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Sonho da categoria, valorização do professor ainda está distante no País

15 out 2013 - 09h06
(atualizado às 09h43)
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Após sancionar, em setembro deste ano, a lei que destina 75% dos recursos dos royalties do petróleo à educação, a presidente Dilma Rousseff garantiu que o dinheiro será investido no aumento da remuneração dos professores. A presidente chegou a destacar a necessidade do valorização do corpo docente, ao afirmar que o Brasil não será um País desenvolvido sem pagar bem os seus professores.

De acordo com o relator do projeto, deputado André Figueiredo (PDT-CE), seriam destinados cerca de R$ 2 bilhões em 2014 e R$ 4 bilhões em 2015. Em 2011, o Brasil investiu cerca de R$ 233,4 bilhões na educação pública. Em pouco tempo, entretanto, dificilmente se verá uma evolução grande na situação dos professores, acreditam especialistas.

Segundo a diretora executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, os recursos do petróleo para a educação não são tão grandes e podem variar por conta do custo de extração. Os recursos colaborariam com 1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, enquanto o prometido pela presidente Dilma Rousseff é destinar 10% do PIB para o setor.

Já que as verbas não são suficientes, Priscila afirma que elas devem ser focadas. "O fator mais importante para a qualidade da educação é o professor. Então o que seria estratégico é investir no salário inicial dos professores para atrair para a carreira", diz. Ela acredita que desta forma os melhores alunos serão atraídos para a docência.

O fenômeno acontece em países que estão no topo do Pisa (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) - sistema avaliativo que colocou o Brasil em penúltimo lugar entre os 40 países analisados. Na Finlândia, por exemplo, a qualidade dos professores se inicia com a seleção criteriosa para a formação docente: apenas os melhores estudantes ingressam na carreira, bastante prestigiada, apesar dos salários não muito altos.

“Ninguém deveria pagar para se formar professor e deveria haver uma bolsa para quem opta por licenciatura", defende Ocimar Alavarse, professor da faculdade de educação da Universidade de São Paulo (USP). Segundo Alavarse, os recursos do pré-sal poderiam ser investidos nisso. Aumentar os pagamentos é mais complexo, acredita. Para que isso aconteça, é fundamental haver uma federalização dos salários, já que grande parte dos municípios e estados alega não ter condições de cobrir o piso de R$ 1.567.

Para além da questão salarial

Entretanto, não é somente no salário que os investimentos devem se voltar. Dar melhores condições de trabalho e incentivar a valorização social do professor são outros dois pontos apontados por Priscila como essenciais. Ela ressalta a grande desigualdade da educação no país. "É preciso aumentar os investimentos nos locais de maior vulnerabilidade". O investimento em locais pouco desenvolvidos social e economicamente é necessário para atrair profissionais para as escolas. Envolver a comunidade na formação escolar e proporcionar uma boa infraestrutura também auxiliam o professor no ensino.

A curto prazo, porém, parece ser difícil acreditar em melhoras. "Essa desvalorização é uma construção histórica", diz Alavarse. Os constantes cortes de gastos públicos com educação são criticados pelo professor. Eles afetam não só direta, mas indiretamente a imagem do corpo docente, já que as más condições de trabalho levam a constantes greves. Aliadas a isso, estão as recorrentes notícias de baixo desempenho escolar do brasileiro e de violência na escola, que constroem uma visão negativa da profissão para os jovens.

Ana Maria Monteiro, diretora da faculdade de educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vê a destinação dos recursos para a educação como necessária, mas questiona para onde irá o dinheiro. Para ela, ainda é preciso esclarecer se será aplicado em nível federal, estadual ou municipal, se na educação básica ou superior e que percentual será dirigido a cada área. "Necessidades de recursos existem, mas é preciso discutir com muito cuidado onde serão investidos".

Para os próximos anos, é difícil ter uma previsão otimista para os professores, acredita Ana Maria. A melhora é urgente, mas deve ser viável apenas a médio prazo. Considerando-se o Brasil como um todo, ainda há muitos desafios pela frente para que se ofereça condições de trabalho e a valorização necessária ao profissional da educação.

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