Script = https://s1.trrsf.com/update-1723493285/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

RJ: Crivella lembra Brizola de 1982 com chapa 'puro sangue'

Candidato do PRB não tem alianças com nenhum partido. Fato é inédito desde que o PDT de Brizola venceu a primeira eleição direta para governador ainda sob os olhos da ditadura

7 out 2014 - 16h38
(atualizado às 19h41)
Compartilhar
Exibir comentários

Tudo bem que ainda não se tem os detalhes do quanto custará o apoio de Anthony Garotinho (PR) ao senador Marcelo Crivella neste segundo turno das eleições para o governo do Estado do Rio de Janeiro – muito menos se o ex-ministro da Pesca vai conseguir também o aceno positivo do PT de Lindberg Farias ou mesmo do Psol. O fato é que, desde as eleições de 1982, o Palácio Guanabara não tem a real oportunidade de ser ocupado por uma candidatura ‘puro sangue’.

O candidato ao governo do Rio, Marcelo Crivella, votou no Clube Marimbás, junto ao Forte de Copacabana
O candidato ao governo do Rio, Marcelo Crivella, votou no Clube Marimbás, junto ao Forte de Copacabana
Foto: Murilo Rezende / Futura Press

Desde o início da disputa, enquanto Luiz Fernando Pezão (PMDB) se viu dentro de uma coligação (Rio em 1o lugar) com o número recorde de 18 partidos, Marcelo Crivella remou sozinho com o PRB, com o seu número 10 e nada mais. Ficou com um minuto e nove segundos na propaganda eleitoral gratuita, contra assombrosos 10 minutos do seu agora rival no segundo turno.

Tal dado só foi registrado quando o Brasil ainda vivia sob os olhos da ditadura. Em 1982, nas primeiras eleições livres ao voto popular desde o advento do Ato Institucional 2, Leonel Brizola venceu o pleito contra Moreira Franco (PDS) e Miro Teixeira (PMDB) pelo PDT – mas naquele momento eram proibidas coligações partidárias, o que só reforça a tese de que o feito de Crivella nas urnas deste ano vai muito da sua figura e de seu forte eleitorado evangélico.

“Temos que dar uma resposta a esses que sujaram o Rio de Janeiro”, bradou na coletiva de imprensa após ser confirmado no segundo turno com Pezão, deixando Garotinho para trás na disputa. Os que sujaram as ruas, na opinião de Crivella, são os detentores da máquina pública e gastam milhões de reais para se eleger. “Não tinha um panfleto do meu partido”.

“Agora essa boca de urna não terá tantos recursos, será uma competição mais honesta”, disse ainda o senador, que se orgulha também de não ter recebido um centavo de campanha de empreiteiras – muito embora já tenha feito uso dessa prerrogativa em outras campanhas majoritárias.

“Chegamos ao segundo turno numa aliança com o povo, com a minha militância. Agora vamos ter 10 minutos de televisão. Isso é um sonho. Eu quero ter aliança com o povo, receber o apoio das pessoas e discutir o Rio de Janeiro. Para arrumar o que estiver errado, custe o que custar, doa a quem doer”, afirmou.

“Por isso que eu acho que seria muito importante a gente vencer. Nunca na história do meu Estado um candidato saiu sem alianças, sem empreiteiras, e terá total liberdade para defender apenas o direito do povo”, completou.

Para o especialista em sociologia e política da PUC-RJ, o professor Antônio Alkmim, a propulsão de Crivella ao segundo turno se deveu a dois fatores essenciais. "Eu acho que, além do desempenho individual dele na reta final, com uma postura forte no último debate, ele foi beneficiado pela rejeição do Garotinho”. Desta forma, com o descrédito do atual governo, "ocorreu uma eleição mais fragmentada e com alto índice de abstenção, o que derrubou até os institutos de pesquisa". 

Após visitar Anthony Garotinho em Campos, no norte fluminense, e consolidar o apoio do agora ex-rival contra Pezão, Crivella sabe que será cobrado e, justamente por isso, já tem o discurso na ponta da língua contra eventuais críticas que queiram descaracterizar sua candidatura ‘puro sangue’.

Eleições 2014 são as mais comentadas das redes sociais:

“Isso não significa interferência”, alerta. “Preciso do apoio dele para ganhar essa eleição. Não necessariamente ele vai compor o meu governo. Vamos compor com o melhor que temos”, finalizou o candidato do PRB. Em entrevista coletiva, Garotinho corroborou a tese e afirmou que fez um único pedido ao agora aliado: “que ele ajude a livrar o RJ desse grupo que só fez mal à população. E só”.

Após o primeiro turno das eleições ocorrido no domingo, 5 de outubro, ficou definido que a disputa para a Presidência da República terá segundo turno entre os candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Dilma obteve 41,59% dos votos, ficando à frente de Aécio, que termina o primeiro turno com 33,55%. A candidata do PSB Marina Silva deixou a corrida presidencial com 21,32% dos votos, em terceiro lugar.

Nas disputas aos governos, 13 Estados e o DF enfrentarão segundo turno. Outras 13 unidades da federação escolheram seus governadores no primeiro turno.

Leia a cronologia das uniões partidárias nas eleições ao governo do Rio

1982 –

Brizola foi eleito pelo PDT, com 34,17% dos votos, mas as coligações partidárias eram proibidas. Disputou com Miro Teixeira (PMDB), e Moreira Franco (PDS).

1986 – Moreira Franco (PMDB) é eleito governador, após perder a disputa para Brizola, mas se consolidar como força política no estado fluminense. Sua coligação tinha 12 partidos, sendo que os principais foram o antigo PFL e PCdoB

1990 – Brizola tem eleição esmagadora ainda no primeiro turno (61%), aproveitando-se da má sucedida administração de Moreira Franco, com problemas na segurança pública, transportes e educação. A coligação do PDT, na época, contou também com PCB e PCdoB.

1994 – Marcelo Allencar torna-se governador do Rio de Janeiro na única vez em que o PSDB elegeu o mandatário do Palácio Guanabara. Mas os tucanos se coligaram com partidos como PFL, PPS, PMN, PHS e PSL.

1998 – Anthony Garotinho, então no PDT, bate o candidato do PFL, César Maia, e assume o poder ao se unir a outras quatro legendas: PT, PCB, PC do B e PSB.

2002 – Rosinha Garotinho, do PSB, desbanca a ex-governadora Benedita da Silva com 51% dos votos (o marido Garotinho havia se lançado candidato a presidente) numa coligação forte que lhe trouxe o PSB, PPB, PST, PTC, PSC, PRP, PSD e PGT.

2006 – Sérgio Cabral (PMDB) vence no segundo turno a juíza Denise Frossard (PPS) com 68% dos votos e abre caminho para quase oito anos à frente do Palácio Guanabara junto com PP, PTB, PSC, PL, PAN, PMN, PTC e Prona. Curiosamente, Marcelo Crivella concorreu nesta eleição, e fez união com dois partidos: PTN e PRTB.

2010 – Sérgio Cabral (PMDB) vence ainda no primeiro turno o então deputado federal Fernando Gabeira (PV) com 66% dos votos válidos e na união maciça com nada menos do que 16 partidos, entre eles o PT, PDT, e o PP. 

Veja o cenário eleitoral nos estados Veja o cenário eleitoral nos estados

Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade