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Apesar de força agrícola, crise econômica na Argentina aumenta fome

9 out 2019 - 12h58
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Em Claypole, situada nos arredores de Buenos Aires, Elena Escobar atende crianças de rua que sobrevivem de refeição em refeição no sopão da instituição de caridade local Caritas Felices.

Crianças comem em instituição de caridade em Claypole,  nos arredores de Buenos Aires
17/09/2019
REUTERS/Agustin Marcarian
Crianças comem em instituição de caridade em Claypole, nos arredores de Buenos Aires 17/09/2019 REUTERS/Agustin Marcarian
Foto: Reuters

Elena, de 53 anos, diz que a cozinha administrada por voluntários percebeu um aumento no número de crianças e famílias em busca de ajuda nos últimos meses em meio a uma recessão cruel e uma elevação rápida de preços que empurraram milhões de pessoas para a pobreza.

"Há muitas crianças necessitadas, muitas desnutridas, crianças que chegam à hora do jantar e não têm o que comer", contou Elena. A cozinha atende mais de 100 crianças por semana --eram de 20 a 30 quando começou a funcionar em abril.  

O aumento da fome e da pobreza cria um pano de fundo complexo para os líderes da terceira maior economia da América Latina, que estão realizando reuniões tensas com credores para evitar um calote de bilhões de dólares de dívida em meio a uma crise econômica e política.

Autoridades irão a Washington ainda neste mês, antes da eleição presidencial de 27 de outubro, para conversarem com o Fundo Monetário Internacional (FMI), um grande apoiador que fechou um acordo de financiamento de 57 bilhões de dólares com o país no ano passado.

As conversas podem influenciar o governo atual do presidente Mauricio Macri e do próximo, que provavelmente será liderado pelo peronista de esquerda Alberto Fernández, o favorito para vencer a eleição.

A cozinha de Claypole está longe de ser a única que testemunha o aumento da penúria. Dados do governo mostram que a taxa de pobreza saltou para 35% na primeira metade de 2019 em meio à recessão e à inflação alta, em comparação aos 27,3% de um ano antes.

Cerca de 13% das crianças e dos adolescentes passaram fome em 2018, segundo dados da Pontifícia Universidade Católica Argentina, e os preços de alimentos crescentes se tornaram um alvo frequente da revolta popular em protestos de rua em todo o país.

Os líderes políticos sabem que algo precisa ser feito, mas enfrentam um malabarismo complicado: impulsionar o crescimento e os gastos para amenizar problemas como a fome e ao mesmo tempo reduzir a dívida e evitar um calote prejudicial que cortaria o acesso aos mercados globais.

"Não podemos viver em paz com tal flagelo", disse Fernández em um discurso na segunda-feira em referência à fome, que descreveu como a "maior vergonha" da Argentina.

Fernández, que é impulsionado pelo apoio à candidata a vice na chapa, a ex-presidente Cristina Kirchner, culpa Macri e as medidas de austeridade acertadas com o Fundo Monetário Internacional pelo aumento da pobreza e da fome.

Por outro lado, o companheiro de chapa de Macri, Miguel Pichetto, disse na segunda-feira que o caminho para erradicar a fome é gerar empregos e atrair "grandes empresas globais" para a Argentina.

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