Mais de 300 civis já morreram em onda de violência na Síria, diz ONG
Observatório Sírio diz que forças de segurança do novo regime têm executado civis que integram minoria religiosa ligada à família Assad.Mais de 300 civis da minoria alauíta foram mortos desde quinta-feira no noroeste da Síria por forças de segurança envolvidas em combates contra elementos leais ao ditador deposto Bashar al-Assad, informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) neste sábado (08/03).
"Na maior vingança coletiva, 340 cidadãos foram mortos e executados a sangue frio na costa e nas montanhas de Latakia", disse a ONG em um comunicado, acrescentando que mais de 200 outros combatentes de ambos os lados perderam suas vidas nesses confrontos desde quinta-feira, elevando o número total de mortos para mais de 540.
É a pior onda de violência que o país recém-emancipado enfrenta desde o fim da era Assad. Em dezembro de 2024, seu regime foi derrubado por uma aliança de grupos rebeldes liderada pelo islamista Ahmed al-Sharaa, hoje presidente interino.
Desde então, mais de 300 mil refugiados sírios voltaram ao país, segundo a Agência da ONU para Refugiados (Acnur). Al-Sharaa prometeu unir uma Síria devastada por 14 anos de guerra civil e respeitar os direitos humanos, alegando que não permitiria ações de vingança sectária.
Alauítas na mira
A minoria alauíta, um ramo do islamismo xiita, inclui a família Assad e cerca de 10% da população da Síria. A comunidade, cujo núcleo se encontra nas províncias costeiras de Latakia e Tartus — os principais redutos do ditador deposto — dominou instituições como o Exército durante o antigo regime.
O OSDH disse que esses "crimes" foram realizados pelas novas autoridades de Damasco e outros grupos aliados "de maneira semelhante às operações realizadas pelas forças de segurança do antigo regime" de Bashar al-Assad.
Segundo a ONG, esses "massacres" ocorreram principalmente nas cidades de Baniyas, na província de Tartus, bem como em áreas rurais de Latakia e municípios como Al Qardaha e Jableh, onde a violência eclodiu na última quinta.
Ao menos 89 membros dos ministérios de Interior e Defesa sírios foram mortos em confrontos diretos desde então, enquanto insurgentes pró-Assad sofreram 120 baixas até agora, de acordo com a contagem da ONG.
Os confrontos eclodiram depois que insurgentes alauitas lançaram um ataque às forças de segurança na cidade de Jableh, em Latakia, desencadeando a maior onda de violência na Síria desde a queda de Assad em 8 de dezembro do ano passado.
De acordo com o Observatório, as forças de segurança sírias "continuam perseguindo e vasculhando" neste sábado áreas onde os remanescentes de Assad estão escondidos, e relataram que "combates de rua" estão ocorrendo em Latakia e Tartus.
As novas forças sírias são compostas em grande parte por ex-combatentes da agora extinta aliança islâmica Hayat Tahrir al-Sham (HTS), o grupo que liderou a ofensiva contra Assad e cujas raízes estão na Frente Nusra, antiga afiliada da Al-Qaeda na Síria.
É a pior onda de violência que o país recém-emancipado enfrenta desde o fim da era Assad. Em dezembro de 2024, seu regime foi derrubado por uma aliança de grupos rebeldes liderada pelo islamista Ahmed al-Sharaa, hoje presidente interino.
jps (EFE, AFP)