Recém-contratada descobre câncer durante período de experiência, é efetivada e, agora, comemora reemissão
Mariana Fernandes cita 'medo da morte' e dois dias de choro, mas relata ter avançado no tratamento com o apoio da família e da empresa
Uma supervisora comercial de Santos, diagnosticada com câncer de mama durante o período de experiência em uma nova empresa, recebeu apoio essencial da organização para seu tratamento e foi efetivada após sua recuperação.
Prestes a ser efetivada em uma empresa de Santos, no litoral de São Paulo, uma supervisora comercial descobriu que estava com câncer de mama. Mariana Fernandes Silva Soares mal havia começado o novo desafio profissional e passou a ter que lutar pela própria vida. O novo desafio foi superado com o tratamento e também com o apoio de colegas e gestores. Atualmente, ela celebra a consolidação do cargo e a remissão da doença.
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Ao Terra, a profissional de 42 anos conta que começou a trabalhar na Carpo Logistics em abril de 2022 e, em junho, descobriu um carcinoma triplo negativo. Ela havia acabado de fazer exames de rotina e nenhum deles apontou qualquer problema, mas ao sentir uma ‘coceirinha’ no peito, viu que havia uma bolinha e decidiu investigar a fundo.
Foi a biópsia que apontou o tipo de câncer. “Na hora que eu recebi a notícia, comecei a chorar. A primeira coisa que eu pensei foi nos meus filhos, porque, enquanto você não sabe, não tem informação, acha que está recebendo o diagnóstico de morte. Eu falo que o câncer não é diagnóstico de morte. É diagnóstico de luta”, relembra.
Mariana se deu dois dias para chorar “com medo da morte” e do que poderia acontecer, mas depois foi lutar e buscar tratamento. Depois de mais de 50 exames, iniciou as quimioterapias em agosto, passando por 12 ciclos semanais, seguidos de mais quatro ciclos a cada 21 dias.
Apoio da empresa
Mariana começou a ter queda de cabelo já na segunda sessão da medicação e os sintomas do tratamento vieram logo em seguida. Até esse momento, ela seguia trabalhando, porque estava preocupada com as questões financeiras, mas com fraqueza e fadiga, precisou se ausentar.
“Meu diretor comercial me chamou na época e falou assim: ‘Mari, eu acho que agora tá na hora de parar’. E ele foi muito providente, porque viu que eu tava assim, vinha com esforço, por dedicação. Não tinha condições, eu tinha que parar e cuidar da minha saúde mesmo”, explica.
Ela conta que até o RH da empresa deu suporte, frisando que eles iriam apoiá-la no que precisasse e garantiram que ela teria emprego quando voltasse da licença. “Eles foram muito parceiros durante todo o tratamento, me deixaram até permanecer com alguns benefícios até o final do ano, o que me ajudou bastante”, conta. Então, além do apoio dos familiares e amigos, também podia contar com o suporte empresarial.
Em fevereiro de 2023, ela realizou a quadrantectomia, a cirurgia que remove o tumor preservando a maior parte do tecido mamário, e, em maio do mesmo ano, foi submetida à radioterapia para reduzir o risco de recorrência da doença. E, finalmente, o câncer entrou em remissão. No último dia 11, ela retirou o cateter após quase três anos.
Na contramão
Em 2021, uma pesquisa do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) apontou que 40% das mulheres não retornam ao trabalho após dois anos do diagnóstico de câncer de mama no Brasil. Um dos fatores é o ambiente laboral pouco acolhedor e inclusivo.
Não foi o caso de Mariana. Ela afirma que o apoio foi fundamental para seu retorno ao trabalho em julho de 2023. O diretor comercial da Carpo, Leandro Labatut, frisa que a empresa se preocupou com a real necessidade dela desde o começo do tratamento e prestou o suporte necessário.
“Além dos trâmites administrativos, sempre a respaldamos para iniciar a jornada de cura com a segurança e a tranquilidade de que o seu trabalho não seria afetado. Fizemos o máximo para integrarmos a sua rede de apoio. O retorno dela foi muito bom, ficamos muito felizes por ela estar bem de saúde e pronta para voltar ao trabalho. A equipe foi muito receptiva e compreensiva, para que ela tivesse a melhor adaptação possível à nova rotina. Nunca com olhar de pena, mas sim com o objetivo de somar para fazer acontecer”, explica.
A empresa também garantiu o respaldo no acompanhamento que precisa fazer a partir de agora, para que ela saia durante o horário laboral sempre que necessário, para a realização de exames e consultas médicas.
“Eu falo que o pós-câncer é tão desafiador quanto o câncer, porque é uma adaptação, o seu corpo está em outro ritmo, tem essa questão de memória, de foco, de atenção, que é muito prejudicado por conta do tratamento mesmo. Mas me acolheram superbem [...] tem hora que eu não consigo me lembrar, preciso realmente anotar, é bem desafiador por tudo que a gente passou, mas as pessoas me acolheram superbem. Sou muito feliz, eu acho que Deus sabia porque eu tinha que ir para cá”, finaliza.