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Bolsonaro nos EUA: Encontro com Trump e repercussão no Twitter são destaques na mídia americana

O presidente Jair Bolsonaro encerrou terça-feira sua primeira viagem oficial aos Estados Unidos. Do encontro, segundo os jornais americanos, saíram promessas de cooperação e memes recheados de críticas.

20 mar 2019 - 09h38
(atualizado às 11h52)
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Semelhança de visões entre os dois presidentes foi destacada pela imprensa
Semelhança de visões entre os dois presidentes foi destacada pela imprensa
Foto: AFP/Getty Images / BBC News Brasil

O encontro do presidente Jair Bolsonaro com Donald Trump nos Estados Unidos - citado por eles como "uma nova era de cooperação entre as duas potências hemisféricas" - foi destaque nos principais jornais americanos, que também deram espaço à repercussão dividida entre críticas e apoio ao brasileiro nas redes sociais.

O New York Times ressaltou que, para Trump, receber o presidente brasileiro foi como "olhar no espelho". Bolsonaro foi citado na publicação como "um eco" de Trump: "um nacionalista ousado cujo apelo populista vem em parte de seu uso do Twitter e de seu histórico de declarações ofensivas contra mulheres, gays e grupos indígenas".

Em parte por causa da semelhança de estilo entre eles, disse o jornal, autoridades da Casa Branca se mostraram otimistas sobre a capacidade de Brasil e Estados Unidos lidarem com suas eventuais diferenças e de estabelecerem uma relação mais estreita no comércio e em questões regionais como o enfrentamento da crise política na Venezuela.

Dizendo que "Trump aprovou Bolsonaro, outro presidente impetuoso envolvido em escândalo - em referência a casos de supostas irregularidades que pairam sobre o governo - o Los Angeles Times disse que a recepção ao brasileiro no tapete vermelho coroou "um namoro de longa distância" entre eles que começou durante a campanha presidencial do Brasil no ano passado.

O texto também destacou diversas semelhanças de visões que os dois presidentes compartilham e que se comprometeram em cooperar contra o governo socialista de Nicolas Maduro na Venezuela. Trump e Bolsonaro foram os primeiros a reconhecerem o líder da oposição venezuelana, Juan Guaidó, como presidente interino, e fazem pressão para Maduro deixar o poder.

"Hostilidade em relação à imprensa"

"Também em comum com Trump", o jornal enfatizou o que chamou de "conservadorismo social e hostilidade em relação à imprensa" por parte de Bolsonaro.

"Brasil e Estados Unidos estão lado a lado em seus esforços para compartilhar liberdades e respeito a estilos de vida tradicionais e familiares; respeito a Deus, nosso criador; contra a ideologia de gênero das atitudes politicamente corretas e fake news", disse Bolsonaro.

Momentos depois, observou ainda o Los Angeles Times, Trump disse estar "muito orgulhoso de ouvir o presidente brasileiro usar o termo fake news". Ele também se queixou do que disse ser um "viés tendencioso anti-conservadorismo visível em algumas plataformas de mídia social", alegando que existe uma repressão "conivente" das empresas responsáveis pelas redes contra usuários que expressam visões conservadoras.

Washington Post destaca "embaraço" no Twitter

E como esse encontro repercutiu, justamente no Twitter, foi um dos focos abordados por outro jornal americano, o The Washington Post.

Hashtags como #BolsonaroEnvergonhaOBrasil, por parte de críticos, e #BolsonaroOrgulhoDoBrasil, por parte de apoiadores, viralizaram e foram lembradas pela imprensa.

O Washington Post destacou que nem todo mundo aplaudiu o encontro em que "o novo presidente de extrema direita do Brasil e Trump trocaram saraivadas de bajulação".

"Bolsonaro enfrentou nesta terça-feira uma tempestade no Twitter por parte de detratores locais que foram à rede social - a ferramenta que ajudou o ex-capitão de 63 anos a se eleger no ano passado - para acusá-lo de supostamente vender a maior nação da América Latina aos Yankees".

Em outro texto, o The Washington Post ridicularizou a menção de Trump à possível entrada do Brasil na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar entre os EUA, Canadá e vários países europeus).

Na coletiva de imprensa, o americano afirmou que pediria a concessão ao Brasil do status de aliado extra-Otan (condição que ampliaria as possibilidades de cooperação entre as Forças Armadas brasileiras e americanas) ou até mesmo a inclusão do Brasil na Otan.

"Poderia ser uma sugestão interessante", diz o jornal, "se o Brasil estivesse localizado em algum ponto entre a Grécia e a Grã-Bretanha". A reportagem afirma que, para incluir o Brasil, Trump teria de convencer todos os membros a alterar um artigo do tratado de fundação da aliança, segundo o qual só podem pertencer ao grupo países europeus, além dos EUA e do Canadá.

Entre críticas e elogios

Os posts criticam anúncios feitos durante o encontro, como a decisão do governo brasileiro de isentar cidadãos dos EUA, Japão, Austrália e Canadá da necessidade de vistos para viajar ao Brasil como turistas - sem que apresentem contrapartidas semelhantes aos brasileiros.

Durante a visita, Bolsonaro também demonstrou apoio ao projeto dos Estados Unidos de construir um muro para frear a imigração na fronteira com o México e declarou que a maioria dos imigrantes é mal intencionada.

Como resultado de sua política de aproximação com o governo americano, foi firmado ainda um acordo que pode viabilizar o uso comercial do centro de lançamento espacial de Alcântara, no Maranhão, por parte dos americanos.

De sua parte, Trump prometeu apoio para o ingresso do Brasil na OCDE (organização que reúne países desenvolvidos), além do upgrade na aliança militar.

Em um dos memes gerados na rede social a partir do encontro, o Washington Post mostra que Bolsonaro aparece de joelhos lambendo os sapatos de Trump junto a uma legenda que diz: "Fazer meus sapatos limpos de novo" - uma alusão ao slogan "Fazer a América Grande de novo", do presidente americano. Em outro, um apoiador diz que "Agora o nosso país pode mostrar ao mundo que somos pessoas extraordinárias e uma grande nação".

Esta foi a primeira visita oficial de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos e a segunda ao exterior desde que assumiu o cargo. A primeira foi realizada no início do ano, à Suíça, onde participou do Fórum Econômico Mundial.

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