O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, fez uma chamada nesta quarta-feira para defender a resolução diplomática na Síria, ao invés da militar, e pediu tempo para que os observadores da ONU possam terminar suas analises sobre o suposto uso de armas químicas pelo regime do presidente Bashar al Assad.
"Demos uma oportunidade à paz, demos uma oportunidade à diplomacia", afirmou Ban em Haia, onde participa da celebração do primeiro centenário da abertura do Palácio da Paz, sede da Corte Internacional de Justiça (CIJ), considerada o principal órgão judicial da ONU.
O diplomata sul-coreano declarou que a via militar não é uma solução viável na Síria e acrescentou: "A lógica militar nos deixou um país à beira da destruição total e (por isso) devemos explorar todos os caminhos para a negociação". "Por que acrescentar mais lenha ao fogo", completou Ban em sua chamada a uma solução diplomática na Síria.
O chefe das Nações Unidas também pediu à comunidade internacional permitir que o Conselho de Segurança da ONU "use sua autoridade para a paz". Além disso, Ban ressaltou que a equipe de observadores da ONU que investiga o suposto ataque químico nos arredores de Damasco necessita "de tempo para fazer seu trabalho". Isso porque, os observadores entraram hoje na região de Guta Oriental, próxima à capital, após ter adiado essa visita por questões de segurança.
Segundo Ban, os inspetores ONU na Síria vão precisar de quatro dias para terminar seu trabalho. "Devem terminar os trabalhos em quatro dias", declarou. "Depois, os especialistas deverão realizar análises científicas e, em seguida, faremos um relatório ao Conselho de Segurança a fim de empreender as ações que forem julgadas necessárias".
Ban condenou "o uso das armas químicas sob qualquer circunstância", ressaltando que tal medida é "uma violação atroz da lei internacional", e denunciou a "situação catastrófica" que a Síria atravessa com um conflito que já gerou a morte de "mais de 100 mil pessoas".
A comemoração do centenário do Palácio da Paz se produz em um momento no qual todos os olhares estão em direção à Síria, onde os observadores da ONU investigam se o regime de Damasco utilizou armas químicas em um ataque realizado na última semana contra posições rebeldes nos arredores de Damasco. No entanto, países como os Estados Unidos, França e Reino Unido já expressaram sua disposição em intervir no país em resposta a esse ataque, uma medida que pode se tornar realidade antes da divulgação das conclusões da missão das Nações Unidas.
Em seu discurso na abertura da cerimônia, Barnard Bot, o presidente da Fundação Carnegie, que administra o Palácio da Paz, fez referência à "complexidade" da conjuntura internacional atual em comparação com o momento no qual o Palácio de Justiça foi criado, em uma referência direta, entre outros assuntos, ao conflito na Síria. "O mundo se mostra muito mais complexo (...) e muitos países vivem ameaças que não vêm de fora, mas de dentro, como ocorre na Síria", afirmou o ex-ministro holandês das Relações Exteriores.
Menino vítima de ataque com armas químicas recebe oxigênio
Foto: Reuters
Menina é atendida em hospital improvisado após o ataque
Foto: AP
Homens recebem socorro após o ataque com arma químicas, relatado pela oposição e ativistas
Foto: AP
Mulher que, segundo a oposição, foi morta em ataque com gases tóxicos
Foto: AFP
Homens e bebês, lado a lado, entre as vítimas do massacre
Foto: AFP
Corpos são enfileirados no subúrbio de Damasco
Foto: AFP
Muitas crianças estão entre as vítimas, de acordo com imagens divulgadas pela oposição ao regime de Assad
Foto: AP
Corpos das vítimas, reunidos após o ataque químico
Foto: AP
Imagens divulgadas pela oposição mostram corpos de vítimas, muitas delas crianças, espalhados pelo chão
Foto: AFP
Meninas que sobreviveram ao ataque com gás tóxico recebem atendimento em uma mesquita
Foto: Reuters
Ainda em desespero, crianças que escaparam da morte são atendidas em mesquita no bairro de Duma
Foto: Reuters
Menino chora após o ataque que, segundo a oposição, deixou centenas de mortos em Damasco
Foto: Reuters
Após o ataque com armas químicas, homem corre com criança nos braços
Foto: Reuters
Criança recebe atendimento em um hospital improvisado
Foto: Reuters
Foto do Comitê Local de Arbeen, órgão da oposição síria, mostra homem e mulher chorando sobre corpos de vítimas do suposto ataque químico das forças de segurança do presidente Bashar al-Assad
Foto: Local Committee of Arbeen / AP
Nesta fotografia do Comitê Local de Arbeen, cidadãos sírios tentam identificar os mortos do suposto ataque químico das forças de segurança do presidente Bashar al-Assad
Foto: Local Committee of Arbeen / AP
Homens esperam por atendimento após o suposto ataque químico das forças de segurança da Síria na cidade de Douma, na periferia de Damasco; a fotografia é do escrtitório de comunicação de Douma
Foto: Media Office Of Douma City / AP
"Eu estou viva", grita uma menina síria em um local não identificado na periferia de Damasco; a imagem foi retirada de um vídeo da oposição síria que documenta aquilo que está sendo denunciado pelos rebeldes como um ataque químico das forças de segurança da Síria assadista
Foto: YOUTUBE / ARBEEN UNIFIED PRESS OFFICE / AFP
Nesta imagem da Shaam News Network, órgão de comunicação da oposição síria, uma pessoa não identificada mostra os olhos de uma criança morta após o suposto ataque químico de tropas leais ao Exército sírio em um necrotério improvisado na periferia de Damasco; a fotografia, de baixa qualidade, mostra o que seria a pupila dilatada da vítima
Foto: HO / SHAAM NEWS NETWORK / AFP
Rebeldes sírios enterram vítimas do suposto ataque com armas químicas contra os oposicionistas na periferia de Damasco; a fotografia e sua informação é do Comitê Local de Arbeen, um órgão opositor, e não pode ser confirmada de modo independente neste novo episódio da guerra civil síria
Foto: YOUTUBE / LOCAL COMMITTEE OF ARBEEN / AFP
Agências internacionais registraram que a região ficou vazia no decorrer da quarta-feira
Foto: Reuters
Mais de mil pessoas podem ter morrido no ataque químico, segundo opositores do regime de Bashar al-Assad
Foto: Reuters
Cão morto é visto em meio a prédios de Ain Tarma
Foto: Reuters
Homens usam máscara para se proteger de possíveis gases químicos ao se aventurarem por rua da área de Ain Tarma
Foto: Reuters
Imagem mostra a área de Ain Tarma, no subúrbio de Damasco, deserta após o ataque químico que deixou centenas de mortos na quarta-feira. Opositores do governo sírio denunciaram que forças realizaram um ataque químico que matou homens, mulheres e crianças enquanto dormiam