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'Amazônia é um problema mundial', diz papa Francisco

Já cardeal disse que Sínodo não questionará soberania do Brasil

3 out 2019 - 12h56
(atualizado às 13h35)
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O papa Francisco afirmou nesta quinta-feira (3) que os incêndios florestais na Amazônia são um "problema mundial".

A declaração chega às vésperas do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, que acontece de 6 a 27 de outubro, no Vaticano, e discutirá novas formas de evangelização na floresta tropical.

Papa Francisco durante audiência geral no Vaticano
Papa Francisco durante audiência geral no Vaticano
Foto: EPA / Ansa

Em audiência com membros da Ordem de Santa Úrsula, o líder da Igreja Católica destacou que a proteção dos direitos humanos, a conquista da liberdade de pensamento e religiosa e a tutela do meio ambiente não dizem respeito apenas a um povo ou uma nação, "mas a todo o mundo".

"Por exemplo, a Amazônia que queima não é apenas um problema daquela região, é um problema mundial", disse o Papa. O Sínodo deve produzir um forte discurso em defesa da floresta e é tema de preocupação no governo Bolsonaro, que já sofre pressões internacionais por conta das queimadas.

Em coletiva de imprensa para apresentar o Sínodo, realizada nesta quinta, no Vaticano, o relator da assembleia episcopal, cardeal Cláudio Hummes, ressaltou que a Igreja fez reuniões com o governo para explicar que a soberania do Brasil "não está em discussão".

"Sobre isso, há até uma declaração oficial dos bispos brasileiros: a soberania brasileira é intocável. O que não quer dizer que o resto do planeta não possa falar nada sobre o que acontece na Amazônia", afirmou Hummes, também arcebispo emérito de São Paulo e amigo pessoal de Francisco.

Ataques

O Sínodo é alvo de ataques da ala ultraconservadora do clero por causa de seu viés ambientalista e por discutir propostas consideradas heréticas por alguns religiosos, como a possibilidade de se ordenar homens casados, preferivelmente indígenas, como padres na Amazônia.

Dois cardeais, o americano Raymond Burke e o cazaque Athanasius Schneider, líderes da oposição ao Papa, chegaram a convocar 40 dias de jejum contra as supostas "heresias" contidas no documento preparatório do Sínodo.

"Estou ciente das críticas, mas o instrumento de trabalho não é um documento pontifício, é apenas a reunião das sugestões colocadas pelos povos amazônicos", disse o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, cardeal Lorenzo Baldisseri.

"Se algum cardeal ou bispo não estiver de acordo, ele é livre para dizê-lo, mas isso não é um documento de magistério, é um documento que será dado aos padres sinodais e servirá de base para construir o relatório final do zero", acrescentou.

Ao fim da assembleia episcopal, o relator produzirá um documento conclusivo do Sínodo, que pode servir de instrumento para o Papa fazer uma exortação apostólica.

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