Freira 'bonita e jovem demais' perde o cargo após denúncia
Freira Aline Pereira Ghammachi, de 41 anos, é demitida de cargo após ser denunciada anonimamente; confira!
A trajetória de Aline Pereira Ghammachi, brasileira de 41 anos, ganhou repercussão internacional na última semana. Conhecida como a "freira bonita e jovem demais", Aline foi destituída do cargo de madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Vegli, na Itália, após ser alvo de denúncias anônimas de maus-tratos. O caso, porém, tomou proporções maiores ao envolver acusações de perseguição e injustiça.
Aline nega acusações
Aline nega as alegações e afirma estar sendo vítima de uma campanha contra ela. Em entrevista à imprensa internacional, revelou que a primeira denúncia surgiu em 2023, por meio de uma carta anônima enviada ao Papa Francisco. No documento, ela era acusada de "destratar e manipular as irmãs do mosteiro" e "ocultar o orçamento do local". Por falta de provas, a denúncia foi arquivada.
No entanto, o processo foi reaberto meses depois. Segundo Aline, a iniciativa partiu do frei Mauro Giuseppe Lepori, líder da ordem religiosa à qual o mosteiro pertence. Aline relata que ele frequentemente comentava, em tom de brincadeira, que ela era "bonita e jovem demais" para ocupar a posição de madre-abadessa, ou mesmo para ser freira. "Falava em tom de piada, rindo, mas me expôs ao ridículo", disse ela.
Em 2024, uma inspeção determinada pelo Vaticano reacendeu a tensão no Mosteiro San Giacomo di Vegli. O relatório elaborado após a visita descreveu Aline como "uma pessoa desequilibrada" e apontou que algumas freiras teriam medo dela. Pouco tempo depois da avaliação, veio a decisão definitiva: Aline foi tirada do cargo de madre-abadessa. A substituta nomeada para liderar o mosteiro foi uma religiosa de 81 anos.
A posse da nova madre aconteceu em 21 de abril, coincidindo com a morte do Papa Francisco. Para Aline, a escolha da data não passou despercebida. Ela considerou o ato simbólico e estrategicamente calculado. "Isso aconteceu num dia de luto para a Igreja, e num dia em que nós não poderíamos recorrer a ninguém. Chega essa comissária e se diz representante de uma pessoa que não existe mais", desabafou.
Despedida em grupo e denúncia de perseguição
Menos de uma semana após a mudança na liderança, Aline deixou o convento. E não partiu sozinha: outras 11 freiras a acompanharam, em uma saída silenciosa que se transformou em protesto coletivo. "Saímos e fomos para um lugar seguro e protegido. Alguns de nós fomos à polícia para não criar alarmes e para que eles não viessem nos procurar", relatou uma das religiosas ao jornal Leggo.
A decisão do grupo foi respaldada por vozes dentro da própria comunidade religiosa. A freira Maria Paola Dal Zotto, em entrevista ao jornal Gazzettino, condenou a forma como Aline foi tratada. "Foi inaugurado um tratamento medieval, um clima de calúnias e acusações infundadas contra a irmã Aline que, por sua vez, é uma pessoa muito séria e escrupulosa e que nos últimos anos se tornou o ponto de referência para a comunidade", afirmou.
Desde então, Aline tem se abrigado na casa de parentes em Milão. Chegou a comparecer ao Vaticano para acompanhar a escolha do novo pontífice, Leão XIV, e agora busca reverter a decisão que a afastou do mosteiro. "Estamos até recorrendo no Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica. Por que aconteceu? Porque eu sou mulher, porque eu sou jovem e porque, principalmente nesse contexto, sou brasileira", argumenta.
Quem é Aline Pereira Ghammachi?
Vale lembrar que Aline é natural do Amapá. Formada em administração de empresas, dedicou grande parte de sua vida à religiosidade e passou a ocupar o cargo de madre-abadessa da Itália, quando tinha apenas 33 anos.