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Catalunha declara independência da Espanha; Madri prepara controle direto

27 out 2017 - 16h12
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O governo da Espanha começou a tomar providências para assumir o controle direto da Catalunha nesta sexta-feira, privando a região de sua autonomia menos de uma hora depois de o Parlamento regional declarar independência - uma demonstração surpreendente de desafio a Madri.

Catalães comemoram declaração de independência da Espanha em Barcelona
  27/10/2017    REUTERS/Juan Medina
Catalães comemoram declaração de independência da Espanha em Barcelona 27/10/2017 REUTERS/Juan Medina
Foto: Reuters

Embora a declaração catalã pareça ser um gesto condenado ao fracasso, as medidas dos dois lados levam a pior crise política do país em quatro décadas a um patamar novo e possivelmente perigoso.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, pediu calma e disse que o Estado de Direito será restaurado na Catalunha, onde secessionistas nutrem há tempos o sonho de uma nação separada.

Uma multidão de mais de 2 mil apoiadores da independência se reuniu no Parque Ciutadella, diante do Parlamento localizado em Barcelona, gritando "liberdade" em catalão e cantando canções tradicionais enquanto a votação da separação transcorria.

A moção foi aprovada pela legislatura depois de um debate apaixonado entre defensores e opositores da independência em que se decretou que a Catalunha constitui um Estado independente, soberano e social democrata.

O líder catalão, Carles Puigdemont, deixou a câmara aos gritos de "Presidente!", e prefeitos que haviam chegado de áreas adjacentes brandiram seus bastões cerimoniais e cantaram o hino catalão "Os Ceifadores".

"A Catalunha é e será uma terra de liberdade. Em tempos de dificuldade e em tempos de comemoração. Agora mais do que nunca", tuitou Puigdemont.

Mas imediatamente após a notícia da votação, que três partidos de oposição boicotaram, as ações e títulos espanhóis começaram a ser descartados, refletindo o temor do mercado com o tumulto na região rica.

Em uma hora a câmara alta do Parlamento espanhol em Madri autorizou o governo de Rajoy a controlar a Catalunha diretamente - uma medida inédita na Espanha desde a volta da democracia no final dos anos 1970.

Em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que a votação de independência não mudou nada e que a União Europeia só lidará com o governo central.

Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha também rejeitaram a declaração rapidamente e expressaram apoio aos esforços de Rajoy para manter a Espanha unida.

Seu gabinete estava se reunindo na noite local desta sexta-feira para adotar as primeiras medidas para governar a Catalunha, o que pode implicar em destituir o governo de Barcelona e assumir a supervisão direta das forças policiais catalãs.

"Medidas excepcionais só deveriam ser adotadas quando nenhum outro remédio é possível", disse Rajoy no Senado na manhã desta sexta-feira.

"Em minha opinião, não há alternativa. A única coisa que pode ser feita é aceitar e cumprir a lei", afirmou o premiê, que adotou uma postura inflexível contra a campanha independentista da Catalunha.

Mas como o controle direto funcionará na prática - incluindo a reação de servidores civis e da polícia - é incerto. Alguns apoiadores da independência prometeram montar uma campanha de desobediência civil.

"Não será fácil, não será de graça, não mudará em um dia. Mas não há alternativa a um processo rumo à República Catalã", disse a parlamentar Marta Rovira, da aliança pró-independência Junts pel Si alliance, no debate que levou à votação.

O Tribunal Constitucional da Espanha disse estar analisando a votação. O procurador do Estado e outras partes têm três dias para entrar com uma ação.

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