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Para Toffoli, o 'jogo democrático' é difícil e é preciso defender a Constituição

Em sua fala como presidente da República em exercício, ministro do STF afirmou ainda que o Brasil passa por um momento de batismo nas urnas

24 set 2018 - 14h02
(atualizado às 14h05)
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BRASÍLIA - Em seu primeiro discurso como presidente da República em exercício, Dias Toffoli enalteceu o papel da política e dos congressistas e disse que é preciso defender os avanços da Constituição. Segundo ele, "o jogo democrático é difícil" e o Brasil passa agora por um momento de "batismo das urnas", fazendo referência às eleições 2018.

Toffoli, que tomou posse como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) este mês, assume o cargo da Presidência da República por três dias durante viagem de Michel Temer aos Estados Unidos para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas. Temer viajou no domingo e retorna na terça-feira.

"Uma grande nação se faz com coragem e jogar o jogo democrático exige coragem, porque é um jogo difícil e estamos passando por esse momento de batismo das urnas", declarou Toffoli.

O ministro do STF falou durante cerimônia fechada no Palácio do Planalto, na manhã desta segunda-feira, 24, para sanção de três projetos de lei aprovados pelo Congresso e de um decreto que envolve direitos das mulheres, das crianças e dos adolescentes e de deficientes físicos. O evento foi transmitido ao vivo pela NBR, emissora pública do governo.

Em sua fala, destacou que é preciso resgatar o Congresso como "instituição fundamental para a democracia" e também "valorizar a política como aquela que faz avançar uma sociedade". Ele agradeceu a oportunidade de participar da solenidade durante a ausência de Temer e disse que "é altamente significativo" poder sancionar projetos "tão importantes vindos do Congresso" e que ampliam avanços do texto constitucional.

"A Constituição é nosso grande norte. Temos que defendê-la e defender esses avanços. Todos esses avanços e esses pactos vão sendo conquistados e vão sendo ampliados e realizados com o passar do tempo." Toffoli lembrou que a Constituição de 1988 completa 30 anos em outubro e teve grande participação popular. Disse ainda que o Judiciário deve trabalhar envolvido com a sociedade para não só formular direitos, mas também transformar culturas e práticas, pois considera que no Brasil "ainda perdura uma distância grande demais entre termos normativos e a vida concreta".

Entre os projetos sancionados está o que torna crimes a importunação sexual e a divulgação de cena de estupro, além de aumentar pena para crime de estupro coletivo. Sobre isso, Toffoli disse que o Congresso "dá mostras de sensibilidade e atenção à questões atuais" e "cumpre exemplarmente seu papel de ser caixa de ressonância da sociedade e converter vontade popular em leis como deve ser a democracia".

Ainda nesta segunda, Toffoli deve ter outra cerimônia para assinar lei que modifica o prazo de licença paternidade para militares. Na terça, 25, estão previstos despachos internos pela manhã e à tarde, a assinatura de lei que inscreve o nome do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes de Alencar no Livro dos Heróis da Pátria.

Esta é a sétima vez que um presidente do Supremo ocupa interinamente a Presidência da República. Antes de Toffoli, os ministros José Linhares, Moreira Alves, Octavio Gallotti, Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia assumiram temporariamente o cargo de 1945 até hoje.

Sem a figura do vice-presidente e com a proximidade do período eleitoral, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), também precisam deixar o País na ausência do presidente Temer para não ficarem inelegíveis.

Estadão
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