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Ásia

Moon Jae-in, o defensor dos direitos civis que tenta chegar à presidência

5 mai 2017 - 20h24
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O liberal Moon Jae-in, ex-advogado especializado na defesa de direitos civis, chega às eleições presidenciais sul-coreanas como claro favorito por canalizar melhor do que ninguém a frustração deixada por dez anos de governos conservadores e pelo escândalo do caso "Rasputina".

Após o caso de corrupção que forçou o impeachment e a detenção preventiva da ex-presidente Park Geun-hye (para quem perdeu em 2012), Moon se comprometeu a aumentar os salários, criar empregos e potencializar as pequenas e médias empresas para reduzir a concentração de riqueza e o poder dos "chaebol" (os grandes conglomerados).

No entanto, o favorito nestas eleições (as pesquisas dão mais de 20 pontos de vantagem sobre seus concorrentes, o centrista Ahn Cheol-soo e o conservador Hong Yoon-pyo) quis moderar o discurso, ressaltando a enorme importância que estes grupos têm para a quarta maior economia da Ásia.

Isto despertou certo ceticismo sobre a mudança real que seu governo pode trazer para um país que, com o escândalo da "Rasputina", revelou os podres de sua elite política e empresarial.

Em todo caso, Moon, de 64 anos e a quem alguns tacham de "idealista e politicamente inconsistente", é bem visto entre os eleitores do país asiático por se encaixar perfeitamente no molde dos social-democratas tradicionais sul-coreanos diante das propostas centristas ou mais de esquerda de alguns de seus rivais.

De pais norte-coreanos e nascido no último ano da Guerra da Coreia (1953) em um campo de refugiados da ilha de Geoje, viveu quase toda sua infância na vizinha Busan (segunda maior cidade do país) e depois se tornou um líder estudantil na Universidade Kyunghee de Seul.

Seu papel à frente de numerosas manifestações contra o governo do ditador Park Chung-hee (pai da recém-deposta presidente) o fez ser detido em várias ocasiões antes de se formar em Direito em 1980.

Seu passado como líder pró-democrático fez com que, dois anos depois, a junta do general Chun Doo-hwan lhe negasse uma vaga como juiz, apesar de ter ficado em segundo na oposição.

Aquilo foi providencial para que retornasse a Busan e conhecesse Roh Moo-hyun, que acabaria sendo presidente da Coreia do Sul entre 2003 e 2008.

Amigos inseparáveis até o suicídio de Roh em 2009, juntos entraram com vários processos por violação de direitos humanos nos últimos anos de ditadura a partir de um escritório de advocacia de Busan.

Após a vitória de Roh em 2002, Moon ocupou vários cargos como secretário de governo durante seu mandato, antes de se retirar da política e voltar à advocacia.

O suicídio de seu grande amigo por causa do envolvimento de vários familiares em um caso de corrupção o jogou de novo aos olhos do público quando discursou no funeral de Roh, algo que geralmente é reservado ao filho primogênito do falecido, segundo a tradição coreana.

Esta amostra de fidelidade fez com que o Partido Democrático, pelo qual agora concorre, tenha definido Moon como candidato ideal para derrotar Park em 2012 e o convenceu a retornar à política.

Católico, casado e com dois filhos, sua grande popularidade já obrigou que naquelas eleições Ahn Cheol-soo (um de seus principais rivais nestas eleições presidenciais) se retirasse da corrida presidencial para não dividir o voto liberal.

Na política internacional, é apontado como muito tenro e próximo à Coreia do Norte, algo do qual tirou peso lembrando sua passagem pelas forças especiais do exército e salientando que aceita as atuais sanções que pesam sobre o regime de Pyongyang por seus testes de mísseis.

Moon também advogou por uma relação estreita com o principal aliado militar do país, os Estados Unidos, embora também tenha reivindicado a necessidade de Seul não ser um simples servo de Washington e de desenvolver a capacidade para dizer "não".

Seu lado mais paradoxal e menos amável aflorou quando disse em campanha que é contra a homossexualidade (tal qual a maioria dos candidatos), palavras que seu partido depois tentou esclarecer, mas que denotam a intensa e generalizada discriminação que o coletivo LGTB ainda sofre no país asiático.

EFE   
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