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Análise: Pós-eleição terá frente ampla contra bolsonarismo na Câmara

Com o fim das eleições municipais, grupos já se concentram na sucessão de Rodrigo Maia e impedir vitória de aliado do presidente Bolsonaro

29 nov 2020 - 19h38
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Com o término das eleições municipais, os grupos políticos interessados em formar uma frente ampla para evitar a reeleição de Jair Bolsonaro vão se concentrar no seu primeiro objetivo para enfraquecer o adversário. Querem impedir a eleição para a Presidência da Câmara de qualquer candidato que tenha ligação política com Bolsonaro, como é o caso do líder do PP e expoente do Centrão, deputado Arthur Lira (AL). A votação acontecerá no início de fevereiro. Com isso, agem para não deixar que Bolsonaro tenha o poder de controlar a agenda de votações da Câmara, justamente no biênio antes da eleição presidencial.

A construção dessa missão deve ajudar a frente a começar a ganhar um formato mais visível. Na prática, hoje ela representa mais uma vontade do que um acordo fechado e existe ainda um desconforto sobre os perfis de quem pode ou não participar da aliança.

Lideranças de esquerda vetam, por exemplo, o ex-ministro Sérgio Moro. Mas a própria disputa municipal ajudou o movimento a avançar alguns passos importantes. PSDB, DEM e MDB já se aliaram em muitas cidades do País, incluindo São Paulo, a maior de todas. PDT e PSB também se alinharam em muitas disputas. E esses cinco partidos defendem o projeto da frente.

Mas há também o claro interesse de Cidadania, Solidariedade, Rede, PV, entre outros, de participar do movimento. Naturalmente, as forças mais conservadoras querem uma aliança com perfil de centro-direita e os progressistas puxam a negociação para o centro-esquerda.

"Para 2022, temos de pensar um pouco diferente do que pensamos nas eleições passadas. Tentar ver se esse núcleo, que já está formado, com PSB, PDT, PV e Rede, pode se ampliar, juntando mais alguns partidos, como o Cidadania, por exemplo. E outros partidos. Ou lideranças de outros partidos. Para a gente tentar fazer uma frente mais ampla, de centro. Até pode ter alguma pessoa de centro-direita. Mas majoritariamente de centro-esquerda. Que possa colocar uma candidatura com chance de ir ao segundo turno, para não ficarmos reféns de repetir uma posição como a que tivemos em 2018, que foi o pensamento do bolsonarismo contra uma posição petista muito enraizada no Brasil", afirma o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB).

Como ninguém ainda foi escolhido, as opções se amontoam como possibilidades para compor uma eventual futura chapa, como Luciano Huck, João Doria, Ciro Gomes, Flávio Dino, Rodrigo Maia, Marina Silva, Simone Tebet, entre outros. Mas o grupo já entendeu que ainda há tempo suficiente para resolver essa questão.

O que não dispõe de tempo e precisa ser resolvida imediatamente é a disputa pelo comando no Congresso. No Senado, tudo caminha para a recondução de Davi Alcolumbre (DEM-AP), que aguarda apenas o sinal verde do Supremo Tribunal Federal (STF) para receber o aval legal para concorrer a mais um mandato. O grupo avalia que Alcolumbre flerta com o governo apenas circunstancialmente, o que não chega a ser um problema.

Já na Câmara, a situação é diferente e Arthur Lira representa a ala bolsonarista. Por isso, a importância de preservar o posto afastado do Planalto. Rodrigo Maia sonha em permanecer na Presidência ou em eleger algum de seus aliados. Por isso, tem aproveitado as conversas sobre a formação da Frente para montar um bloco capaz de derrotar as pretensões do bolsonarismo e do próprio Lira.

Só que o deputado do PP também se move e conta com a ajuda de Bolsonaro e de sua caneta, ainda cheia de tinta, para atrair apoios e vencer a disputa. O fato é que a batalha pelo controle do Congresso acabou se tornando um fator estratégico no processo da eleição presidencial de 2022.

* EDITOR DO BRPOLÍTICO

Estadão
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