PUBLICIDADE

O Cosmo de William Shakespeare: a ausência do cânone

Há 450 anos, nascia William Shakespeare, um dos maiores nomes da literatura e da dramaturgia universal

23 abr 2014 - 18h38
(atualizado às 18h52)
Compartilhar
Exibir comentários
Os atores John Hemige e Henry Condell, amigos de Shakespeare, recolheram quase tudo que o autor produziu e publicaram o primeiro in-folio em 1623
Os atores John Hemige e Henry Condell, amigos de Shakespeare, recolheram quase tudo que o autor produziu e publicaram o primeiro in-folio em 1623
Foto: Wikimedia

Apesar de manter os cinco atos dos princípios clássicos, as peças de Shakespeare não obedeciam a nenhum cânone, não se prendiam a nenhuma concepção ou arquétipo, nem mesmo a uma regulamentação prévia. Conduziam-se, por assim dizer, ao sabor dos acontecimentos. O que tanto agradava aos trágicos franceses como Corneille e Racine, e aos demais puristas do teatro, ele simplesmente desconsiderava – Voltaire, apesar de reconhecer-lhe o gênio, abominava o desrespeito de Shakespeare exatamente por isso, por primar pela ausência dos conhecidos formalismos da tragédia.

O Cosmo de William Shakespeare: a época e a obra do gênio

Esforçava-se, sim, em retratar a vida em si, anárquica, temperamental, emotiva, sem uma lógica qualquer identificável, exercendo com isso um enorme efeito impactante sobre a sensibilidade das plateias e dos que as leem.

A liberdade temática de Shakespeare, de certa forma, explica sua versatilidade, se bem que muito condizente com a época, em não se prender a um gênero só. Transitou ele, com enorme desenvoltura e desembaraço, pela tragédia, pelo drama e pela comédia, por sobre suas constelações como se fosse uma espécie de Mercúrio, um deus sideral. Esta foi a razão dele ter sido "descoberto" pelos românticos europeus que o viram, em sua desordem e passionalismo, um precursor da batalha ideológica que travavam contra o neoclassicismo que imperava, absoluto, na estética do século 18.

Personagens imortais

Virtude outra do universalismo de Shakespeare foi a capacidade dele individualizar os personagens ao ponto de torná-los facilmente identificados, como os planetas o são no firmamento. Quem desconhece um Romeu? Quem não sabe quem foi Otelo? Ao esculpir imortais personalidades no palco, assinalou uma ruptura total com a Idade Média que não concebia a individualidade com um perfil definido, como uma singularidade irreproduzível e inédita, feita pelo Criador ou pela Natureza. Os personagens de Shakespeare são apresentados com perspectiva e multidimensão. Trabalhou o claro-escuro, como depois dele o fez o mestre barroco Caravaggio, fazendo da pena o seu pincel. Não só usou os recursos fortemente contrastantes dentro da mesma peça, alternando, de um ato para outro, momentos de escuridão e luz, como também nos gêneros, saltando da tragédia para uma hilariante comédia.

O mundo sombrio e por vezes terrífico em que situou suas histórias (Macbeth, Hamlet, Ricardo III) facilmente contrapõe-se aos das suas criações ligeiras e divertidas (Megera domada, As alegres comadres de Windsor, Sonhos de uma noite de Verão etc.). A superior versatilidade e o imenso talento dele fez com que captasse as várias e diversificadas nuanças da vida, simultaneamente (a dor e o riso, alegria e a tristeza, o humor e a fúria), bem como os mais variados desencontros que ela provoca.

Um cosmos pré-newtoniano

O Cosmos shakespeariano é pré-newtoniano. Os planetas ali, seus personagens, não circulam dentro de uma ordem preestabelecida, inteligível ou perceptível pela lógica matemática. Afinal, o renascimento mostrou o íntimo convívio da nascente paixão pela ciência (Copérnico, Kepler, Galileu) com o fascínio pela Magia Negra, pela alquimia, pelo ocultismo e pela astrologia (Giordano Bruno, o próprio Kepler, Picco Dela Mirandola, Paracelsus etc.). Aliás, pode-se ver que Próspero, a figura central de "The Tempest", é o retrato acabado do homem de gênio do Renascimento, com um pé nas artes mágicas e outro na ciência, um no charlatanismo e outro na seriedade: um Fausto!

