Candidato de Boris Johnson perde e escancara crise política
Conservadores perderam reduto eleitoral após 200 anos
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, sofreu uma dura derrota nas eleições suplementares em North Shropshire nesta sexta-feira (17) e adicionou mais uma camada de crise à sua liderança política.
Pertencente aos conservadores há 200 anos, os cerca de 80 mil eleitores da localidade rural optaram por eleger a candidata do Partido Liberal-Democrático, Helen Morgan, com 46,3% dos votos - oito mil a mais do que seu concorrente, Neil Shastri-Hurst.
Após a vitória, Morgan afirmou que a eleição mostrou um sinal "claro e forte" de que a "festa acabou" para Johnson. "O seu governo, baseado em mentiras e bravatas, será considerado responsável. Pode e será derrotado", disse a vencedora.
Em entrevista à "Sky News", Johnson disse que estava "assumindo pessoalmente a responsabilidade do resultado" em North Shropshire e disse que as urnas mostraram um resultado "muito decepcionante". No entanto, afirmou que consegue "compreender completamente" a frustração dos eleitores.
Johnson enfrenta uma crise política sem precedentes em seu governo. Na última terça-feira (14), cerca de 25% da bancada conservadora no Parlamento votou contra a imposição de novas regras sanitárias por conta da pandemia de Covid-19, que está em seu pior momento no número de contágios, em protesto a seu governo.
Além disso, opositores fizeram discursos públicos criticando sua "fraqueza" na gestão e atrelando ao governo essa nova onda de contaminações por ter afrouxado demais as regras sanitárias.
O premiê também está no meio de uma série de denúncias da mídia britânica de que teria participado de uma festa, realizada em sua residência oficial, no fim do ano passado, quando o governo havia implementado um rígido lockdown. O evento teria ocorrido em 15 de dezembro e teria contado com a participação de vários membros do Gabinete.
Em outra denúncia de jornais, Johnson teria pressionado os parlamentares de sua base aliada para anular a suspensão do político Owen Patterson, que cometeu lobby para duas empresas.
Com isso, a liderança política do premiê entre seus pares - apesar de declarações formais negando - está cada vez mais abalada. .