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Conflito Israel-Hamas: como algoritmos do TikTok e de outras redes sociais radicalizam opinião pública

Permanecem dúvidas sobre o quanto cada lado — seja o governo israelense ou o Hamas, que controla Gaza — está envolvido em incentivar ou direcionar conteúdo não oficial.

28 nov 2023 - 07h16
(atualizado às 07h34)
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Em termos de conteúdo, há clara diferença entre o que agrada mais cada lado do conflito
Em termos de conteúdo, há clara diferença entre o que agrada mais cada lado do conflito
Foto: BBC News Brasil

Jovens ou mais velhos. TikTok ou X. Pró-Israel ou pró-Palestina. Seus feeds nas redes sociais são únicos para você. Eles podem estar moldando sua visão da guerra entre Israel e Gaza?

Quando abro meu feed no TikTok, dois vídeos são reproduzidos um após o outro. O primeiro mostra quatro soldados israelenses dançando com armas, em um cenário de céu azul. O outro é de uma jovem falando do seu quarto, com uma legenda proeminente pró-Palestina.

O algoritmo do TikTok determinará que tipo de vídeos quero ver e recomendará conteúdo semelhante, com base em qual dos dois vídeos assisto até o final.

Os algoritmos funcionam de maneira semelhante em outras plataformas de rede social, o que significa que alguns usuários estão sendo direcionados para conteúdo cada vez mais divisivo sobre Israel e Gaza, que apenas reforça suas opiniões e preconceitos existentes.

Isso é relevante porque as conversas nas redes sociais podem moldar a opinião pública e normalizar retóricas que extrapolam para o offline, em protestos e além.

Isso inclui o Reino Unido, onde as redes sociais parecem ter incentivado muitas pessoas que normalmente não são politicamente ativas a agir.

Layla Moran, parlamentar do Partido Liberal Democrata, cuja mãe é palestina, me diz que ela e outros políticos estão recebendo uma "grande quantidade" de mensagens, inclusive de jovens, instando a um cessar-fogo.

Parece que foram inspirados a agir por "vídeos do TikTok e reels do Instagram compartilhados via WhatsApp".

"Qualquer coisa muito elaborada, o instinto deles inicial é — não confiar. Eles esperam que seja desinformação", diz Moran.

O parlamentar conservador Andrew Percy, vice-presidente do grupo Conservative Friends of Israel, diz que a guerra "recebeu menos envolvimento e comunicação dos moradores" em sua zona eleitoral do que outros problemas.

No entanto, ele diz: "Muito do conteúdo compartilhado é problemática e antissemita. Isso já era um problema real antes deste conflito — e, desta vez, as redes sociais aceleraram isso."

Contrastes no TikTok

Então, o que está ganhando mais destaque no TikTok e para quem?

Meu feed no TikTok é constantemente pontuado por vídeos categoricamente pró-Israel ou pró-Palestina — com lados opostos frequentemente criticando o conteúdo um do outro. E é o conteúdo pró-Palestina que parece estar sendo mais popular entre os usuários da Geração Z — pessoas nascidas entre 1997 e 2012.

Vídeos no TikTok com a hashtag "istandwithisrael" acumularam mais de 240 milhões de visualizações, em comparação com mais de 870 milhões de visualizações para vídeos usando a expressão "istandwithpalestine".

Isso é semelhante a outras plataformas de vídeo populares entre os usuários mais jovens.

Muitos desses vídeos foram postados desde que o Hamas — designado como grupo terrorista pelo Reino Unido e outras potências ocidentais, mas não o Brasil — atacou Israel em 7 de outubro, mas alguns são anteriores a esse período.

Em termos de conteúdo, há uma clara diferença entre o que agrada mais cada lado do conflito.

Vídeo do TikTok de um blogueiro no solo em Gaza
Vídeo do TikTok de um blogueiro no solo em Gaza
Foto: Reprodução TikTok / BBC News Brasil

Por exemplo, vídeos de blogueiros no solo em Gaza — e usuários pró-Palestina comentando sobre a guerra entre Israel e Gaza de seus quartos — provocam a reação mais positiva entre os usuários mais jovens.

Enquanto isso, o conteúdo dos soldados das Forças de Defesa de Israel parece mais polido e cuidadosamente elaborado — tentando se inserir nas tendências virais do TikTok.

Permanecem dúvidas sobre o quanto cada lado — seja o governo israelense ou o Hamas, que controla Gaza — está envolvido em incentivar ou direcionar conteúdo não oficial.

Ódio e polarização

Entrei em contato com vários usuários do TikTok para descobrir mais, incluindo um soldado israelense chamado Daniel.

Em seu vídeo mais popular, com 2,1 milhões de visualizações, ele e outros três soldados — atualmente servindo nas Forças Armadas — podem ser vistos dançando com armas vários dias após os ataques de 7 de outubro.

Desde então, seus vídeos tiveram menos visualizações, cerca de 10 mil cada um.

Pode ser difícil prever quando um vídeo vai viralizar no TikTok.

Uma redução consistente nas visualizações pode indicar que os usuários não estão tão receptivos a esses vídeos como antes — especialmente à medida que a violência se desenrola em Gaza — e, como consequência, esses vídeos não estão sendo recomendados tão amplamente pelos algoritmos.

Também vale ressaltar que um alto número de visualizações não está necessariamente relacionado a uma recepção positiva por parte dos usuários.

Vídeos podem ser compartilhados e amplamente criticados.

Usuários no TikTok frequentemente "costuram" postagens — nas quais repostam um vídeo acompanhado de suas reações a ele.

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