Seus personagens são hierarquizados, uns são principais, outros absolutamente secundários, mas eles não têm compromissos com uma ordenação geométrica ou com a insinuação de uma lei física. É cosmo no sentido dele ter concebido um mundo todo, vasto, com infinitas possibilidades de realização. Ninguém sabe previamente, bem ao contrário da previsibilidade da tragédia clássica, o que acontecerá ao longo da encenação com os personagens que se apresentam. O cosmo dele assemelha-se, contraditoriamente, a um caos!

É problemático encontrar seu centro. Quem é o Sol do sistema shakespeariano? Não se trataram suas encenações de autos religiosos, onde Deus, Cristo ou a Igreja, ainda que fisicamente ausentes, nem figurados ou representados, assumem o centro oculto de tudo, o poder sobrenatural onipotente, ainda que encoberto. Muito menos se pode dizer que ele é ocupado por uma potência terrena como a Monarquia, por exemplo. Muitas das suas peças não se passam na corte, nem os soberanos são seus personagens obrigatórios ou mesmo dignificantes – o que dizer da vilania de um Ricardo III, da ingenuidade do Rei Lear, ou da traição de um Macbeth? Seria o público? Seria uma abstração do Homem, um antropocentrismo? Seria ousado demais dizer-se que ele prenuncia um relativismo de Einstein, para quem o centro inexiste?

Influência universal

Grande parte das peças mais conhecidas de Shakespeare foram traduzidas e representadas nos idiomas ocidentais, inclusive no Japão. Outras tantas foram filmadas (seguramente Hamlet foi a mais aproveitada, com mais de 50 versões feitas pelos mais diversos diretores, como Ingmar Bergman, em 1986), tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos, Alemanha, França, Rússia e Japão (Akira Kurosawa foi seu grande admirador, levando o King Lear às telas). Naturalmente que é difícil precisar o alcance literário dele, visto que grande parte dos escritores modernos o leu ou nele se inspirou.

Goethe divulgador de Shakespeare

Goethe, que foi seu grande divulgador na Alemanha do século 18, viu-o como uma força da natureza que, quase que premonitoriamente, teria antecipado o movimento Sturm und Drang, utilizou-o como um aríete na luta anticlassicista e anticanônica que então se travava nos cenáculos intelectuais da Alemanha. Shakespeare teria sido o primeiro dos românticos. Não apenas isso, o ambiente que cerca seu "Fausto", e em vários dos seus momentos, pode ser considerado uma recriação alemã dos cenários de Shakespeare (a presença das caveiras e dos espíritos, o contraste entre as aforas alegres do campo e o ambiente fechado, soturno, do quarto gótico do doutor Fausto, que tanto nos lembra o de Próspero; o episódio da Noite das Walpurgis que se assemelha ao encontro de Macbeth com as bruxas numa charneca etc.).

Shakespeare e a música

A ascendência de Shakespeare não se limitou às letras e à dramaturgia ou ao cinema. Beethoven, que foi seu leitor confesso, aspirando nas suas peças o temperamento inesperado e tonitruante, inspirou-se nele para a abertura do seu Coriolano (1807), como também tirou da última cena de Romeu e Julieta o motivo para o Opus 18, nº 1, enquanto que a leitura de The Tempest fez com ele idealizasse a sonata em Dó menor Opus 31, nº 2. A própria explosão sinfônica de Beethoven, equivalente musical da de Shakespeare, pode ser considerada como um radical rompimento com os cânones anteriores, os do neoclassicismo seguidos por Haydn e Mozart.

Machado e Shakespeare

No Brasil, Machado de Assis talvez tenha sido, entre os nossos principais homens de letras, o mais assumido dos shakespearianos, fazendo com que Bentinho, de Dom Casmurro, possa ser lido como uma versão tropical de Otelo. A própria revolta dos canjicas, um episódio menor de O Alienista, possivelmente lhe foi sugerida pela leitura da fracassada revolta de Jack Cage, relatada por Shakespeare no Henrique IV, e é bem explicita esta influência no introito ao conto A cartomante.

Principais obras de William Shakespeare (*)
Monumentum aëre perennius

1590 Péricles, príncipe de Tiro
1590-1 Henrique VI (1, 2, e 3ª partes)
1592 A comédia dos erros
1592 Trabalhos de amor perdidos
1593 O rei Ricardo II
1593 A tragédia do rei Ricardo III
1596 A megera Domada
1596 A tragédia de Romeu e Julieta
1597 O Mercador de Veneza
1597-8 O Rei Henrique IV (1 e 2ª parte)
1598 A vida e a morte do rei João
1599 A vida do rei Henrique V
1600 Muito ruído por nada
1600 Hamlet, príncipe da Dinamarca
1601 As alegres comadres de Windsor
1602 Troilo e Créssida
1603 O Rei Henrique VIII
1603 Medida por medida
1604 Otelo, o mouro de Veneza
1605 O Rei Lear
1606 A Tragédia de Macbeth
1607 Júlio César
1608 Antônio e Cleópatra
1610 Coriolano
1610 Timão de Atenas
1612 A Tempestade
(*) Shakespeare começou escrevendo aos 26 anos e parou aos 48, quando se retirou para Straford-on-Avon ao aposentar-se. No total, foram 36 peças entre tragédias, dramas, comédias e peças tragicômicas. Também foi autor de uma série de poemas e sonetos, sendo que o primeiro deles foi Vênus e Adonis, aparecido em 1593. Quem organizou a primeira lista da suas obras foi o mestre-escola Francis Meris na sua Palladis Tamia, de 1598.
Etapas da vida criativa de Shakespeare (*)
(ordem aproximada das composições)
Período Comédias Histórias Tragédias
1º período: da chegada de Shakespeare a Londres, em 1584 até sua participação na companhia Camerlengo, em 1594 Comédia de erros, A megera domada, Dois cavalheiros de Verona, Trabalhos de amor perdidos Henrique VI (partes 1, 2 e 3), Ricardo III, O Rei João, Vênus e Adónis e O Rapto de Lucrécia (poemas) Tito Andrônico
2º período: da entrada de Shakespeare na companhia Camerlengo, em 1594, até a inauguração do The Globe, em 1599 Sonhos de uma noite de Verão, O Mercador de Veneza, As alegras comadres de Windsor, Muito sobre nada, Como você gosta Ricardo II, Henrique IV (1 e 2ª partes) e Henrique V Romeu e Julieta
3º período: da abertura do The Globe, em 1599, até a inauguração do Blackfriars Theatre, em 1608. Troilo e Créssida, Medida por medida, Ao vosso gosto   Júlio César, Hamlet, Otelo, Timão de Atenas, Rei Lear, Macbeth, Antônio e Cleópatra, Coriolano
4º período: da inauguração do Blackfriars até o incêndio do The Globe, em 1613 Péricles, Cimbelino, Contos de Inverno, A Tempestade Henrique VIII  
(*) Essa classificação é um das muitas existentes. Está baseada na 1ª edição in-folio , de 1623, organizada pelos amigos do autor, pela dupla Hemige & Condell, e foi reproduzida por Peter Alexander na introdução feita ao The Complete Works de William Shakespeare (Ed. Collins, Londres, reimpressão de 1975).

O teatro Elisabetano

Shakespeare e a Companhia do Camerlengo construíram um teatro – o Globe Theatre – na margem esquerda do Rio Tâmisa, no chamado Bankside, logo após a Ponte da Torre de Londres, em 1599. As sessões só ocorriam durante a temporada de verão, pois o local não era coberto. Também as suspendiam quando havia algum surto de peste, o que ocorria frequentemente. Para ganhar a vida então, a companhia, partindo de Londres, fazia uma turnê pelo interior. Aliás, em Hamlet (ato III, cena II), Shakespeare faz referência a esse tipo de apresentação itinerante, de teatro ambulante, quando relata a chegada de um grupo de atores ao Castelo de Elsenor para uma encenação na Corte, mostrando-os, ainda que inconscientemente, decisivos na apuração do crime que vitimou o pai do príncipe.

