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Como o envio de tropas à Rússia beneficia a Coreia do Norte

Moscou confirma reforço militar que será enviado por Pyongyang para guerra na Ucrânia

3 jul 2025 - 06h56
(atualizado às 10h19)
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O líder norte-coreano Kim Jong Un fala durante uma reunião do partido governante do país, em Pyongyang, Coreia do Norte, nesta foto divulgada em 29 de dezembro de 2024 pela Agência Central de Notícias oficial da Coreia do Norte.
O líder norte-coreano Kim Jong Un fala durante uma reunião do partido governante do país, em Pyongyang, Coreia do Norte, nesta foto divulgada em 29 de dezembro de 2024 pela Agência Central de Notícias oficial da Coreia do Norte.
Foto: Via Reuters

Uma delegação de militares norte-coreanos de alto escalão partiu para Moscou nesta segunda-feira, 30, com analistas sugerindo que Pyongyang está se preparando para enviar mais tropas nas próximas semanas para ajudar a Rússia em sua guerra contra a Ucrânia.

Depois de visitar a Coreia do Norte no mês passado, o chefe do Conselho de Segurança da Rússia e ex-ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse à imprensa russa que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, havia concordado em enviar mais 6 mil engenheiros e trabalhadores militares para a região de Kursk, na fronteira com a Ucrânia, destacando os crescentes laços militares entre Moscou e Pyongyang.

O Serviço Nacional de Inteligência (NIS, na sigla em inglês) da Coreia do Sul confirmou esses números. A agência de espionagem também afirma que a Coreia do Norte já forneceu à Rússia mais de 10 milhões de projéteis de artilharia e mísseis, recebendo em troca cooperação econômica e tecnologia militar.

Acordo mutuamente benéfico

Analistas afirmam que, dados os benefícios que ambos os lados obtiveram com sua aliança, é provável, a longo prazo, que a Coreia do Norte envie mais tropas para lutar ao lado de seus colegas russos.

"Tanto Moscou quanto Pyongyang estão conseguindo o que querem com esse acordo", ressalta Yakov Zinberg, professor de relações internacionais da Universidade Kokushikan, de Tóquio.

"Sabemos que a Rússia sofreu com centenas de milhares de mortos e feridos e que o governo não quer expandir a mobilização para as grandes cidades, como Moscou e São Petersburgo, porque isso poderia colocar em risco o regime do [presidente russo Vladimir] Putin nessas cidades", afirma ele à DW.

As autoridades norte-coreanas, por sua vez, tentaram usar as mobilizações de soldados como uma oportunidade para despertar a nação. Em cenas que parecem ter sido encenadas para causar fervor nacional antes do destacamento, a imprensa estatal transmitiu imagens na segunda-feira de Kim colocando uma bandeira norte-coreana sobre um caixão, em uma cerimônia de retorno dos restos mortais de soldados do país mortos nos combates na Europa.

Embora o vídeo mostre apenas seis caixões, os relatórios da inteligência ocidental sugerem que, dos cerca de 11 mil soldados norte-coreanos que se engajaram até agora, cerca de 6 mil foram mortos, feridos ou capturados.

As imagens também mostraram Kim chorando durante um evento cultural conjunto com a Rússia em Pyongyang, no sábado, para marcar o aniversário de um ano da assinatura de um pacto militar bilateral com Putin.

Tropas norte-coreanas "ajudam Putin"

Embora Pyongyang tenha usado o destacamento como ferramenta de propaganda, a presença das tropas norte-coreanas é uma vantagem tanto para as autoridades quanto para os cidadãos russos.

"A maioria dos que foram convocados até agora era das repúblicas remotas, e houve pouca resistência, mas quando converso com russos, eles sempre dizem que temem outra mobilização", diz Zinberg, que é natural de São Petersburgo.

"Quando o governo anuncia que mais 6 mil soldados norte-coreanos serão enviados para a linha de frente, eles dizem aos cidadãos que eles podem relaxar porque sabem que estão seguros", acrescenta. "Portanto, enviar norte-coreanos na verdade ajuda o regime de Putin."

Zinberg também diz que o uso de soldados norte-coreanos é calculado para "espalhar o medo" entre os aliados europeus da Ucrânia, que antes esperavam que a Rússia ficasse sem homens e material mais cedo ou mais tarde, ao passo que ter um aliado com armas nucleares no leste da Ásia também manterá os EUA, a Coreia do Sul e o Japão em alerta.

Ra Jong-yil, ex-diplomata e oficial sênior da inteligência sul-coreana, concorda que o "motivo fundamental" pelo qual a Coreia do Norte concordou em enviar mais tropas é devido às perdas que a Rússia já sofreu nas linhas de frente.

"Parece que algumas dessas tropas também serão usadas como trabalhadores para reconstruir a infraestrutura nas áreas ocupadas, algo em que as tropas norte-coreanas são boas, pois é assim que elas são frequentemente usadas na Coreia do Norte", afirma.

Ajudar a Rússia garante sobrevivência de Pyongyang?

Avaliações de inteligência indicam que a Rússia retribuiu à Coreia do Norte com combustível, alimentos e acesso a equipamentos militares avançados que antes eram difíceis de serem obtidos por Pyongyang, uma vez que o regime está sob rigorosos embargos e sanções das Nações Unidas, por causa de seu programa de mísseis nucleares.

Outro benefício para Pyongyang é simplesmente o prestígio de ser um aliado importante de uma potência global. Uma aliança que a Coreia do Norte pode muito bem usar a seu favor em suas negociações comerciais e de segurança com a China, que há muito tempo é o parceiro e protetor mais próximo do regime.

"Eles gostam do status que o fato de serem amigos da Rússia proporciona", sublinha Zinberg. "E prevejo que eles continuarão próximos de Moscou mesmo após o fim da guerra, oferecendo tropas e trabalhadores, porque sabem que isso pode lhes trazer recompensas que ajudam a sustentar o regime e garantir sua continuidade."

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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