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América Latina

Cuba está pronta para o casamento gay, diz filha de Raúl Castro

Em visita a Porto Alegre, a deputada Mariela Castro afirma que ainda encontra resistência da sociedade cubana

5 abr 2013 - 15h27
(atualizado às 15h35)
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<p>Mariela Castro foi recebida pelo governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT)</p>
Mariela Castro foi recebida pelo governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT)
Foto: Governo do Estado do RS / Divulgação

Recentemente eleita para o Parlamento de Cuba, a sexóloga Mariela Castro, filha do presidente Raúl Castro, afirmou que seu país está pronto para receber uma legislação que legalize o casamento entre pessoas do mesmo sexo. “Eu acredito que Cuba sim, está pronta, ainda que muitas pessoas não acreditem”, disse a comunista ao Terra durante visita a Porto Alegre nesta quinta-feira.

Mariela, 50 anos, visitou um hospital na manhã de hoje para conhecer o trabalho desenvolvido na área da diversidade sexual e tratamento do HIV e, ao meio-dia, almoçou com o governador gaúcho, Tarso Genro (PT), no Palácio Piratini. Reconhecida mundialmente por seu trabalho no Centro Nacional Cubano de Educação Sexual, a sexóloga disse que usará seu mandato como deputada para ampliar o alcance do trabalho que já desenvolve.

“Como deputada vou fazer o mesmo que tenho feito até agora. Seguir fazendo lobby e advogando para que nossos deputados e deputadas se conscientizem da necessidade de que nosso país avance também nesse tipo de legislação, independentemente de que a população LGBT já goze dos mesmos direitos que toda a população”, afirma. No entanto, ela reconhece que em “aspectos específicos”, como no que diz respeito ao reconhecimento legal dos casais do mesmo sexo, Cuba ainda está patinando.

“Enquanto a lei não é apresentada no Parlamento, nós não perdemos tempo e desde 2007 estamos trabalhando em uma estratégia educativa e de comunicação social para ir sensibilizando a população cubana da necessidade de estabelecer ações concretas que demonstrem nosso respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero”, diz.

O Partido Comunista (PC) de Cuba e seus principais líderes, como seu tio Fidel Castro e o revolucionário Che Guevara, têm um histórico de homofobia e discriminação de gênero, como a própria Mariela reconhece. Em entrevistas anteriores, ela lembrou que, no passado, o PC expulsava os militantes gays e chegou a criar Unidades Militares de Ajuda à Produção (Umaps), que recrutavam homossexuais à força para serem “verdadeiros homens”.

No entanto, Mariela destaca que, nos últimos anos, isso está mudando. “Uma coisa que me dá muito orgulho é que finalmente o PC, em sua conferência de janeiro de 2012, aprovou um objetivo dirigido a lutar contra todas as formas de discriminação, incluindo a orientação sexual e a identidade de gênero, coisa que nunca antes havia entendido e pela primeira na política comunista está sendo proposta”, afirma Mariela. “Isso leva a ações concretas e, de alguma maneira, apoia o que estamos fazendo.”

Questionada se pretende, de fato, apresentar um projeto no Parlamento cubano para estabelecer o casamento igualitário, Mariela responde que tem essa intenção há muito tempo. "Faz tempo que temos esse plano, mas há muita resistência e seguimos trabalhando para conseguir que finalmente se apresente e se aprove”, diz.

<p>A sexóloga, que é diretora do Centro Nacional Cubano de Educação Sexual, assumiu como deputada no dia 24 de fevereiro, quando seu pai, Raúl, foi reeleito na presidência de Cuba</p>
A sexóloga, que é diretora do Centro Nacional Cubano de Educação Sexual, assumiu como deputada no dia 24 de fevereiro, quando seu pai, Raúl, foi reeleito na presidência de Cuba
Foto: Governo do Estado do RS / Divulgação

Conselhos de Raúl

Mariela contou à reportagem que seu pai, o presidente Raúl Castro, recomendou que antes de apresentar uma legislação nesse sentido, trabalhe para garantir o apoio necessário para aprová-la. “Há pessoas com mais experiência que dizem ‘imagina que você apresente um projeto que não tenha um apoio suficiente. É melhor que siga trabalhando nessa estratégia educativa para conseguir mais pessoas que o aceitem e depois apresentar a legislação’. Foi meu pai que me deu essa recomendação. E eu o agradeço, porque me dei conta que ele tem razão”, diz. 

Fonte: Terra
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