Forma e dimensão

O Globe tinha a forma de um círculo – "Wooden O" – com um grande pátio interno onde cabiam de 500 a 600 pessoas que assistiam ao espetáculo a preços módicos. As arquibancadas estavam divididas em três andares erguidos ao redor do palco e acolhiam os mais aquinhoados. Calcula-se que comportava mais 1.500 espectadores, perfazendo uns 2 mil nos dias de casa lotada. Sua dimensão alcançava 92 metros e tinha 10 metros de altura. O primeiro Globe não durou muito, pois foi devorado por um incêndio em 1613, três anos antes da morte de Shakespeare, durante a encenação de Henrique VIII, quando uma fagulha do canhão saltou sobre o telhado de palha. Imagina-se que Shakespeare, já retirado para Stratford-on-Avon, aposentado, deveria ter voltado para auxiliar na recuperação do prédio.

O fechamento dos teatros

Em 1642, com o início da Revolução Puritana – que terminou decapitando o rei Carlos I, em 1649 –, todas as casas de espetáculo foram fechadas. Os puritanos não aceitavam as representações teatrais, considerando-as pecaminosas ou heréticas. Até a morte de Cromwell, em 1658, nada mais foi visto em Londres ou na Inglaterra. Somente com a restauração monárquica, quase 20 anos depois, com a volta dos Stuart ao poder, o rei Carlos II determinou a reabertura dos espetáculos. Mas o Globe não pôde gozar por muito tempo a liberdade recém-conquistada. Em 1666, um devastador incêndio arrasou com a cidade inteira, incinerando junto o teatro.

A reconstrução recente do Globe

Somente em agosto de 1996 concluiu-se a reconstrução do The Globe graças ao esforço do americano Sam Wanamaker, que mobilizou amplos setores da sociedade e do empresariado londrino, obtendo os recursos para o seu reerguimento mais ou menos no mesmo local do antigo teatro, com o nome Globe Shakespeare Theatre. Passaram-se 330 anos desde sua última apresentação.

Características das tragédias grega e elizabetana (*)
Grega Elizabetana

– via os acontecimentos dramáticos da vida humana na forma de mudança da fortuna que irrompia de fora ou de cima sobre o homem;

– o autor arranja a peça de tal forma que o caráter do personagem não desempenha papel decisivo;

– Édipo e Orestes não têm liberdade de ação, cumprem a fatalidade de um Destino previamente determinado;

– o meio em que as peças se inspiram é sempre o mesmo (os mitos conhecidos, a herança nacional dos helenos);

– é possível distinguir claramente entre o caráter natural da personagem e o destino que o aguarda;

– os personagens quase sempre são das famílias reais (os Atreus, os Labácidas, etc.);

– o círculo do herói limita-se ao familiar, à corte, ao palácio e suas vizinhanças;

– sua consciência esta limitada pela presença dos deuses que lhe impõe um Destino;

– a ação de Destino atinge, de um só golpe, apenas o herói e aqueles que são próximos;

– era culturalmente exclusivista: o circulo dos seus objetos eram limitados porque o público antigo só considerava a sua própria cultura como digna de consideração artística.

– é muito maior o papel desempenhado pelo caráter singular do herói como fonte do destino;

– Hamlet é Hamlet não em razão dos caprichos de um deus que o moveu para um destino trágico, mas porque essa era a essência dele;

– multiplicidade de temas, com notável liberdade de movimentos;

– o caráter é pré-formado pelas condições de nascimento e pela circunstância vitais;

– o mundo apresenta-se bem mais diversificado, tornando possíveis as combinações da fantasia;

– seus temas são os mais diversos, além da história nacional, inclui a romana, histórias fabulosas, novelas, contos de fadas etc.;

– graças às viagens de descobrimento que se sucedem pelo século 16, ocorre o apelo ao exotismo estrangeiro (aventuras na Itália, nas Américas, em Veneza etc.);

– cosmopolitismo cultural: consciência perspectiva em relação ao passado. O autor sabe-se herdeiro da cultura antiga. A realidade torna-se mais ampla, mais rica em possibilidades e ilimitada. Uma consciência mais livre abrange o mundo inteiro;

– as desgraças transcendem o herói e devastam toda a sociedade;

– o seu conceito é universal, é magico e polifônico;

– o destino humano é feito de harmonia e desarmonia. Mistura o sublime com o baixo, abre caminho para a tragédia individual. Busca as forças secretas da vida – não religiosa – os aspectos mágicos ou mesmo científicos que permeiam o mundo.

