Script = https://s1.trrsf.com/update-1765905308/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Como seria a invasão da Ucrânia pela Rússia? Veja três cenários possíveis

Seja qual for abordagem adotada, importância da situação na Ucrânia não pode ser subestimada.

19 fev 2022 - 09h38
Compartilhar
Exibir comentários
Seja qual for abordagem adotada, importância da situação na Ucrânia não pode ser subestimada
Seja qual for abordagem adotada, importância da situação na Ucrânia não pode ser subestimada
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Apesar do Kremlin sugerir o contrário, a Ucrânia continua cercada por tropas russas, tanto ao longo de sua longa fronteira com a Rússia quanto dentro da Crimeia ocupada.

A Rússia mobilizou forças terrestres, aéreas e navais que oferecem ao Kremlin um leque de possibilidades caso pretenda iniciar uma ação militar.

Não é a primeira vez que as forças russas parecem prontas para desafiar a soberania da Ucrânia, e o Ocidente não parece estar mais perto de saber o que fazer a respeito sem arriscar uma guerra entre Estados com armas nucleares.

A Rússia vem preparando o terreno para uma ação militar contra a Ucrânia desde 2014, quando anexou a Crimeia e, assim, ganhou uma posição militar mais substancial ao sul.

Enquanto isso, a guerra em andamento na região de Donbas, na Ucrânia, permitiu que as unidades de segurança e inteligência russas continuassem a avaliar as operações militares e paramilitares ucranianas.

Na primavera de 2021, a Rússia intensificou as ações contra a Ucrânia, chegando perto de uma guerra real.

A Rússia diz que começou a retirar parte das tropas da fronteira com a Ucrânia
A Rússia diz que começou a retirar parte das tropas da fronteira com a Ucrânia
Foto: EPA/Ministério de Defesa da Rússia / BBC News Brasil

O país lançou ataques cibernéticos e campanhas de desinformação, além de interromper o fornecimento de energia.

O Serviço de Segurança Ucraniano identificou unidades operacionais e inativas do Serviço Federal de Segurança da Rússia, do Serviço de Inteligência Estrangeira, da Inteligência Militar e das Forças Especiais operando dentro de suas fronteiras.

Se acontecer uma ação militar, há três cenários prováveis:

Cenário 1: 'decapitação'

A primeira possibilidade é a abordagem de "decapitação". As forças militares e de segurança russas tentariam remover os atuais poderes governamentais e estatais para inserir pessoas mais favoráveis a (e pertencentes a) Moscou.

Talvez surpreendentemente, isso implicaria manter algumas pessoas que já estão trabalhando no estado ucraniano.

Há figuras que demonstraram simpatia e trabalharam com a Federação Russa.

Este cenário provavelmente envolveria unidades de segurança e inteligência no solo da Ucrânia, assim como unidades do exercício militar que está sendo realizado em Belarus.

A maior preocupação para a Rússia neste cenário seria como os militares e a polícia ucraniana responderiam.

Também pode haver uma reação pública significativa contra uma mudança de governo liderada por Moscou.

Cenário 2: guerra no leste

A segunda possibilidade é a abordagem de guerra oriental.

Nesse caso, as forças russas procurariam reforçar as regiões separatistas em Donbas com armas, suprimentos e inteligência.

Essas áreas seriam então usadas como um trampolim para tomar mais território ucraniano no intuito de cobrir totalmente as áreas onde os russos étnicos e os ucranianos de língua russa estão localizados.

Tal manobra poderia levar as tropas russas até o rio Dnieper, que divide o país entre leste e oeste.

Também poderia se estender pela costa do Mar Negro até a fronteira com a Moldávia (onde está localizada outra região separatista reforçada pela Rússia).

Tal operação seria apoiada por forças militares baseadas dentro e ao redor da região russa de Rostov-on-Don, a leste da Ucrânia, tropas ao sul posicionadas na Crimeia e provavelmente também batalhões do exército russo baseados na separatista Transnístria, na Moldávia.

Cenário 3: invasão total

A última possibilidade é a abordagem de invasão total.

Todas essas forças mencionadas até agora, assim como unidades aéreas localizadas mais ao norte, tentariam derrotar a Ucrânia militarmente.

Elas usariam a experiência recente em operações de combate na Síria para derrotar qualquer insurgência popular contra as forças russas.

Essa abordagem seria devastadora para o povo da Ucrânia.

Um número de mortos considerável seria esperado entre as forças militares e policiais ucranianas, assim como entre as populações locais adjacentes aos combates.

Haveria grandes fluxos de refugiados para o oeste da Ucrânia e para os países fronteiriços, como Polônia, Hungria, Romênia e Moldávia.

Essa possível crise de refugiados pode ser a maior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Repercussões assustadoras

É importante observar que essas abordagens não são mutuamente excludentes.

Elas podem até ocorrer sequencialmente se o Kremlin estiver insatisfeito com as mudanças que encontrar na Ucrânia ou no Ocidente.

Independentemente do que a Rússia faça, outros países com disputas não resolvidas sobre territórios separatistas, como a Moldávia com a Transnístria e a Geórgia com a Ossétia do Sul e Abkházia, estarão assistindo apreensivos aos eventos.

Uma vitória da Rússia na Ucrânia pode alimentar ações contra estes países no futuro.

E se o Ocidente não responder de forma robusta, até países como Estônia e Letônia poderão enfrentar ameaças no futuro.

A ameaça militar da Rússia contra a Ucrânia colocou o Ocidente em uma posição difícil.

Ele precisa decidir como lidar com uma Rússia beligerante e até que ponto deve expandir seus membros para, digamos, a Ucrânia ou a Geórgia e mais além.

Esses impasses tampouco são ajudados pelo fato de que os Estados Unidos estão mais preocupados com a China, o Mar da China Meridional e o status de Taiwan atualmente do que com o destino da Europa Oriental.

Além disso, o próprio futuro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pode estar em jogo se não for capaz de dar uma resposta convincente à Ucrânia por meio da diplomacia, assistência militar e talvez até resposta militar.

Tal perda de credibilidade seria uma grande vitória para a Rússia, que vê a Otan como uma ameaça à sua própria segurança nacional e estratégia global de recuperar poder.

Em outras palavras, a importância da situação na Ucrânia não pode ser subestimada.

*David J Galbreath é professor de segurança internacional na Universidade de Bath, no Reino Unido.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês).

Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal.

BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade