O que a USP planeja fazer com navio avaliado em R$ 9,3 milhões
Embarcação inaugurada em 2013, com capacidade para 12 pesquisadores e seis tripulantes, tem tido pouco uso na universidade
O Conselho Universitário da Universidade de São Paulo (USP) aprovou, durante reunião realizada nesta terça-feira, 26, a doação da embarcação Alpha Delphini, ligada ao Instituto Oceanográfico (IO), para a Marinha do Brasil.
Avaliado em R$ 9,3 milhões, o Alpha Delphini foi comprado pelo IO, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e inaugurado em agosto de 2013. O barco tem 27 metros de comprimento, pode transportar até 12 pesquisadores e seis tripulantes e tem autonomia para navegar por 10 a 15 dias.
"A embarcação estava subutilizada e com reduzida demanda de uso, com baixo número de pesquisas desenvolvidas", afirmou o diretor do instituto, Paulo Sumida. Além disso, o navio Alpha Crucis, inaugurado em 2012 e maior que o Alpha Delphini, permanecerá como navio principal do IO. A proposta para o protocolo de intenção de transferência do navio foi discutida e aprovada pela congregação do instituto.
A Marinha poderá usar o navio de várias formas, segundo Sumida: na sinalização e balizamento, para segurança da navegação e proteção de portos e terminais; em pesquisas oceanográficas e hidrográficas, apoiando instituições como a Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, universidades públicas federais e estaduais; em iniciativas conjuntas de política ambiental.
"Queremos que o Instituto Oceanográfico cresça e apresente novas propostas e projetos para aprimorar suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Temos apoiado as pesquisas na área de oceanos, com iniciativas como o Centro de Excelência em Inovação Oceânica e Tecnologias Transformadoras da Cátedra Unesco e o International Research Center Worlds in Transitions, do CNRS, que tem o tema como um dos sete pilares de pesquisa", afirmou o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior.
Parceria desde 1956
A parceria entre a USP e a Marinha do Brasil começou em 1956, quando a Força decidiu se associar a uma grande universidade para que suas pesquisas na área de ciência e tecnologia fossem conduzidas por uma instituição acadêmica civil. Esse acordo resultou na criação do primeiro curso de Engenharia Naval do Brasil, oferecido pela Escola Politécnica (Poli).
As pesquisas desenvolvidas em conjunto resultaram na incorporação de inovações por parte da Marinha e de empresas que atuam no setor naval ou na região oceânica. Entre os avanços estão o desenvolvimento do primeiro computador brasileiro, o Patinho Feio, ainda no começo da década de 1970; a evolução na área de construção de reatores e segurança nuclear; o avanço em automação e controle, com o desenvolvimento de inovações para fragatas e corvetas; e o conhecimento produzido pelo Tanque de Provas Numérico (TPN) e sua estrutura de simulação.
Durante a pandemia de covid-19, a Poli e o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo se uniram para desenvolver e fabricar o ventilador pulmonar Inspire. Em pouco mais de um ano, mil equipamentos foram produzidos e distribuídos para 219 cidades de 16 estados brasileiros, inclusive com o envio de 40 unidades para Manaus, no auge da crise sanitária que acometeu o Estado do Amazonas, em janeiro de 2021.