A presidência do Egito rejeitou nesta terça-feira o ultimato do Exército contra o presidente Mohamed Morsi. As Forças Armadas ameaçaram intervir caso as forças políticas não atendessem às demandas do povo, o que maximiza a tensão no país, de acordo com informações da agência AFP.
Em um comunicado lido na televisão estatal nessa segunda, as Forças Armadas reiteraram o "pedido para que as exigências do povo sejam atendidas e dão (a todas as partes) 48 horas, como última oportunidade, para assumir a responsabilidade pelas históricas circunstâncias que o país está vivendo".
Além disso, mais tarde, um comunicado divulgado na página de Facebook do porta-voz militar, Ahmed Mohammed Ali, o Comando Supremo do Exército afirmou que "a doutrina e a cultura das Forças Armadas não permitem a política de golpes militares", reiterando que os militares "não serão parte do jogo político nem do governo".
A presidência, no entanto, insistiu que continuaria em seu caminho em direção à reconciliação nacional, e denunciou qualquer declaração que iria “aprofundar a divisão” e “ameaçar a paz social”.
O presidente Mursi, continua o comunicado, estava se consultando com todas as forças de segurança para “garantir o caminho para a mudança democrática e a proteção da vontade popular”.
“O estado de democracia civil egípcio é uma das maiores conquistas da revolução de 25 de janeiro”, afirmou a presidência, se referindo ao levante de 2011 que culminou com a queda do ditador Hosni Mubarak, após quase três décadas no poder.
Manifestantes imersos na multidão usam pequenos canhões de raio laser para protestar na marcha contra Mursi no Cairo; o Egito vive nova onda massiva de contestação do presidente, pressionado agora também pelas Forças Armadas
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Foto da noite de 30 de junho mostra homem sob foco de laser na sede da Irmandade Muçulmana; ele está atirando objetos contra a multidão que nas ruas protestava contra o grupo e o presidente Mohamed Mursi
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Manifestantes observam helicóptero iluminado por feixes de laser sobre a área da Praça Tahrir e o Palácio Presidencial egípcio
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Milhares marcham em frente ao Palácio Presidencial durante nova mobilização de protesto contra o presidente Mohamed Mursi
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Feixes verdes de lazer iluminam o novo protesto que levou milhares de egípcios às ruas com a nação dividida entre apoiadores e opositores do presidente Mursi, o primeiro mandatário egípcio da era democrática pós-Hosni Mubarak, deposto em fevereiro de 2011
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Os protestos tomam as ruas pouco mais de dois anos depois da queda de Hosni Mubarak e um ano depois do início do mandato de Mohamed Mursi, eleito no histórico pleito de 2012
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A Praça Tahrir, novamente ocupada por dezenas de milhares de egípcios, foi o epicentro da queda de Hosni Mubarak, e se torna novamente o palco central dos protestos que agora contestam a presidência de Mohamed Mursi; Mubarak permaneceu por três décadas no poder e instalou um governo centralizado no Egito, ao passo que Mursi, há um ano no cargo após ser eleito democraticamente, é acusado de autoritarismo e criticado por sua linha política próxima à Irmandada Muçulmana
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Foto em detalhe mostra helicóptero atingido por feixes de laser durante sobrevoo da ampla manifestação que tomou o centro do Cairo na noite de 30 de junho
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A onda nova onda de protestos que recoloca o Egito em uma situação de instabilidade análoga à vivida durante a chamada Primavera Árabe ocorre dias após um discurso no qual Mursi alertou para o risco de cisão nacional
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Manifestantes contrários a Mubarak observam helicópteros sobrevoando a Praça Tahrir, no centro do Cairo