Erika Schneider diz que ‘leitura virou tortura’ quando morou na Alemanha: ‘Peguei nojo dos livros’
Ao Terra, ela contou que driblou o TDAH e, para se manter atualizada, já ouviu mais de 20 audiolivros
A dançarina Erika Schneider, de 34 anos, ganhou notoriedade nacional ao integrar o extinto Balé do Faustão. Atualmente, ela se destaca como musa da Mocidade Independente de Padre Miguel. Ao Terra, em fevereiro, ela confirmou que investe R$ 1 milhão para desfilar no carnaval.
- Esta entrevista faz parte da série Eu Indico!, em que famosos compartilham suas histórias com os livros.
No Instagram, ela soma mais de 4,2 milhões de seguidores. Por lá, a influenciadora costuma mostrar ensaios fotográficos, rotina de beleza, exercícios físicos e seus trabalhos com marcas.
Quem não a conhece pode pensar que ela é apenas um rostinho bonito em meio a tantos. Porém, ao Terra, ela confirmou que adora leitura, mas revelou que sempre enfrentou dificuldades para terminá-las. O diagnóstico de TDAH, o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, trouxe uma nova visão sobre isso.
A fim de se dedicar à leitura, mas com dificuldade para manter uma rotina ininterrupta — tanto pelo diagnóstico de TDAH quanto pelos compromissos profissionais —, a modelo resolveu driblar a condição crônica e adotar uma forma própria de consumo: os audiolivros. Foi assim, munida de seu celular e de fones de ouvido, que ela desbravou mais de 20 títulos disponíveis em plataformas de streaming.
“Eu não gosto muito de comentar porque virou um pouco modinha dizer que tem TDAH, mas eu realmente tenho e acredito que, assim como a depressão, é o problema do século. Hoje em dia, todo mundo é bombardeado com notícias e informações a todo momento. Essas informações são consumidas cada vez de forma mais rápida, e nosso cérebro se acostuma”, disse ela, fazendo crítica ao algoritmo das redes.
Erika Schneider diz que ainda está se acostumando com essa questão do TDAH. Para ajudar na dificuldade de concentração, ela costuma ouvir seus títulos com a mente limpa, ou seja, na hora do almoço, do café ou da academia. Com intuito de progredir, ela chegou a comprar um Kindle, aparelho que possibilita baixar e comprar livros da Amazon. A ideia é, em algum momento, migrar dos audiolivros para os livros físicos.
“Passou de cinco minutos? Meu cérebro desfoca. Como eu tenho essa dificuldade de manter a atenção, comecei a ouvir livros em plataformas de streaming; já ouvi mais de 20. Recentemente, até comprei um Kindle. Comprei porque estava me sentindo muito burra. Falei: ‘Gente, preciso ler mais’. Para mim, considero importante estar atualizada”.
Erika Schneider: ‘A leitura virou uma tortura na Alemanha’
Na juventude, Erika Schneider morou na Alemanha. Por lá, ela terminou seus estudos e deu continuidade à carreira de modelo. No trabalho, não enfrentou resistência, mas nos estudos diz que foi difícil. Apesar de, no Brasil, ser considerada avançada na leitura e interpretação de texto, na Alemanha, a realidade foi outra.
“Eu aprendi a ler aqui no Brasil e tive muita facilidade. Lembro que minha mãe sempre falou que aprendi rápido. Além disso, as crianças começam escrevendo com letra de forma, enquanto eu já conseguia escrever com letra cursiva. Minha mãe sempre incentivou muito a gente a ler, estudar e escrever. As coisas ficaram difíceis quando mudei de país”.
Na Alemanha, Erika passou por um dos períodos mais sombrios de sua vida. Sem o suporte familiar dos pais e da família, ela teve que batalhar por si mesma em um momento psicológico delicado. Em meio a esse turbilhão pessoal, a modelo também teve que lidar com as dificuldades no ambiente escolar.
“Eu tinha um pouco de dificuldade. Lembro que, na época, a gente tinha análise de texto [na escola], e eu tinha muita dificuldade de fazer a leitura do livro e a interpretação. Era bem difícil. Nessa época, a leitura virou um pouco de tortura na minha vida porque eu estava em outro país, né, estudando em uma língua que não era minha língua materna. Eu sofri muito; por um tempo, cheguei a pegar nojo de livro [físico]. Acho que por isso acabei nos áudios”.
Na fase adulta, principalmente após seu diagnóstico, a musa começou a ressignificar seu sentimento em relação aos livros. Já no Brasil, de forma gradual, ela passou a ouvir podcasts, depois audiolivros e, agora, a ideia é migrar para os digitais com seu Kindle, chegando finalmente aos físicos.
Há alguns meses, ela celebrou seu aniversário na Europa. Por lá, visitou a Livraria Bertrand, considerada a mais antiga de Portugal. No local, teve acesso a alguns títulos que já colocou em sua lista de audiolivros.
“Comecei esse processo porque você começa a sentir falta de estímulo. De exercitar, sabe? De aprender coisas novas, de ver conteúdos diferentes. Ficar preso à internet não é tão bom quanto parece. É importante consumir literatura, mesmo que em áudio. Aí comecei com podcasts até chegar nos audiolivros”, disse ela, citando que seu título favorito, até o momento, foi O Perfume, de Patrick Süskind.