Uma mulher é morta a cada dez minutos no mundo por companheiro ou familiar, aponta relatório da ONU
Uma mulher é assassinada no mundo a cada dez minutos por um conhecido. O alerta foi feito pela ONU por ocasião do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, em 25 de novembro. Segundo o relatório, em 2024, 50 mil mulheres e meninas foram assassinadas no mundo por seus companheiros ou familiares. O número total de feminicídios, baseado em dados de 117 países, equivale a 137 mulheres assassinadas por dia por pessoas próximas.
Os dados foram coletados pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime e pela ONU Mulheres. De acordo com o documento, os lares continuam sendo o lugar mais perigoso para mulheres e meninas. A ONU destaca a falta de progresso na luta contra o feminicídio.
Cerca de 60% das mulheres assassinadas no mundo foram vítimas de seus parceiros íntimos ou familiares, como pais, tios e irmãos. Em comparação, apenas 11% dos homens que morreram por homicídio foram atacados por alguém próximo, afirma o relatório.
Os casos de feminicídios foram ligeiramente inferiores aos reportados em 2023, embora isso não represente uma queda real, já que se deve principalmente a diferenças na disponibilidade de dados entre os países, observa a ONU.
Todas as regiões são afetadas
Não há nenhuma região do mundo onde não haja feminicídios. A África, no entanto, mais uma vez registrou o maior número de casos no ano passado: 22.600. Na segunda posição aparece a Ásia, com 14.400 casos, seguida das Américas, onde 7.700 mulheres foram vítimas.
Os dados ainda mostram diferenças sub-regionais. Nos países da Europa Oriental, por exemplo, a taxa de feminicídio continua sendo aproximadamente o dobro da de outras partes do continente, embora tenha diminuído significativamente entre 2015 e 2021.
As tendências sub-regionais nas Américas mostram que a taxa de feminicídio por parceiro íntimo ou familiar continua sendo consistentemente mais alta na América Central do que em outras partes da região.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2024, o país registrou 1.492 vítimas de feminicídio, ou seja, quatro mulheres morreram por dia devido a esse tipo de violência.
"Os feminicídios não ocorrem de forma isolada. Eles costumam fazer parte de um ciclo de violência que pode começar com comportamentos controladores, ameaças e assédio, inclusive online", alerta Sarah Hendricks, diretora da Divisão de Políticas da ONU Mulheres, em um comunicado.
O relatório menciona que o desenvolvimento tecnológico exacerbou alguns tipos de violência contra mulheres e meninas, tanto online quanto offline, com ações como compartilhar imagens sem consentimento, coleta de informações privadas sem permissão e vídeos ultrarrealistas feitos com inteligência artificial, conhecidos como "deepfakes", para serem publicados com o objetivo de causar danos.
Prevenção
Para prevenir o crime de feminicídio de maneira eficaz, a ONU indica que são necessárias políticas específicas que abordem as formas particulares de violência de gênero praticadas na esfera privada, visto que existem diferenças cruciais na forma como o feminicídio por parceiro íntimo e por outros membros da família ocorre.
Embora muitos países tenham feito esforços para prevenir o feminicídio, esses assassinatos persistem em níveis preocupantemente elevados. Em muitos casos, o feminicídio é o trágico fim de um padrão de violência contínua, o que significa que, com intervenção oportuna e adequada, ele poderia ser prevenido.