Material fotográfico conta os dois anos e meio de guerra civil na Síria
Parte da complexidade de se entender a guerra civil da Síria reside na dificuldade de acesso a informações seguras, resultado da violência disseminada pelo país e pela restrição ao trabalho jornalístico. Isso também se reflete na relativa escassez das imagens feitas da crise síria até agora. Tal qual sua narrativa, as fotografias do conflito são, em sua maioria, difundidas internacionalmente pelo governo do presidente Bashar al-Assad e pelos grupos de oposição como parte do esforço mútuo de minar a credibilidade e de denunciar o outro. Conflito político, a guerra civil é também uma guerra de informações.
Abaixo, o Terra compila alguns dos principais materiais fotográficos disponibilizados ao longo destes mais de dois anos de guerra. Cada imagem leva a uma galeria que conta um episódio específico ou remete a uma situação importante do conflito. As imagens são em sua maioria obtidas pelas agências internacionais de fotografia através das partes envolvidas, e sua variação (há meses muito mais documentados que outros) reflete tanto os gradientes de intensidade do conflito como as diferenças de acessibilidade dos fotógrafos aos acontecimentos da guerra.
Setembro de 2013. Comitê do Senado americano aprova intervenção, mas Rússia propõe plano alternativo para Síria entregar armas químicas; a aposta na diplomacia; ONU confirma ataque químico e Ocidente culpa Assad; um plano caro e demorado; Síria busca legalização; em meio à Assembleia Geral da ONU, a divisão rebelde.
Agosto de 2013. O ataque químico de Damasco; novas inações do Conselho de Segurança; os testemunhos e os sintomas; "uma questão de tempo"; 1 milhão de crianças refugiadas; 355 mortes; o recado americano; Otan acusa Assad, e Obama decide por guerra.
Julho de 2013. Premiê rebelde renuncia; Rússia acusa rebeldes de usar gás sarin; lembranças de Ruanda; desespero de Homs; ataque à História; violência no Ramadã; ONU: mortos passam a 100 mil.
Junho de 2013. A batalha de Qusair; adiamento de Genebra II; ONU constata uso de armas químicas; EUA: chegamos tarde; ONU: 93 mil mortos desde o início da guerra.
Maio de 2013. Sem maioria qualificada, Assembleia Geral da ONU aprova resolução sobre a violência na Síria. Massacre em Banias. Conflito de informações sobre armas químicas. Atentado na Turquia. Batalha por Qusair. Mortos no conflito passam de 80 mil
Abril de 2013. Os conflitos e o fluxo de refugiados persistem em meio aos debates infrutíferos sobre o uso de armas químicas. Internamente, 10 milhões de sírios são diretamente prejudicados pela guerra que varre o país.
Março de 2013. A guerra completa dois anos com poucas chances de paz. Um quarto do país sofre com o conflito. Um atentado em Damasco mata um líder religioso. O duelo de versões da guerra química se mantém. A oposição ganha assento na Liga Árabe e elege um premiê.
Fevereiro de 2013. A violência se dissemina por Aleppo e Damasco enquanto o total de mortos chega a 70 mil e o governo de Assad afirma que o país caminha rumo a um "diálogo nacional".
Janeiro de 2013. Mortos chegam a 60 mil. Assad denuncia complô internacional, e Rússia vê sua saída como impossível. Rumores de ataque de Israel. Massacre em Aleppo deixa 80 mortos. Atentado à universidade de Aleppo mata 80 pessoas. Brahimi vê "horror sem precedentes" e considera plano de Assad "parcial" e "sectário".
Dezembro de 2012. Potências mundiais reconhecem Coalizão Nacional Síria, que defende transição sem Assad. Rebeldes apresentam novo comando militar. Denúncia de novo massacre em Homs. Total de mortos chega a 45 mil; refugiados, a 500 mil.
Novembro de 2012. Oposição cria Coalizão. HRW denuncia uso de crianças por rebeldes. Após 20 meses de guerra, mortos passam de 40 mil.
Outubro de 2012. Governo e oposição aceitam trégua de quatro dias por ocasião do Eid al-Adha, mas cessar-fogo fracassa e termina com saldo de 400 mortos. Vítimas fatais do conflito passam de 36 mil. Refugiados chegam a 300 mil.
Setembro de 2012. Brahmi: fim da guerra é "quase impossível". Liga Árabe denuncia crimes contra a humanidade. Otan descarta intervenção. ONU denuncia abusos dos rebeldes contra crianças. Mortos chegam a 29 mil.
Agosto de 2012. Annan renuncia ao posto de mediador da crise, posto para o qual é escolhido Brahimi. Missão de observadores termina. Patrimônio arqueológico ameaçado. Massacre em Daraya. Agosto soma 4 mil mortes. Total de vítimas fatais: 23 mil.
Julho de 2012. Massacre de Tremseh. Atentado em Damasco mata ministro. Brasil retira missão diplomática da Síria. Novo veto russo-chinês no CS. Assad aceita plano de Annan. O caos de Aleppo: patrimônio da humanidade, terror e mortes. Mortos no conflito chegam a 20 mil. Cruz Vermelha decreta estado de guerra civil.
Junho de 2012. O terror de Al-Koubeir. O deserto de Haffa. Massacre de Douma. Síria em "real estado de guerra". ONU mantém missão. A fuga da morte. Conflito soma 15 mil mortes.
Maio de 2012. Protestos contra Assad. Eleições boicotadas. Oposição começa a se fragmentar. Janela para a paz começa a se fechar. Massacre de Houla. Diplomatas expulsos.
Abril de 2012. Partido Baath completa 65 anos. Cessar-fogo é insaturado, mas violência persiste. Denúncias em Idlib.
Março de 2012. Homs devastada. Conselho de Segurança pede aplicação de plano de paz. Liga Árabe condena "crimes contra a humanidade". Mortos chegam a 9 mil.
Fevereiro de 2012. Rússia e China vetam resolução. Terror em Homs. Assembleia Geral da ONU condena repressão. Kofi Annan eleito para chefiar missão de paz. Referendo constitucional. Líder opositor pede intervenção. ONU: 7,5 mil mortos no conflito.
Janeiro de 2012. Queda do regime é "questão de tempo". Morte no Crescente Vermelho. "Nós vamos triunfar sobre a conspiração". Hama, 30 anos. "50% do território".
Dezembro de 2011. Homs: protestos, retirada e inspeção. Oposição assina acordo. Atentados em Damasco. ONU: conflito já deixa 5 mil mortos.
Junho de 2011. Funerais, manifestações protestos. Refugiados na Turquia. Reformas "antes que seja tarde demais". Oposição forma Conselho Nacional. ONU: 1,1 mil mortos.
Março de 2011. Início e disseminação dos protestos. Começo da repressão. Assad convoca comitê para analisar situação.