'Se você tomasse uma boa surra, você ia parar', diz professora para criança com autismo
Professora foi gravada humilhando um menino de 12 anos dentro da sala de aula em uma escola particular de São Paulo
Uma professora de uma escola particular da Zona Norte de São Paulo foi gravada humilhando um aluno, um menino de 12 anos, com autismo, dentro da sala de aula. No áudio, exibido em reportagem do Fantástico, da TV Globo, neste domingo, 3, a mulher diz que ele precisa 'tomar uma boa surra'.
"Tenho mais o que fazer! Não tenho que ficar correndo atrás de você! Acabou! Você não tem idade para isso! Não sai daí! Todo dia essa palhaçada! Isso é falta de tomar uma boa surra, viu menino?! Se você tomasse uma boa surra você ia parar com suas graças! Você entende sim! Se você não quer copiar, cala a sua boca e olha. Se você fosse meu filho, você não teria mais pernas porque eu tinha quebrado as duas!", gritou a professora.
A ideia da gravação surgiu após os pais, Thiago Camargos e Alessandra Tavolasse, perceberem que o menino não queria ir mais à escola, mas não contava o motivo. Além disso, eles já tinham recebido um relatório da diretora que dizia que o filho "tinha preguiça de fazer a lição" e que fazia "rúídos de bichos".
"Uma coisa é ser autista, outra coisa é ser mal-educado. Eu já cansei de falar para vocês que o autista tem alguma coisa na cabeça que não funciona", disse uma professora em outra gravação. Os pais colocaram o gravador na mochila do filho por três dias seguidos.
À TV, eles contaram que os problemas começaram quando o filho foi para o sexto ano. Eles receberam reclamações de que ele jogava a mochila, saía correndo e batia a porta. Thiago e Alessandra se prontificaram para ficar com o filho um tempo na escola ou colocar um acompanhante, mas foram impedidos.
Após ouvirem as falas das professores, os pais registraram um boletim de ocorrência de discriminação por motivo de deficiência contra a diretora e moveu uma ação indenizatória contra a diretora e contra a escola. O menino também saiu da instituição e foi matriculado em uma escola pública, onde está em fase de adaptação.
"Desrespeito, humilhação, culpa", diz a mãe sobre a situação. "Medo de deixar o filho da gente em algum lugar e pensar que pode acontecer isso com ele de novo", acrescentou.
A diretora Andrea Claudia Camargo não respondeu o pedido de entrevista do Fantástico. O espaço está aberto para manifestações.