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Assassinato foi planejado antes, diz presidente da Turquia

Recep Tayyip Erdogan afirma que um grupo de 15 pessoas entrou na sede diplomática no dia do assassinato de Jamal Khashoggi

23 out 2018 - 08h32
(atualizado às 08h33)
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ANCARA - O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, revelou nesta terça-feira, 23, detalhes sobre o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, um caso que tem prejudicado a imagem da Arábia Saudita. Em um discurso no Parlamento em Ancara, três semanas depois que ele desapareceu ao entrar no consulado saudita em Istambul, Erdogan disse que as câmeras da sede diplomática haviam sido desativadas e que a operação para matar Khashoggi foi planejada dias antes. Além disso, afirmou que um time de 15 pessoas entrou no prédio no dia da morte do jornalista.

Tayyip Erdogan, presidente da Turquia
Tayyip Erdogan, presidente da Turquia
Foto: Tumay Berkin / Reuters

Erdogan pediu uma "comissão de investigação independente" sobre o caso. Além disso, pediu que os 18 suspeitos sauditas de envolvimento na morte de Khashoggi sejam julgados em Istambul e que "todos os que desempenharam um papel" na operação sejam punidos. O presidente turco questionou ainda onde estaria o corpo do jornalista, que não foi encontrado, e quem deu as ordens para matá-lo.

O líder turca disse também que o sistema de vigilância por câmeras do consulado saudita foi desativado antes da morte de Khashoggi. "Antes, (os sauditas envolvidos) removeram o disco rígido do sistema", afirmou ele. "Foi um assassinato político."

"Desde o início, a linha do nosso presidente é clara: não haverá nenhum segredo sobre este caso", declarou na segunda-feira o porta-voz da presidência turca, Ibrahim Kalin. Ele insistiu, contudo, na necessidade de preservar as relações entre Ancara e Riad. "A Arábia Saudita é um país importante para nós. É um país irmão e amigo. Temos muitas associações e não queremos que elas sejam prejudicadas."

Os turcos questionaram rapidamente a versão oficial das autoridades sauditas, segundo as quais Khashoggi havia saído do consulado. O ministro saudita das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir, afirmou nesta terça que medidas serão adotadas para que uma morte como a de Khashoggi nunca volte a acontecer, e prometeu uma investigação "exaustiva e completa".

De acordo com informações do jornal turco Sabah, um diplomata da Arábia Saudita que trabalhava em Istambul desde 2015 foi o cérebro da operação que matou Khashoggi. O veículo, próximo ao governo turco, afirmou que Ahmed Abdulah al Muzaini, a quem define como chefe local da inteligência saudita, viajou para Riad no dia 29 de setembro e retornou no dia 1.º de outubro, véspera do desaparecimento do jornalista. Sabah, que não menciona nenhuma fonte, alega que foi esta pessoa quem recebeu e executou a ordem de matar o jornalista.

O porta-voz do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco), Ömer Çelik, já denunciou que a morte de Khashoggi foi planejada. "Foi planejada de maneira brutal, e fizeram um esforço enorme para escondê-la. Estamos diante dessa situação, é um assassinato muito complicado", disse. "Esperamos que os resultados (da investigação) venham à tona, que os responsáveis sejam punidos e ninguém jamais volte a pensar em fazer algo parecido."

Fórum Econômico

O Fórum Econômico Internacional organizado pela Arábia Saudita começou nesta terça-feira em Riad, em meio à tempestade diplomática provocada pelo assassinato do jornalista saudita. Muitos executivos de grandes empresas e representantes de grupos de comunicação desistiram de participar da conferência Future Investment Initiative (FII) em razão do caso.

O fórum é realizado no hotel Ritz-Carlton e conta com um importante dispositivo de segurança. As autoridades não informaram se o príncipe herdeiro, Mohamed bin Salman, que patrocinou a primeira edição do encontro, vai discursar no evento.

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