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Ministro alemão compara crimes sexuais em conflitos a vírus global

18 jul 2020 - 08h59
(atualizado às 09h05)
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Violência sexual é empregada em todo o mundo como tática de guerra e forma de tortura, e destrói sociedades. Falando à ONU, chefe da diplomacia alemã reivindica ação mais eficaz, inclusive com a aplicação de sanções.Em videoconferência no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, conclamou a comunidade mundial a agir de forma mais decidida contra todas as formas de violência sexual no contexto de conflitos de guerra.

Ministro Heiko Maas representa Alemanha no Conselho de Segurança da ONU
Ministro Heiko Maas representa Alemanha no Conselho de Segurança da ONU
Foto: DW / Deutsche Welle

"Estupro, prostituição forçada e escravidão sexual continuam sendo empregados como armas em conflitos por todo o mundo", frisou o chefe de diplomacia. Ele criticou que, 20 anos após a aprovação da Resolução 1.325 da ONU e mais de um ano após a Resolução 2.467, "quase não se veem progressos": as vítimas frequentemente não recebem a ajuda de que necessitam, e a criminalidade sexualizada nas guerras segue destruindo sociedades em todas as regiões.

Detentora da presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU no mês de julho, a Alemanha declarou como uma de suas prioridades o combate à violência sexual em conflitos bélicos. O debate desta sexta-feira (17/07) foi promovido também pela República Dominicana.

Maas reivindicou a implementação vinculativa tanto da agenda Mulheres, Paz e Segurança quanto da Resolução 2.467 para combate a crimes sexuais em conflitos e fortalecimento das vítimas.

É preciso garantir que sobreviventes dessa violência recebam assistência médica e legal, e que as mulheres participem imediatamente da consolidação da paz. Além disso, sanções devem passar a ter um papel mais incisivo na luta contra os crimes de guerra sexualizados, para que a impunidade dos agressores tenha fim, exigiu o político social-democrata.

Ele comparou os desafios que os crimes sexuais em conflitos representam para a comunidade internacional com o combate à covid-19, sendo a violência específica de gênero um "vírus global" que há anos destrói vidas humanas e comunidades, sem que haja uma vacina à vista.

O ministro alemão lembrou ainda o quanto a pandemia piorou a situação para numerosas vítimas: as medidas de confinamento dificultam seu acesso às entidades jurídicas e médicas, e o volume de denúncias de violência sexual reduziu-se significativamente.

Segundo relatório da Organização das Nações Unidas relativo a 2019, em pelo menos 19 países foram praticados crimes sexuais por mais de 50 partidos de conflitos bélicos, incluindo exércitos governamentais, grupos rebeldes e organizações terroristas. No entanto as estatísticas sobre o número de vítimas são inexatas, tanto pelo medo de estigmatização como devido à investigação incompleta por parte das autoridades.

A encarregada especial da ONU para violência sexual em conflitos, Pramila Patten, apelou para que se coloquem os atingidos no centro do interesse político, a fim de garantir que recebam a ajuda necessária. Ela enfatizou que essa forma de violência é empregada em zonas de conflito de todo o mundo como tática e como método de tortura. Além disso, vítimas de estupro brutal não são apenas fisicamente mutiladas, mas também carregam feridas psicológicas consigo.

AV/afp,epd,dpa

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