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Milhares protestam contra movimento xenófobo na Alemanha

Cerca de 10 mil pessoas participam de manifestações contra o racismo em Dresden, no leste do país

21 out 2018 - 12h29
(atualizado às 15h10)
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Milhares de pessoas saíram às ruas de Dresden, no leste da Alemanha, neste domingo (21/10), para protestar contra o racismo e a xenofobia e fazer oposição a um comício em comemoração do quarto aniversário do movimento Pegida (sigla em alemão para "Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente").

Manifestantes protestaram contra o Pegida sob o lema "Hetz statt Hetze" (Amor em vez de ódio)
Manifestantes protestaram contra o Pegida sob o lema "Hetz statt Hetze" (Amor em vez de ódio)
Foto: DW / Deutsche Welle

Cerca de 500 policiais foram acionados para garantir a segurança na cidade em meio às manifestações rivais, que, segundo as autoridades locais, decorreram tranquilamente.

Numa das marchas antirracismo - iniciada por volta do meio-dia (hora local) no bairro Neustadt, com direção ao centro da cidade - manifestantes seguravam cartazes com dizeres como "Juntos contra a guinada à direita na Europa".

Segundo Gerhard Ehninger, um dos organizadores dos protestos contra o Pegida com o lema Herz statt Hetze (Amor em vez de ódio, em tradução livre), cerca de 10 mil pessoas se juntaram às marchas: 4 mil partindo do bairro Neustadt, e outros 6 mil partindo da estação central da cidade.

O ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, classificou o quarto aniversário do Pegida como um "dia triste para o nosso país". Por meio do Twitter, ele elogiou as manifestações contrárias ao movimento anti-islã em Dresden.

O prefeito de Dresden, Dirk Hilbert, se juntou aos manifestantes contrários ao movimento xenófobo. Ao discursar diante da prefeitura, ele defendeu a diversidade na cidade.

"Estou muito feliz que tantas pessoas vieram para enviar um sinal claro de que queremos ser uma cidade aberta ao mundo e tolerante. Tenho orgulho disso", disse.

O prefeito afirmou que, como cidadão de Dresden, não pode tolerar ataques a pessoas de origem estrangeira na cidade. Michael Kretschmer - governador da Saxônia, cuja capital é Dresden - também se juntou às manifestações.

Apoiadores do Pegida, por sua vez, se reuniram na praça Neumarkt, no centro da cidade. Estima-se que 5 mil pessoas tenham participado do ato, mas a polícia não divulgou números oficiais. Cerca de dez adeptos do movimento discursaram, adotando um tom majoritariamente anti-islã. Nas pausas entre os discursos, manifestantes gritavam "Fora Merkel".

Na famosa igreja Frauenkirche de Dresden, fiéis se reuniram neste domingo para fazer uma oração pela paz.

Ascensão e queda

O Pegida foi fundado em outubro de 2014 pelo empresário Lutz Bachmann e rapidamente conquistou adeptos a suas manifestações semanais em Dresden, a favor de limites rígidos para a imigração. O movimento se expandiu para outras cidades e chamou atenção da mídia à medida que dezenas de milhares de pessoas se juntavam a suas marchas.

A onda de apoio ao Pegida ajudou a impulsionar o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), fundado em 2013 com uma ideologia eurocética. Aos poucos, a AfD foi se inclinando mais para a direita, adotando um discurso anti-islã e, apesar de enfrentar forte oposição no país, conquistou o posto de maior partido de oposição no Bundestag (Parlamento alemão).

Numa pesquisa de opinião divulgada em setembro, a AfD se mostrou como a segunda força política no país, com 18% de apoio popular, atrás apenas da União Democrata Cristã (CDU), da chanceler federal alemã, Angela Merkel, e de seu partido-irmão União Social Cristã (CSU).

O apoio tanto ao Pegida quanto à AfD cresceu com a crise migratória de 2015 e 2016, quando mais de um milhão de migrantes - em grande parte vindos da Síria e do Afeganistão - chegaram à Alemanha em busca de refúgio.

Em agosto deste ano, o Pegida foi um de vários grupos de extrema direita que participaram de protestos na cidade de Chemnitz, no leste do país, convocados após um alemão de 35 anos ser esfaqueado e morto na cidade, supostamente vítima de um ataque realizado por um requerente de refúgio. Durante os protestos, pessoas de aparência estrangeira foram perseguidas e atacadas.

Apesar da recente atuação em Chemnitz, o apoio ao Pegida vem diminuindo. Em 2016, o grupo tinha 200 mil seguidores no Facebook, e agora caiu para cerca 56 mil. Suas manifestações, que chegaram a reunir 25 mil pessoas, agora contam com cerca de mil participantes.

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