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F.R.R. tem 16 anos e foi uma
das vítimas de abuso sexual atendidas este
mês no SOS Criança de São Paulo.
O crime ocorreu no ano passado, quando ela foi morar
com o pai, desempregado, em Artur Alvim, zona leste.
"No começo, não tive problemas,
mas um dia meu pai contou que Ló tinha mantido
relações sexuais com as duas filhas
para não acabar com a geração",
conta F., referindo-se à história narrada
na Bíblia do homem que cometeu incesto. "Achei
estranho ele dizer isso e perguntei se tinha coragem
de fazer o mesmo com as filhas", relata. "Ele
disse que não, mas, na virada do ano, transou
comigo."
De acordo com F., o problema já tinha ocorrido
antes em sua família, quando o pai tentou violentar
o filho de 4 anos, hoje com 20. "Na época,
minha mãe o denunciou e ele foi preso."
Depois de abusar de F., o pai a levou de volta para
a casa da mãe, em Santo André. "Contei
o que aconteceu para a segunda mulher dele, mas ela
não fez nada, não denunciou", diz.
"Para a minha mãe, meu pai disse que eu
concordei com ele e, só depois de me bater,
ela acreditou que era tudo mentira."
Alguns meses depois, mais problemas. A mãe
de F., que trabalha como ambulante, a expulsou de
casa. Motivo: descobriu que a filha mantinha relações
com seu namorado, de 40 anos. "Mas foi por minha
vontade", garante a adolescente.
F. vive hoje num abrigo em Santa Cecília,
mas quer voltar a viver com a mãe.
"Eu vou mostrar que mudei, que estou estudando."
Do pai, diz que sente um pouco de raiva. "Queria
que ele pagasse pelo que fez."
Redação
Terra / O Estado de S. Paulo
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