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Chile deve eleger no domingo seu presidente mais à direita desde Pinochet

10 dez 2025 - 12h09
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Com uma liderança dominante nas pesquisas de opinião e um eleitorado que clama por segurança, espera-se que o candidato de extrema direita José Antonio Kast vença o segundo turno presidencial do Chile no domingo, tornando-se o líder mais conservador do país desde a ditadura militar.

Kast está concorrendo com Jeannette Jara, candidata da coalizão de esquerda do governo e membro do Partido Comunista. Uma vitória de Kast marcaria a mais forte mudança política do país em décadas e se somaria à crescente onda de governos de direita em boa parte da América Latina, impulsionada por preocupações com temas como criminalidade e migração.

"Isso levaria ao poder o presidente mais direitista do Chile desde Pinochet", disse Nicholas Watson, diretor administrativo da consultoria Teneo, referindo-se a Augusto Pinochet, o ditador que governou o país com mão de ferro de 1973 a 1990.

Kast, 59 anos, fez campanha como estudante para manter Pinochet no poder durante um referendo em 1988, mas Watson diz que ele é um democrata e menos bombástico do que outros líderes de direita da região, como o argentino Javier Milei ou o salvadorenho Nayib Bukele.

"Kast não é nenhum Pinochet", disse Watson. "Uma das grandes questões, caso ele vença, é o quanto ele se mostrará ideologicamente flexível."

CONGRESSO MODERADOR

Um linha-dura consistente ao longo de uma carreira de décadas que começou na política local, Kast se separou do tradicional e conservador Partido da União Democrática Independente em 2016 e mais tarde fundou seu atual Partido Republicano.

Os republicanos desempenharam um papel de destaque durante a segunda tentativa do Chile de reescrever sua constituição, que remonta à ditadura de Pinochet, mas foi rejeitada pelos eleitores por ser considerada polarizadora e mais conservadora do que o texto original.

Agora, Kast se comprometeu a enviar militares para bairros com alto índice de criminalidade, construir muros e trincheiras na fronteira e formar uma força policial especializada, nos moldes da força de imigração dos EUA, encarregada de rastrear e deportar migrantes que estejam no país ilegalmente, a maioria dos quais é da Venezuela, de acordo com dados do governo.

Mas, embora o Partido Republicano de Kast e outros partidos de extrema-direita tenham ganhado influência em ambas as casas do Congresso no pleito de novembro, o legislativo está dividido entre partidos de direita e de esquerda e exigirá negociações para aprovar as reformas.

Os parlamentares que Kast precisa para garantir a maioria são moderados, disse Patricio Navia, professor de estudos liberais da Universidade de Nova York.

"Se ele começar a governar pela extrema direita, será um presidente de minoria e não conseguirá fazer nada", disse ele.

O presidente que está deixando o cargo, Gabriel Boric, que uma vez prometeu transformar o Chile no túmulo do neoliberalismo, enfrentou o mesmo problema depois que sua retórica de esquerda entrou em conflito com um Congresso dividido, disse Navia. Sua tentativa de reescrever a constituição também foi rejeitada de forma esmagadora pelos eleitores.

Os chilenos esperam mudanças céleres de seu novo presidente, disse Marta Lagos, fundadora do Latinobarometro, uma pesquisa de opinião pública na América Latina.

"Não acho que ele terá uma lua de mel no início. Ele é alguém que, se em uma semana não tiver conseguido impedir roubos de carros, tiroteios, tudo isso, depois de uma semana dirão que ele não foi bem-sucedido", disse ela.

Os investidores já precificaram, em sua maioria, expectativas de uma mudança política para a direita, o que ajudou a impulsionar uma recuperação do mercado que já dura um ano, com base em expectativas de políticas e regulamentações mais favoráveis ao mercado.

ELEITORES INDECISOS

No primeiro turno da eleição presidencial do Chile, em 16 de novembro, Jara e Kast obtiveram, cada um, cerca de um quarto dos votos, com Jara à frente por pouco.

Mas a maior parte dos outros candidatos era de direita, e espera-se que seus votos sejam destinados a Kast, dando-lhe os 50% necessários para garantir a eleição.

O outsider populista Franco Parisi ficou em terceiro lugar, com pouco menos de 20% dos votos, e pediu a seus eleitores que votassem em branco. A votação no domingo é obrigatória e as últimas pesquisas mostram que cerca de 20% dos eleitores estão indecisos, o que aumenta o clima de incerteza.

No entanto, a maioria dos analistas considera a chance de vitória de Jara muito pequena e acredita que a principal questão é quanto Kast ganhará e como governará.

"O mais importante no domingo não será se Kast vencerá, isso já sabemos, mas o que ele dirá em seu discurso", disse Navia. "Será um sinal de unidade ou um sinal de divisão?"

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