte-americano radicado no Rio, o primeiro a divulgar as informações vazadas por Snowden.

Em entrevista concedida imediatamente depois de conversar com Snowden por meio de bate-papo na internet, na terça-feira, Greenwald disse que, dos três países latino-americanos que já ofereceram asilo a Snowden, a Venezuela é o que tem mais condições de garantir sua segurança.

Snowden está refugiado há vários dias na área de trânsito de um aeroporto em Moscou, e os EUA pressionam governos a não lhe conceder asilo. Washington quer que Snowden, ex-prestador de serviços na Agência de Segurança Nacional (NSA), responda judicialmente pelas acusações de colocar em risco a segurança do seu país.

Nicarágua e Bolívia também já disseram que aceitariam Snowden, mas Greenwald acha que a Venezuela "tem mais condições de retirá-lo em segurança de Moscou para a América Latina e protegê-lo uma vez que esteja lá".

"É um país maior, um país mais forte, e um país mais rico, com mais influência nos assuntos internacionais", afirmou o jornalista. Ele acha, no entanto, que o desfecho para a crise ainda não está claro, e pode levar "dias, horas ou semanas".

Greenwald, blogueiro e jornalista do jornal britânico The Guardian, disse que baseia essa opinião em um "palpite com base em infomações", depois de recentes contatos com Snowden.

Essas conversas, afirmou, também o levaram a crer que os documentos retiradas por Snowden da NSA continuam a salvo de qualquer governo estrangeiro.

Greenwald vive no Rio, para onde voltou em junho depois de se encontrar com Snowden em Hong Kong. O denunciante havia fugido para lá antes de começar revelar que os EUA espionavam os contatos telefônicos e digitais de milhões de pessoas no país. Depois disso, veio à tona também que Washington espionaria telecomunicações da Europa, do Brasil e de outros lugares.

Greenwald disse que chegou a perder contato com Snowden quando ele viajou de Hong Kong para a Rússia, fugindo da perseguição judicial dos EUA. No sábado, no entanto, o jornalista conseguiu contato com sua fonte por meio de um chat codificado que os dois costumam usar.

Desde então, Snowden vem lhe explicando suas opções, mas sem indicar quando pretende viajar. Sem visto e sem passaporte válido, Snowden não pode passar pelo guichê da imigração, e por isso permanece num território neutro na área de trânsito do aeroporto russo -onde, no entanto, conseguiu acesso à Internet. "Ele não está sob custódia ou detenção de ninguém, nem nunca esteve", disse Greenwald.

Glenn Greenwald, jornalista norte-americano radicado no Rio, foi o primeiro a divulgar as informações vazadas por Snowden
Glenn Greenwald, jornalista norte-americano radicado no Rio, foi o primeiro a divulgar as informações vazadas por Snowden
Foto: Reuters

O desafio de Snowden agora, acrescentou o jornalista, é "descobrir como chegar ao país que lhe ofereça asilo", driblando os esforços de captura dos EUA -que Greenwald descreve como "o império trapaceiro e sem lei, que se prova desesperado na tentativa de adotar um comportamento desonesto para impedi-lo fisicamente de chegar lá".

Ele negou que a China e a Rússia tenham aproveitado a presença de Snowden nas últimas semanas para se apropriar de informações estratégicas. Há relatos de que Snowden, de 30 anos, viaja com vários laptops, mas Greenwald disse que o rapaz não seria ingênuo a ponto de armazenar informações em meios facilmente confiscáveis.

"Há todo tipo de maneira mais inteligente e mais segura para alguém que saiba o que está fazendo -e ele sabe o que está fazendo- armazene e transporte grandes volumes de dados."

Greenwald também está sob pressão ao filtrar mais de 5.000 documentos -uma pequena parte do acervo completo- entregues a ele por Snowden. O jornalista disse que também já pode ser alvo de serviços de inteligência.

Ele contou que, no período em que esteve em Hong Kong, avisou numa ligação via Internet ao seu companheiro, um estudante de comunicações brasileiro, que lhe enviaria alguns documentos por email. Dois dias depois, contou Greenwald, o laptop do companheiro sumiu da casa em que os dois moram no Rio.

Nos próximos meses, Greenwald espera apurar e publicar reportagens mostrando como a NSA recolhe dados e interage com outras agências de inteligência e com empresas de telecomunicações e informática. O jornalista disse que há anos tenta chamar a atenção para os métodos de espionagem dos EUA.

"Estou tentando fazer tudo o que for possível para expor os excesso da NSA e os perigos do sigilo extremo por trás do qual o governo dos EUA opera", afirmou.

"Então, basicamente receber milhares de documentos ultrassecretos que provam todas as coisas que estou dizendo... e muito mais... é muito revigorante."

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