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Profissionais orientam professores e alunos a lidar com a "cola"

24 ago 2010 - 14h01
(atualizado às 14h06)
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"Geralmente eu anoto a matéria da prova na perna, ou coloco as anotações dentro do estojo, para consultar quando o professor não está olhando". A explicação anterior foi dada por Renata Silva, aluna do oitavo ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede publica. Mas do que uma frase divertida ou comum, a explicação é o retrato de uma prática que existe desde os tempos de nossos avós: a cola na escola. Geralmente associada a alunos preguiçosos ou que não estudaram tempo suficiente para passar em uma avaliação, as razões para que um aluno utilize este tipo de subterfúgio são muitas e vão desde dificuldades em uma determinada matéria até a conquista de certa popularidade entre os demais alunos.

"Existem alguns motivos para o aluno colar, como a insegurança no estudo, o desinteresse ou a preguiça do estudante. Mas não podemos esquecer o fator cultural, o ditado 'quem não cola, não sai da escola'. Baseados na ideia do 'leve vantagem em tudo', observamos casos de bons alunos usando o recurso da cola para fazer parte do senso comum", avalia o professor Rogério Gonçalves, diretor pedagógico do Sistema Elite de Ensino.

Aluna do sétimo ano de Ensino Fundamental, Patrícia Ferreira confessa que já teve que recorrer a esta prática em um momento de sufoco. Mesmo sabendo dos riscos, copiou a matéria que seria cobrada na prova de História do Brasil e colocou no estojo. Na hora da avaliação, ficou nervosa e acabou sendo flagrada pelo professor no momento em que copiava a resposta de uma das questões. Além de ter a prova anulada, ainda teve que se explicar para os pais.

"Aprendi da maneira mais difícil que é melhor estudar com antecedência do que colar na hora da prova. O professor chamou minha atenção an frente de toda a turma e ainda tive que levar um belo sermão da minha mãe. Foi humilhante", confessa.

Mas nem sempre fazer o aluno passar por uma situação de constrangimento é a melhor das estratégias a ser adotada por educares. Segundo Rogério, em um primeiro momento é necessária a orientação para não ocorrer o desvio ético da cola. Somente em casos de reincidência é que o professor deve aplicar algum tipo de punição, como advertência por escrito e/ou perda parcial de pontos. Já para a coordenadora pedagógica do Centro Educacional Lagoa, Elane Alves Azevedo, é necessário que haja alguma punição, até mesmo para orientar o aluno durante a formação de seu caráter.

"É necessário que o aluno compreenda que que não podemos obter êxito a qualquer custo, isso é desonesto", explica.

Mesmo com tanto cuidado, as táticas usadas pelos alunos para colar vêm seguindo os avanços ada tecnologia. O uso de celulares, aparelhos de mp4, relógios digitais e demais aparelhos eletrönicos têm exigido que os professores e demais funcionários redobrem a vigilância durante a aplicação de provas e testes. Uma das soluções encontradas é pedir que os estudantes guardem os aparelhos em sacos plasticos ou dentro das mochilas, ate o término da avaliação.

A internet ajuda na cola

A internet também tem sido fonte inesgotável de ideias para a prática da cola entre alunos. No site de relacionamentos orkut, diversas comunidades denominadas "Quem não cola, não sai da escola" servem como ponto de encontro para a troca de sugestões sobre a melhor maneira de colar em provas e trabalhos escolares. Outros sites chegam a liberar trabalhos inteiros já prontos para estudantes. A única coisa que o aluno precisa fazer é imprimir e entregar. Mas que eles não se iludam. Os professores também costumam consultar os mesmos sites para saber se os alunos fizeram uso de tal recurso.

"Já colei algumas vezes e sempre me dei bem. O problema é que, no bimestre seguinte, a matéria ficava ainda mais complicada e, quando não consegui colar porque o professor estava de olho, acabei tomando bomba e quase perdi o ano. De lá pra cá, tenho me esforçado mais para aprender o que eu não entendo tão bem", afirma Luiz Augusto dos Santos, aluno do primeiro ano do Ensino Médio.

Para Rogério Gonçalves, o grande fantasma da nota baixa é um dos grandes motivadores da cola. Para inibir, ou mesmo acabar com este costume entre alunos, as notas precisam ser desmitificadas, pois a maioria dos alunos costumam relacioná-las à aprovação ou reprovação. De acordo com o diretor, as notas são indicadores de aprendizagem, portanto notas baixas exigem uma reorientação do plano de estudos.

"Infelizmente, o 'fantasma da reprovação' acaba estimulando a cola. A visão geral tem que mudar. Sugiro um novo ditado, "quem cola pode até passar na escola, mas não passa em concursos públicos, militares e vestibulares", finaliza.

Os cinco alunos do colégio Vértice II (em São Paulo) ouvidos pela reportagem disseram que o professor é visto como uma pessoa muito próxima, mas não deixa de ser uma autoridade
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Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Fonte: O Dia
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