(*) Síntese feita a partir de Auerbach, Erich – Mimesis. Ed. Perspectiva: São Paulo; Ervine, John - Introduction in The Complete Works of W.S.; e Bloom, Harold - O Cânone Ocidental, Ed. Objetiva: São Paulo, 1995.
Aspectos mais gerais da dramaturgia de Shakespeare
Características Descrição
Dom natural Shakespeare tinha um dom natural para a imagística e para a musicalidade oral de uma maneira raramente encontrada em qualquer outro autor teatral
Ecletismo Todas as influências, do velho e do novo, encontravam-se e confundiam-se em completo ecletismo e a confusão do seu tempo conferira-lhe aquela universalidade
Classes Shakespeare experimentou o convívio interclassista. Foi abastado e pobre entre a infância e a adolescência. Mentalmente pertencia à gentry – a classe média educada – que circulava com desenvoltura em meio à nobreza, numa época em que as fronteiras entre ambas não eram rigidamente fixas. O mundo da boemia, por sua vez, serviu-lhe para o contato com figuras excêntricas e mesmo marginais.
Influências As Vidas dos varões ilustres, de Plutarco, transcrições de Ovídio (seu poeta favorito), Sêneca e Virgílio. A tradução que Chapman fez de Homero; Os Ensaios, de Montaigne; Crônicas sobre a história da Inglaterra, de Holinshed, Arcadia, de Sidney, e Rosalind, de Greene, as nouvelle ou contos italianos. Além de ter absorvido as técnicas de Marlowe e o gosto pela retórica adquirido de Lyly.
Fontes de inspiração Mitologia clássica, literatura clássica (Plauto, Ovídio e Plutarco), A Bíblia de Genebra, tradução de 1560, e lendas cristãs. Histórias nacionais e contos estrangeiros. E também as homílias da igreja anglicana preparadas pelo governo para afirmar a fidelidade dos fiéis à monarquia Tudor.
Conteúdo das peças Problemas do governo, os triunfos e o fracasso dos personagens históricos: o direito divino dos reis, o direito à rebelião e os direitos dos indivíduos; questões religiosas, aspirações nacionais, política exterior, filosofia humanista, indagações científicas e especulações metafísicas;

– captou a Renascença por osmose. Sua obra contém quase o mundo inteiro, capta inúmeros aspectos da humanidade e projeta a realidade para um plano mais amplo do que qualquer outro escritor, com exceção de Balzac e Tolstoi
Temas não abordados A revolta dos Países-Baixos contra a Espanha. O levante igualitário dos Anabatistas na Alemanha. A batalha pela liberdade religiosa na Europa. Não foi intolerante para com os católicos, a "antiga fé", mais foi sempre hostil aos puritanos que detestavam o teatro
Espírito prático Suas peças atendiam ao gosto do público e à inclinações do momento. Produzia qualquer gênero dramático, comédia, drama histórico, tragédia ou tragicomédia (romance)
Patriotismo Sua política é insular, a glória ou a prosperidade da Inglaterra são suas únicas preocupações, inclinando-se muitas vezes até certo chauvinismo;

– aceitava uma benevolente autocracia como a de Isabel I, não considerando o povo como fonte de governo, mas sim as instâncias divinas, superiores a todos;
Política social – Era-lhe indiferente a formação de uma ampla classe de destituídos, como resultou da política da enclosures adotada por Henrique VIII e outros anteriores a ele;

– era crítico no entanto em relação ao feudalismo;

– não tolerava a monarquia irresponsável ou incompetente. Preocupava-se com o governo estável. As usurpações e a corrupção faziam por fazer sofrer todo o povo;

– registra o impulso de auto-afirmação da classe média e sua relativa ascensão social no período elisabetano;

– a cura para a autocracia irresponsável é a rebelião, não do povo, mas dos fidalgos encarregados de restaurarem a ordem.
Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade