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América Latina

'Intervenção militar de Trump na Venezuela seria desastroso', avalia especialista

As tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela voltaram a se intensificar após declarações do ex-presidente Donald Trump, que afirmou ter autorizado a CIA a conduzir operações secretas no território venezuelano. Em entrevista à RFI, o especialista Fabrice Andréani, pesquisador da Universidade Lumière Lyon 2 e doutorando sobre a Revolução Bolivariana, analisou os desdobramentos dessas declarações e o cenário geopolítico da região.

16 out 2025 - 12h45
(atualizado às 12h48)
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As tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela voltaram a se intensificar após declarações do ex-presidente Donald Trump, que afirmou ter autorizado a CIA a conduzir operações secretas no território venezuelano. Em entrevista à RFI, o especialista Fabrice Andréani, pesquisador da Universidade Lumière Lyon 2 e doutorando sobre a Revolução Bolivariana, analisou os desdobramentos dessas declarações e o cenário geopolítico da região.

Donald Trump durante reunião de gabinete na Casa Branca, em 9 de outubro de 2025.
Donald Trump durante reunião de gabinete na Casa Branca, em 9 de outubro de 2025.
Foto: REUTERS - Evelyn Hockstein / RFI

Anne Cantener, da RFI, em Paris

Após o envio de embarcações militares às proximidades das águas venezuelanas, a destruição de barcos suspeitos de envolvimento com o narcotráfico e sobrevoos com aviões de caça, Trump agora menciona a possibilidade de ataques terrestres "cirúrgicos".

Segundo Fabrice Andréani, "ele já tem o controle do mar e do espaço aéreo, e agora mira alvos em terra", como usinas de armas e instalações militares ligadas a generais chavistas, com o objetivo de pressionar o presidente Nicolás Maduro e abrir caminho para negociações políticas.

Embora uma invasão em larga escala pareça improvável, o pesquisador não descarta ações pontuais por forças especiais, caso o regime de Maduro venha a se fragmentar ainda mais. "O cenário mais extremo seria uma operação similar à que eliminou o general iraniano Qassem Suleimani, em 2020", lembrou Andréani.

Maduro como alvo direto?

Durante uma coletiva recente, Trump se recusou a responder se Maduro poderia ser um alvo direto. Para Andréani, a ameaça é uma probabilidade, sobretudo pelo estilo do presidente dos Estados Unidos: "Trump costuma trabalhar com uma gama de opções, e desde que removeu figuras do que chamava de 'Estado profundo', ele se sente mais livre para agir sem os freios institucionais que o limitaram no primeiro mandato".

Ainda segundo o especialista, o governo venezuelano é altamente fragmentado e compartilha o controle territorial com grupos armados de caráter mafioso, o que complica qualquer intervenção direta.

Narcotráfico como justificativa

"Trump não baseia sua retórica na defesa da democracia, mas sim na acusação de que o regime venezuelano estaria envolvido com o tráfico de cocaína. Essa narrativa, no entanto, não é nova. A expressão 'Cartel dos Sóis' — em referência às insígnias dos generais venezuelanos — já era usada nos anos 1990, antes mesmo de Hugo Chávez chegar ao poder", explica Andréani.

Apesar de haver evidências de participação de setores militares no trânsito de cocaína colombiana pelo território venezuelano, o especialista afirma que a quantidade diminuiu nos últimos anos, representando atualmente entre 5% e 10% do total.

Retorno ao intervencionismo?

As ações de Trump contradizem sua promessa de campanha de evitar envolvimento militar no exterior. Andréani aponta um possível retorno à Doutrina Monroe, que defende a exclusão de potências estrangeiras do continente americano, especialmente China e Rússia, ambas presentes na Venezuela.

"Esse discurso anticolonial esconde, na verdade, uma prática neocolonial típica do imperialismo americano do século 20", diz Andréani. Segundo ele, os EUA historicamente intervieram para garantir governos aliados, democráticos ou não, e a atual postura de Trump parece seguir essa mesma lógica.

Apesar da escalada retórica, Fabrice Andréani acredita que um envolvimento militar direto seria desastroso, especialmente considerando o apoio popular conquistado recentemente pela oposição venezuelana nas eleições, com mais de 70% dos votos.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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