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Bolsonaro se equivoca ao tentar explicar gastos com cartões

Conforme publicou o 'Estado', a despesa nos dois primeiros meses do ano chegou a R$ 1,1 milhão

8 mar 2019 - 01h04
(atualizado às 11h11)
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O presidente Jair Bolsonaro tentou explicar em uma Live no Facebook feita nesta quinta-feira, 7, a reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" que revelava aumento de 16% nos gastos com cartões corporativos da Presidência da República. No vídeo, Bolsonaro diz que a matéria compara janeiro de 2019 com janeiro de 2018, e atribui a alta dos gastos com cartões às despesas com sua posse.

O general Otávio do Rêgo Barros (à direita), porta-voz do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro e o general Augusto Heleno, ministro do GSI, em transmissão de vídeo no Facebook 
O general Otávio do Rêgo Barros (à direita), porta-voz do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro e o general Augusto Heleno, ministro do GSI, em transmissão de vídeo no Facebook
Foto: Reprodução/Facebook / Estadão Conteúdo

A reportagem, no entanto, fez o comparativo com a média dos últimos quatro anos, e considerou, ainda, a inflação do período.

"Os gastos com cartões corporativos da Presidência da República nos dois primeiros meses do governo Jair Bolsonaro aumentaram 16% em relação à média dos últimos quatro anos, já considerada a inflação no período. Apesar de ter seu fim defendido durante a transição, a nova gestão não só manteve o uso dos cartões como foi responsável por uma fatura de R$ 1,1 milhão", diz trecho inicial da matéria.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, também citou a posse presidencial, em 1.º de janeiro, como justificativa para a alta das despesas com cartão corporativo da Presidência.

"Todo o aparato para a posse, a vinda de presidentes estrangeiros, altas autoridades, é lógico que acabou fazendo com que o cartão corporativo aumentasse sua despesa", disse Heleno.

O ministro ainda citou o fato de, no mesmo período de 2018, somente o presidente da República, sem vice-presidente, ter usado o cartão. "Em janeiro de 2018, era 'o' presidente da República. Não tinha nem vice-presidente. E agora, em janeiro de 2019, nós tínhamos o presidente que estava deixando o poder, o presidente que foi eleito e mais o vice-presidente", afirmou Heleno. Segundo ele, "o assunto foi colocado na imprensa de forma incorreta".

Bolsonaro afirmou ainda que "a despesa majorada foi 16%", mas "como um todo, de forma global, a despesa com cartões corporativos baixou 28%".

Os dois números constavam do texto publicado pelo "Estado" e não foram questionados pelo presidente nem pelo ministro.

A comparação feita pela reportagem não se resumiu ao ano passado, como citado por Heleno. O aumento de 16% se deu em relação à média de gastos nos dois primeiros meses dos últimos quatro anos - o que inclui os dois anos de governo Michel Temer e os dois últimos de Dilma Rousseff, quando havia vice.

Além disso, o cálculo levou em consideração os gastos vinculados à Secretaria de Administração - responsável direta pelas despesas do presidente, seus familiares e residência oficiais. Não inclui a Vice-Presidência, que gastou R$ 28,4 mil no período.

Antes da publicação da reportagem, o "Estado" questionou a Secretaria de Comunicação da Presidência o motivo do aumento, mas não obteve resposta.

Bolsonaro ainda divulgou informações imprecisas sobre a Caderneta da Saúde da Adolescente, desenvolvida pelo Ministério da Saúde durante o governo Dilma. Ele disse que se tratava de uma caderneta de vacinação destinada a crianças a partir dos 9 anos, mas o material é direcionado a adolescentes entre 10 e 19 anos. Ele sugeriu rasgar páginas que seriam impróprias para os adolescentes.

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