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Após aprovação histórica, ONU inicia corrida para implementar plano de paz dos EUA em Gaza

Conselho de Segurança endossa força internacional de estabilização e nova governança para Gaza; próximos passos envolvem negociações delicadas com Israel, países árabes e um Hamas que rejeita o acordo.

19 nov 2025 - 04h51
(atualizado em 19/11/2025 às 08h45)
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Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

O embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Michael Waltz, e outros embaixadores votam a favor de uma resolução durante uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas para analisar uma proposta dos EUA para um mandato da ONU para estabelecer uma força internacional de estabilização em Gaza, na sede da ONU em Nova Iorque, EUA, em 17 de novembro de 2025.
O embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Michael Waltz, e outros embaixadores votam a favor de uma resolução durante uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas para analisar uma proposta dos EUA para um mandato da ONU para estabelecer uma força internacional de estabilização em Gaza, na sede da ONU em Nova Iorque, EUA, em 17 de novembro de 2025.
Foto: REUTERS - Eduardo Munoz / RFI

Num dos movimentos diplomáticos mais significativos desde o início da guerra há dois anos, o Conselho de Segurança da ONU aprovou o plano de paz proposto pelos Estados Unidos para Gaza, mas agora começa a parte mais complexa: transformar a resolução em realidade. Os próximos dias serão decisivos para definir a composição da força internacional que entrará no enclave, negociar o papel de Israel e do Egito na operação, lidar com a rejeição do Hamas e contornar a crise política que o texto provocou em Israel.

A resolução, aprovada por 13 votos e com abstenções estratégicas de Rússia e China, dá um mandato legal para a implantação de uma Força Internacional de Estabilização (ISF) encarregada de entrar em Gaza, desarmar grupos armados, proteger civis e garantir rotas seguras de ajuda humanitária. O plano também determina a criação de uma governança transitória, supervisionada por um "board of peace", que será liderado pelo presidente Donald Trump e terá a missão de coordenar tecnocratas palestinos e gerenciar a reconstrução do território.

O primeiro desafio será diplomático: Washington começará imediatamente conversas com países árabes e aliados para definir quem enviará tropas e como funcionará o comando unificado da ISF. Os EUA afirmam que vários países, inclusive de maioria muçulmana, como Indonésia e Azerbaijão, já se ofereceram para integrar a força.

Outro ponto crucial é negociar a saída gradual de Israel de Gaza enquanto uma nova força policial palestina é treinada para atuar sem vínculos com o Hamas. Paralelamente, o Banco Mundial deve formalizar, nos próximos dias, o fundo fiduciário que financiará a reconstrução do enclave.

Ao defender o plano no Conselho de Segurança, o embaixador dos EUA na ONU, Mike Waltz, descreveu Gaza como "inferno na Terra" e chamou a proposta de "uma tábua de salvação", agradecendo aos países que, segundo ele, "ajudaram a traçar um novo curso" para a região.

Hamas não está contente com o plano

O Hamas rejeitou de imediato o plano, classificando a resolução como "perigosa" e um "mecanismo de tutela internacional" sobre Gaza. A organização afirma que não aceitará desarmamento, nem a presença de forças estrangeiras dentro do território, alegando violação da soberania palestina.

"O mandato atribui à força internacional papéis que a tiram da neutralidade e a colocam a serviço da ocupação", disse o grupo em comunicado, reafirmando que qualquer força só poderia atuar nas fronteiras para monitorar o cessar-fogo.

Essa resistência coloca em risco um dos pilares do plano: o desmantelamento de arsenais de grupos armados e a criação de um ambiente seguro o suficiente para iniciar a reconstrução.

Israel não aceita abertura para solução de dois estados

O texto também gerou turbulência política em Israel. O governo de Benjamin Netanyahu enfrenta pressão interna após o Conselho de Segurança mencionar a possibilidade futura de um Estado Palestino, embora sem o definir como objetivo imediato.

Netanyahu reagiu dizendo que a oposição de seu governo à criação de um Estado Palestino "continua válida e não mudou nem um pouco", após aliados na coalizão ameaçarem abandonar o governo caso o primeiro-ministro não se posicionasse contra o plano.

Paralelamente, tensões continuam na Cisjordânia, onde ataques de colonos israelenses — incluindo incêndios contra casas palestinas — desafiam a viabilidade de qualquer arranjo de estabilização.

RFI A RFI é uma rádio francesa e agência de notícias que transmite para o mundo todo em francês e em outros 15 idiomas.
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