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Estados Unidos

Chefe da CIA defende tortura adotada após 11 de Setembro

John Brennan disse que alguns agentes se excederam, mas que a maioria cumpriu seu dever

11 dez 2014 - 23h14
(atualizado em 12/12/2014 às 09h15)
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John Brennan disse que 'não era possível saber' se tortura possibilitou obtenção de informações úteis aos EUA
John Brennan disse que 'não era possível saber' se tortura possibilitou obtenção de informações úteis aos EUA
Foto: AFP

O diretor da CIA, John Brennan, defendeu nesta quinta-feira os métodos de interrogatórios usados pela agência após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, mas admitiu que algumas das técnicas eram "duras" e "repulsivas".

Em um pronunciamento no quartel-general da CIA, ele disse que alguns agentes se excederam, mas que a maioria cumpriu seu dever.

As declarações foram feitas dois dias após a divulgação de um relatório do Senado americano, que revelou pontos sombrios da "guerra ao terror" do ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush.

Segundo o documento, os interrogatórios de suspeitos de fazer parte da rede Al-Qaeda eram "brutais" e as torturas incluíam privação de sono, tapas, sujeição de suspeitos a baixas temperaturas e a notória simulação de afogamento, conhecida como waterboarding em inglês

O relatório também concluiu que as práticas produziram poucos detalhes de inteligência valiosos.

No entanto, Brennan afirmou que a CIA "tomou diversas atitudes corretas" durante um período em que "não havia respostas fáceis".

"Nossas avaliações mostram que os programas de detenção e de interrogatórios produziram dados de inteligência úteis, que ajudaram os Estados Unidos a minar planos de ataque, capturar terroristas e salvar vivas", disse Brennan.

"Servir à nação"

Ele admitiu, no entanto, que as avaliações internas da agência não determinaram se o uso das técnicas de interrogatório citadas no relatório foi responsável por conseguir informações.

A CIA agora se vê na posição desconfortável de ter que se defender publicamente dos ataques do Senado
A CIA agora se vê na posição desconfortável de ter que se defender publicamente dos ataques do Senado
Foto: Getty Images

"Na minha opinião, não é possível saber a relação de causa e efeito entre o uso das 'técnicas melhoradas de interrogatório' e as informações úteis obtidas dos presos."

Enquanto ele falava, a senadora Dianne Feinstein, líder do comitê que produziu o relatório, rejeitava seus argumentos no Twitter.

"Brennan: é 'impossível saber' se poderíamos ter conseguido a inteligência de outras formas. O estudo mostra que É possível saber: a CIA tinha as informações antes de torturar. #LeiaORelatório", disse Feinstein em um de seus tuítes.

Brennan era um funcionário do alto escalão da CIA em 2002, quando o programa de detenção e interrogatórios foi posto em prática.

Ele afirmou que muitos agentes seguiram conselhos do departamento de justiça da CIA, que teria autorizado alguns dos métodos brutais. "Eles fizeram o que lhes foi pedido para servir à nação."

A ONU e grupos de direitos humanos pediram o julgamento de autoridades americanas envolvidas no programa, que aconteceu de 2001 a 2007.

Mas é improvável que membros da administração Bush sejam processados – o Departamento de Justiça americano deu início a duas investigações sobre maus tratos de presos e disse não ter reunido provas suficientes.

Na quarta-feira, um funcionário do departamento disse ao jornal Los Angeles Times que promotores públicos leram o relatório e "não encontraram nenhuma informação nova" para reabrir a investigação.

O presidente americano Barack Obama, que pôs fim ao programa em 2009, disse que alguns dos métodos de interrogatório resultavam em tortura.

Quando perguntado sobre se seria possível que a CIA voltasse a usar tais métodos, Brennan afirmou que a agência "não considera" fazê-lo, mas que deixaria a decisão para "futuros legisladores".

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